Chamou Jesus a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la. Com efeito, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? E o que poderia o homem dar em troca da própria vida? Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai com seus santos anjos”.
Disse-lhes Jesus: “Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão, não morrerão sem antes terem visto o Reino de Deus chegar com poder”.
Comentário
No Evangelho de hoje, Jesus recorda-nos que devemos procurar o que realmente dá sentido às nossas vidas e ações. São Josemaria escreveu: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma? Que aproveita ao homem tudo o que povoa a terra, todas as ambições da inteligência e da vontade? Que aproveita ao homem tudo o que povoa a terra, todas as ambições da inteligência e da vontade? Que vale tudo isso, se tudo acaba, se tudo se afunda, se são bambolinas de teatro todas as riquezas deste mundo terreno, se depois é a eternidade para sempre, para sempre, para sempre? (...). Mentem os homens, quando dizem ‘para sempre’ em coisas temporais. Só é verdade, com uma verdade total, o ‘para sempre’ referido a Deus. E assim deves tu viver, com uma fé que te ajude a sentir sabores de mel, doçuras de céu, ao pensares na eternidade, que é, de verdade, para sempre”[1].
Muitas pessoas percorrem os caminhos da vida sem considerar o seu destino eterno. Muitas outras coisas ocupam o seu tempo, sem se interrogarem sobre as questões mais importantes da vida. Tu e eu podemos vaguear pela vida sem uma direção clara, entretidos com uma multiplicidade de tarefas. Todos os cristãos devem fazer um esforço por conhecer a dignidade a que Deus os chama, a felicidade sem fim a que Deus nos chama. Não podemos caminhar pela vida indiferentes à nossa verdade mais profunda.
É por isso que a oração se apresenta como uma ferramenta fundamental para parar e falar com Deus, frente a frente. Nela dirigimos as nossas ações para o fim último, mas também para ajudar tantas pessoas que andam como caminhantes vagueando por este mundo. Como cristãos, somos chamados a despertar a consciência das pessoas, a mostrar-lhes a alegria maior a que foram chamados.
O fim de qualquer ser humano é alcançar a felicidade. Mas não se consegue a felicidade quando se procura sempre o que for mais cômodo e apetecível, mas sim quando se ama decididamente, mesmo que o amor implique sacrifício. “O que é preciso para conseguir a felicidade não é uma vida cômoda, mas um coração enamorado”[2], dizia São Josemaria. “É por isso que gosto de pedir a Jesus, para mim: Senhor, nenhum dia sem cruz! Assim, com a graça divina, reforçar-se-á o nosso caráter, e serviremos de apoio ao nosso Deus, a despeito das nossas misérias pessoais”[3].
[1] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 200.
[2] São Josemaria, Sulco, n. 795.
[3] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 216.