Livro disponível na Editora Rialp e na Amazon.
Em 14 de fevereiro de 1930, Josemaria Escrivá entendeu que a fundação que começara em 1928, inicialmente só para homens, devia estender-se também às mulheres. Começou imediatamente a trabalhar nesse sentido, mas a tarefa não foi fácil, pois só conseguiu algo estável na terceira tentativa, já nos anos 40: o primeiro centro feminino na história da Obra abriu em Madri em 16 de julho de 1942.
O título do livro refere-se precisamente a isto: ao fato de que o trabalho apostólico com mulheres não estava na mente do fundador do Opus Dei até o momento em que Deus fez que ele visse.
Mercedes Montero e Inma Alva, autoras do novo livro, são pesquisadoras do Istituto Storico San Josemaría Escrivá. As duas são também professoras da Universidade de Navarra, razão pela qual a primeira apresentação do livro ocorreu ali, seguida de algumas perguntas, a que as autoras responderam.
O que fez o fundador do Opus Dei mudar de ideia em 1930?
Foi uma luz de Deus, pela qual compreendeu que as mulheres também tinham que fazer parte do Opus Dei.
O fundador do Opus Dei era um homem do seu tempo, que via as coisas como os homens do seu tempo, e por isso, no princípio não pensou nas mulheres. Mas quando Deus lhe fez ver que também havia lugar para elas, São Josemaria foi além das pessoas da sua época, projetando a sua missão.
QUANDO DEUS LHE FEZ VER QUE TAMBÉM HAVIA Lugar PARA ELAS, São JOSEMARIA foi além das pessoas da sua época, projetando A SUA MISSÃO
Quais foram os principais obstáculos que São Josemaria teve de ultrapassar para desenvolver o seu trabalho com as mulheres?
Era um padre muito jovem e, logicamente, relutante a passar horas trabalhando de perto com mulheres jovens para dar-lhes formação, porque queria ser fiel à sua vocação. Por isso, decidiu confiar esta tarefa ao padre Norberto, outro sacerdote amigo que era muito mais velho. Mas o tempo mostrou que Norberto não tinha compreendido a natureza secular do Opus Dei, e acabou transmitindo-lhes uma mensagem mais parecida com o espírito de uma ordem religiosa.
De onde provinham essas mulheres que se iam aproximando do Opus Dei?
Algumas eram irmãs ou conhecidas dos primeiros membros do Opus Dei. São Josemaria foi conhecendo outras no confessionário de Santa Isabel, no Hospital de la Princesa, durante retiros espirituais que pregava de vez em quando, ou pelo boca a boca de pessoas conhecidas.
Quem foram as primeiras mulheres a incorporar-se ao Opus Dei e o que faziam?
Algumas tinham curso universitário, como Guadalupe Ortiz de Landázuri, María Jesús Hereza, María Jesús López Areal, as irmãs Esther, Gloria e Lourdes Toranzo; outras eram secretárias em empresas, como Raquel Botella e Dorita Calvo; e outras tinham sido enfermeiras durante a guerra civil, como Encarnita Ortega e Nisa Guzmán.
Que mais se pode destacar nelas?
A sua fé inabalável em Deus e a confiança que tinham no fundador do Opus Dei.
E como foram esses primeiros 20 anos de caminho no Opus Dei?
Sem dúvida elas souberam pôr de lado os seus interesses pessoais e viver apenas para levar para a frente o Opus Dei, porque compreenderam que era uma intervenção de Deus na história.
ELAS SOUBERAM PÔR DE LADO OS SEUS INTERESSES PESSOAIS E VIVER APENAS PARA LEVAR PARA A FRENTE O OPUS DEI
São Josemaria abriu uma residência universitária entre as primeiras atividades apostólicas corporativas das mulheres no Opus Dei, numa época em que as mulheres representavam 14% dos estudantes universitários, e em que apenas 8% trabalhavam fora de casa. Porque acha que fez isso?
Porque era claro para ele que as mulheres e os homens do Opus Dei teriam a mesma missão apostólica, e tinha começado o Opus Dei com uma residência universitária masculina. Por outro lado, o movimento de entrada das mulheres na universidade era imparável, e São Josemaria era bom observador.
A que outras atividades e tarefas se dedicaram?
As tarefas em que se envolveram para realizar o Opus Dei foram variadas e inovadoras, tendo em conta o papel da mulher na sociedade da época, como a criação da editora Minerva ou a gestão da residência universitária Zurbarán. A mensagem do Opus Dei abria-lhes horizontes de trabalho e de apostolado que as levava mais longe do que uma mulher nos anos 40 podia imaginar.
E que podemos nós aprender com elas?
A ter muito senso comum e sentido sobrenatural.