“Sentia que me faltava alguma coisa”

Joana é gestora e mãe de 4 filhos. Faltava-lhe o tempo para Deus e para formar-se e ajudar a equipa da sua filha nas Equipas de Nossa Senhora. Surpreendeu-a a felicidade autêntica da Dina, que já fazia parte da família e tinha cancro.

Estudou no Liceu Francês e mais tarde na Universidade Católica Portuguesa. Em 1998 começou o seu percurso profissional como gestora e hoje trabalha numa consultora de tecnologias de informação. “A vida estava toda bem, mas faltava-me sempre qualquer coisa, não sei bem o quê”. Joana considera que teve um percurso na fé normalíssimo: “fiz tudo aquilo que tinha que fazer, com as idades que tinha que fazer: cumpríamos com as regras”.

“A vida estava toda bem, mas faltava-me sempre qualquer coisa, não sei bem o quê”

Mas parecia que faltava sempre alguma coisa, “aquele tempo de ligação”, aquele espaço a sós com Deus para rezar e olhar para a minha em 3D. “Às vezes as pessoas perguntavam: 'Andas triste? E eu dizia: sim'. Eu sentia-me verdadeiramente triste”. Sabia que tinha recebido o dom da fé e “estava chateada comigo própria porque até certo ponto parece que me sentia uma ingrata”.

Um primo sacerdote e uma filha nas Equipas de Nossa Senhora

Em 2010 um dos primos da família que é numerário do Opus Dei foi ordenado sacerdote em Roma. Já em Lisboa este primo desafiou-a a participar numa recoleção, uma atividade mensal, aberta a todos, um tempo de oração mais prolongado. “Na recoleção acabei por ter aquele tempo de ligação que precisava. Era aquele tempo para mim e para Deus que me restabelecia um bocadinho essa alegria”.

A minha filha quis entrar para as Equipas de Jovens de Nossa Senhora, e um dia confessou aos pais: "não temos equipa porque não há casais suficientes para nos acompanhar"

Mais tarde a sua filha quis entrar para as Equipas de Jovens de Nossa Senhora, e um dia confessou aos pais: "não temos equipa porque não há casais suficientes para nos acompanhar". Joana pensou imediatamente: “Se eu estou a pedir a outro casal para acompanhar a equipa da minha filha como é que eu posso recusar fazer o mesmo para outros jovens?". Eu não posso estar a pedir aquilo que eu não posso dar”.

E aceitou o desafio de ajudar na formação na fé de 15 jovens, amigos dos filhos. Foi desafiante arranjar tempo para a formação. “Eu levava a sério, ainda levo a sério as Equipas e, portanto, estudava e andava a formar-me e dei por mim a ir buscar livros por mim própria e a procurar coisas, mas completamente autodidata”.

Uma amiga com cancro: Fátima e Roma

Dina é como se fosse da família. Um dia diagnosticaram-lhe um cancro. Ao início ainda havia esperanças. A Joana e a família procuram ajudá-la. A decisão foi rápida: “Vamos a Fátima à noite à procissão das velas. Há-de haver uma resposta qualquer. Eu não sei bem qual é que é a resposta…”. Era a primeira visita da Dina a Fátima: “Foi uma coisa transcendente. Nós que já fomos tantas vezes. Às vezes esquecemos do que aquilo é”.

Infelizmente a doença de Dina agravou-se. “Percebi pelos médicos que tinha um curto tempo de vida”. E decidi que podia ajudá-la a concretizar um sonho: acompanhá-la a Roma e ver o Papa. Foi uma viagem inesquecível: “Ela subiu a cadeiras, ela passou por cima de pessoas. Seguiu o Papa todo durante todo o percurso que o Papa fez. Estava feliz e disse-me "Eu fui a Fátima, eu vi o Papa em Roma, eu fiz na minha vida tudo o que havia para fazer".

A Dina estava feliz e disse-me "Eu fui a Fátima, eu vi o Papa em Roma, eu fiz na minha vida tudo o que havia para fazer".

Um mês depois foi internada no hospital para nunca mais sair: era o fim. A Joana confessa que Dina lhe deu uma das lições mais importantes: Ela estava a dizer-me onde é que está a felicidade. A felicidade está em nós encontrarmos Deus. A felicidade está em nós aceitarmos as coisas. Ela estava aceitar a coisa mais difícil que qualquer pessoa tem que aceitar. Ela estava a aceitar a própria morte”.

Deus é alegria para mim… e para dar aos outros

Para Joana a vida continua. Procura encontrar Deus em tudo o que faz: no trabalho exigente, no cuidado da família e na amizade com muitas pessoas. “Às vezes penso: não se entende como é que há pessoas que não percebem isto. E pergunto-me a mim mesma: ‘Mas tu foste a primeira a não perceber e a criticar durante anos, anos e anos?’".

E conclui: “Para mim tudo é demasiado simples; esta é a grande mensagem da Igreja e do Opus Dei que nos mostram e espero poder também continuar a mostrar aos outros: o catolicismo, Deus é alegria e afasta todas as tristezas.”