Quarta-feira: o valor do perdão

Quarta-feira da 6ª semana do Tempo Comum. “Então Jesus colocou de novo as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez”. Quando nos aproximamos da Confissão, vemos a realidade mais claramente. Mostra a ferida! Para que te curem a fundo.

Naquele tempo: Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele.

Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, colocou as mãos sobre ele, e perguntou: Estás vendo alguma coisa?

O homem levantou os olhos e disse: Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam.

Então Jesus colocou de novo as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez.

Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: Não entres no povoado!


Comentário

O Evangelho de hoje coloca Jesus e os seus discípulos em Betsaida. A cidade da qual Jesus disse: “Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se os milagres realizados entre vós, tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia, há muito se teriam convertido, vestindo-se de saco e com cinza” (Mt 11, 21). Betsaida era a pátria de Filipe, André e Pedro. Ali muitos milagres tinham sido realizados e muitas palavras de vida eterna tinham sido ouvidas.

As ações de Cristo para devolver a vista a este cego estão carregadas de simbolismo. Em outro momento do Evangelho, Jesus cura um cego de nascença. Mistura saliva com terra. Este gesto recorda a passagem do livro do Gênesis onde se narra a criação do homem como uma figura de barro à qual o sopro de Deus infunde a vida (Gn 2, 7). Jesus, ao curar este homem, está realizando uma nova criação. O cego não só recuperou a vista, como é chamado por Jesus para começar uma nova vida.

Ao longo do Evangelho, Jesus dá prioridade aos milagres interiores sobre os milagres exteriores. Valoriza mais o perdão dos pecados do que a cura de uma doença. É impressionante como Jesus não quer divulgar o milagre e convida o homem, após a cura, a não passar pela aldeia. Ele não quer chamar a atenção para si, quer a nossa conversão pessoal. Também nós precisamos de cura interior, de purificação das nossas almas.

Quando vamos à Confissão, Deus cura as nossas feridas, limpamos as nossas almas dos nossos pecados. E depois vemos as coisas mais claramente. São Josemaria dizia: “Se alguma vez caíres, filho, acode prontamente à Confissão e à direção espiritual: mostra a ferida!, para que te curem a fundo, para que te tirem todas as possibilidades de infecção, mesmo que te doa como numa operação cirúrgica”[1].

[1] São Josemaria, Forja, n. 192.

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