Uma aposentadoria frutuosa

Ao se aposentar, Joy e Tony Tañada encontraram na agricultura, na administração agrícola e na vida rural um mundo de beleza, simplicidade e produtividade.

O início da “Quarentena Comunitária Reforçada” da pandemia do Covid-19 em março de 2020, encontrou Joy Tañada e seu marido Tony em sua propriedade rural em San Juan, Batangas nas Filipinas. Eles acharam que descansariam por lá por umas duas semanas. Mas as semanas se transformaram em meses, em um ano inteiro... e lá estão até hoje!

A propriedade em Batangas tornou-se agora residência. Joy administra a fazenda em tempo integral. Tony, que passou por uma cirurgia de ponte de safena em 2017, é “semi aposentado” e ajuda, no que se tornou uma atividade agrícola sustentável e crescente.

A história de aposentadoria dos Tañadas começou em 1992. Ambos estavam imersos no ritmo acelerado mundo coorporativo financeiro em Metro Manila. Com suas economias, compraram uma propriedade rural próxima da capital. A ideia, era simplesmente ter um local para passar o final de semana com a família.

Ocupados depois da aposentadoria.

Joy se aposentou do seu trabalho em uma ONG em dezembro de 2017. Ela lembra de ter então perguntado a São Josemaria Escrivá: “O senhor vai me mostrar o que devo fazer a seguir?” E ouviu sua clara resposta: “Apenas faça o que está diante de você”. Ela acatou essa inspiração. Mesmo antes da sua aposentadoria, começou a ler sobre agricultura e tecnologia agropecuária. Depois, participou de webinars, fez pesquisa online, assistiu vídeos online e se dedicou ao que seria seu novo trabalho.

A sua pesquisa lhe mostrou que a sua propriedade era ideal para o cultivo de vegetais de várzea, como abóbora, tomate, berinjela, pepino, cabaça, quiabo, mamão, e outros vegetais típicos das Filipinas.

2018 foi o ano em que começaram a limpar a propriedade.

Os Tañadas encontraram mão de obra entre seus vizinhos. Criaram empregos contratando de 7 a 8 pessoas para o período do plantio e mais 14 para o de colheita. Logo estariam atuando no setor de cultivo de vegetais.

Many e Jenny são os cuidadores da fazenda. Eles têm três filhos.

Quando os negócios aumentaram, os Tañadas pediram para Many se mudar para a fazenda com a família. Ele ficou muito feliz por agora ter uma moradia digna. Sua esposa Jenny cuida dos filhos, de 3, 5 e 7 anos, e também do jardim e da estufa.

Gerando renda no campo

As áreas rurais nas Filipinas permaneceram pobres e os Tañadas queriam contribuir, de alguma maneira, para minimizar os 9,67% de pobreza em Batangas, comparados aos 7,81% da capital nacional.

Encontraram um ótimo mercado no distrito empresarial de Makati, onde empresas compram vegetais em grande quantidade para os seus funcionários. As associações de moradores em Metro Manila rapidamente se tornaram clientes. Os negócios continuaram a aumentar graças à divulgação boca a boca. Agora trabalham bastante para atender a demanda.

Outras famílias de proprietários rurais na cidade viram nas atividades dos Tañadas um exemplo para também criarem a sua própria renda. E também começaram a plantar, colher, negociar, vender e ter sua renda a partir do cultivo das suas terras. Isso foi uma inovação na região. O mercado da cidade agora tem garantido o fornecimento de frutas e vegetais.

Desafios e crescimento

Em setembro de 2021, a variante Delta fez explodir as atividades nas bancas de frutas. Para a segurança dos agricultores e de todos na comunidade, a movimentação de pessoas nas fazendas foi restringida. As entregas a Manila foram interrompidas.

Os Tañadas viram em primeira mão, como as famílias dos lavradores que recebiam por dia de trabalho sofreram com a redução de renda. Eles assumiram o risco de pagar-lhes integralmente.

Exploraram outras fontes de ganhos. Uma vez que transporte e viagem estavam restritos, venderam seus produtos a preço de atacado para os mercados da cidade. Começaram a plantar flores e descobriram que esse mercado era bom. As vendas ajudaram a cobrir as despesas. “Vendemos bem nossas flores no último Valentine´s Day”, compartilhou Joy.

Simplicidade e espiritualidade

Viver de agricultura é um universo de riscos. “Às vezes você tem que enfrentar o clima ou as pestes” explica Joy. É possível aprender a superar muitos desafios imprevistos, especialmente em tempos de pandemia. Os Tañadas descobriram como os homens do campo têm uma visão de fé ao se depararem com essas situações. Sua forte confiança no “Deus que provê” em meio a desastres naturais como tufões que destroem plantações, os faz dizer “Bahalana!” (“Deixe estar” em Tagalog, sua língua nativa, que se origina de “Deixe aos cuidados de Deus”). Essa não é uma expressão de resignação. Ao contrário, eles estão dizendo “Seja feita a Vossa vontade”. Esse tipo de piedade simples é o que continua impressionando Joy e Tony.

Os Tañadas viram que as pessoas têm fome de doutrina e direcionamento. Por todos esses anos, eles orientaram casais que queriam receber o sacramento do matrimônio na Igreja e batizar os seus filhos.

Ensinando às novas gerações o valor da agricultura. Tony Tañada à direita.

Estabelecer contato com as pessoas, trabalhadores rurais, revendedores e compradores, é o que Joy considera mais realizador na vida rural. “É o engajamento com muitas pessoas que permite a troca de ideias e sentimentos a respeito da vida de família, valores humanos e vida cristã”, ela compartilha. “A aposentadoria numa área rural nos abriu os olhos para a beleza e simplicidade de Deus nas pessoas que encontramos”, diz Joy.

Novos horizontes

A Fazenda Samuzon oferece possibilidades além do cultivo de flores, frutas e vegetais. Joy nos diz que eles esperam que a propriedade se torne “um centro de agro turismo onde famílias urbanas possam vir e desfrutar da vida rural e aprender sobre tecnologias agrícolas”.

Joy na fazenda (a direita) e sua filha (a esquerda) com uma colheita recém feita pronta para entrega.

“A aposentadoria acelerou a realização de trabalharmos com os sonhos que Deus plantou em nossos corações,” diz Joy.

Admirando uma noite na fazenda, com inocente surpresa, ela comentou: “Há tantas estrelas no céu!”

Quem poderia imaginar que admirar as estrelas mais uma vez após a aposentadoria os levaria a descobrir na vida rural novas maravilhas divinas e humanas?

Michelle C. Salon