"Suscitai sonhos", diz o Papa aos artistas

O Papa Bento XVI reuniu-se com 260 artistas de todo o mundo, entre eles um brasileiro, para convidá-los a se sentirem urgentemente responsáveis pela transmissão da beleza.

Recordando os 10 anos da Carta aos Artistas de João Paulo II, o Papa se reuniu com 260 artistas de diversos ramos da arte.

O Papa Bento XVI convidou os artistas a transmitirem "a autêntica beleza que leva o coração humano ao desejo profundo de conhecer, de amar, de ir até ao outro".

"Vós sois guardiães da beleza. Tendes, graças ao vosso talento, a possibilidade de falar ao coração da humanidade, de tocar a sensibilidade individual e coletiva, de suscitar sonhos e esperanças, de ampliar os horizontes do conhecimento e do compromisso humano", comentou Bento XVI.

"Estai, portanto, agradecidos pelos dons recebidos e sede plenamente conhecedores da grande responsabilidade de comunicar a beleza, de vos fazerdes comunicar na beleza e através da beleza. Sede também vós, através da vossa arte, anunciadores e testemunhas de esperança para a humanidade!", acrescentou.

Contra a escravidão do egoísmo

"Demasiadas vezes, a beleza de que se faz propaganda é ilusória e falaz, superficial e deslumbrante até ao aturdimento e, em vez de fazer sair os homens de si mesmos e de lhes abrir horizontes de verdadeira liberdade atraindo-os para o alto, aprisiona-os em si próprios e torna-os ainda mais escravos, com falta de esperança e de alegria", afirmou o Papa.

"Trata-se de una sedutora mas hipócrita beleza, que aviva a ânsia, a vontade de poder, de posse, de abuso sobre o outro e que se transforma, logo a seguir, no seu oposto, assumindo a expressão da obscenidade, da transgressão ou da provocação", acrescentou.

Segundo Bento XVI, não era por acaso que o encontro tivesse ocorrido na Capela Sistina, "um lugar precioso" no qual o gênio renascentista Miguel Ângelo deixou "uma das criações mais extraordinárias de toda a história da arte".

Álvaro Siviero, pianista brasileiro que fez parte do evento, disse que “as palavras do Papa hoje foram as palavras que nós artistas precisamos escutar uma, duas, três vezes, sempre. Porque temos a tendência de esquecer que a beleza das coisas que os artistas criamos, no meu caso a música, é somente um reflexo muito pequeno, quase nada, de uma beleza maior”.