Trabalhos sem brilho

Dizem que é preciso santificar o trabalho de cada dia. Posso entender isso no caso de um médico, um escritor ou um professor. Mas como pode santificar o trabalho um leiteiro, um operário que aperta parafusos numa linha de montagem, ou um mecânico?

E como se trabalha como carpinteiro durante anos sendo o Filho de Deus, o Redentor? Jesus o fez, e o fez muito bem: é uma das coisas que o Evangelho testemunha com clareza. Comove-me pensar em um Deus "que durante anos esteve apertando parafusos", como você disse. Sob esta luz, o Bem-aventurado Josemaría ensinava que, diante de Deus, não há trabalhos importantes e trabalhos insignificantes: a categoria divina de um trabalho não se mede com parâmetros puramente humanos. O seu valor depende do amor que ponhamos: terá um valor eterno se o vivermos como filhos de Deus. Falando em termos humanos, se os parafusos não estiverem bem apertados, toda a estrutura se desmonta.

"TRACCE", Itália, 02/1997.