Evangelho de quinta-feira: instruções para a viagem

Comentário da quinta-feira da 4ª semana do Tempo Comum. “Jesus chamou os doze, e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho”. Para ser testemunhas de Jesus, poucas coisas são necessárias: um coração livre, a família da Igreja e a ajuda de Deus.

Evangelho (Mc 6,7-13)

Jesus chamou os doze, e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas.

E Jesus disse ainda: “Quando entrardes numa casa, ficai ali até vossa partida. Se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!”

Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo.


Comentário

Os apóstolos são literalmente os “enviados”, que foram escolhidos por Deus para levar a boa nova ao mundo inteiro. No Evangelho de hoje encontramos as instruções para o caminho, uma palavra que indica não apenas o percurso de uma viagem, mas também a experiência de seguir Jesus.

A primeira regra que o Mestre nos dá é ir “dois a dois”. A fé não é individual, mas um patrimônio da Igreja: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome
eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20). Desde os primeiros séculos até hoje, o apostolado cristão sempre foi compartilhado, como os missionários em terras distantes, que nunca vão sozinhos.

Em segundo lugar, é importante “não levar nada para o caminho”, nem comida, nem bebida, nem dinheiro. Isto indica a liberdade da entrega que nos permite cumprir a vontade de Deus: “Para chegar a Deus, Cristo é o caminho. Mas Cristo está na Cruz; e, para subir à Cruz, é preciso ter o coração livre, desprendido das coisas da terra” (São Josemaría, Via Sacra, n. 10).

A única coisa que um discípulo de Jesus tem que carregar é um cajado, um lembrete do apoio e proteção de Deus: “Nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança” (Sl 23,4).

As instruções exigem confiança, tanto em Deus quanto no próximo, e pressupõem a prática da hospitalidade e do apoio característico das primeiras comunidades cristãs. Durante a sua missão em uma área, os discípulos encontravam hospitalidade em famílias que forneciam tudo o que precisavam “porque o trabalhador merece o seu salário” (Lc 10,7).

Como os primeiros apóstolos, os cristãos de hoje também precisam de poucas coisas para seguir o Senhor: um coração livre, a família da Igreja e a ajuda de Deus.

Giovanni Vassallo // Sguler - Getty Images Signature