Questões teológicas abordadas por "O Código Da Vinci"

Embora esse livro tenha sido publicado como uma obra de ficção, afirmou-se que o seu conteúdo teria sido “meticulosamente pesquisado”, e que também seria útil como ferramenta para discussão teológica. Gostaríamos de chamar a atenção para o fato de que muitas das suas afirmações sobre a história cristã e a teologia são contrárias às conclusões dos mais renomados estudiosos do assunto.

A maior parte das questões teológicas levantadas pelo livro podem ser divididas em quatro temas: o papel da mulher, a Bíblia, Jesus Cristo e a Igreja. Apresentamos a bibliografia abaixo para ajudar àqueles que estejam interessados no que a Igreja Católica realmente ensina sobre esses temas.

O papel da mulher:

“O Código Da Vinci" mente sobre os ensinamentos da Igreja Católica sobre a mulher, a sexualidade, a família e a reserva da ordenação sacerdotal aos homens: por exemplo, diz-se que a Igreja ensinaria que a sexualidade é má em si mesma e que o casamento é mau, enquanto na verdade o matrimônio é considerado pelos Católicos um dos sete santos sacramentos. Os ensinamentos da Igreja são também descritos de maneira inexata e injusta como provenientes de uma postura misógina. Apresentamos algumas referências sobre os ensinamentos da Igreja sobre a mulher:

Carta às mulheres, João Paulo II, 1995.

Carta Apostólica Mulieris Dignitatem do Sumo Pontífice João Paulo II sobre a dignidade e a vocação da mulher, João Paulo II, 1988.

Theology of the Body: Human Love in the Divine Plan, João Paulo II, Daughters of St. Paul Press, 1997.

Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis do Papa João Paulo II sobre a ordenação sacerdotal reservada somente aos homens, João Paulo II, 1988.

Inter insigniores, Declaração sobre a questão da admissão das mulheres ao sacerdócio ministerial, Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 1976 (o link leva ao texto em inglês).

The Church and Women: A Compendium, Helmut Moll, ed., Ignatius Press, San Francisco, 1998.

Women in the Days of the Cathedrals, Régine Pernoud, Ignatius Press, San Francisco, 1998.

A Bíblia:

“O Código Da Vinci" distorce os registros históricos sobre o estabelecimento do cânon da Escritura, isto é, a determinação dos livros que formam a Bíblia. O livro diz que, para consolidar o seu poder e a sua visão chauvinista do cristianismo, a Igreja teria suprimido outros Evangelhos que, antes dessa injusta exclusão, tinham uma autoridade igual à dos quatro Evangelhos canônicos. Na verdade, os quatro conhecidos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João estão na Bíblia porque havia unanimidade entre os primeiros cristãos de que eles apresentavam os autênticos ensinamentos que Jesus deixou aos seus Apóstolos. A Igreja não incluiu no cânon das Escrituras os “evangelhos" gnósticos, que foram escritos depois, porque eles continham idéias contrárias à fé cristã (e, de qualquer forma, esses evangelhos gnósticos não sustentam de forma alguma as idéias que “O Código Da Vinci" afirma que eles defendem). Apresentamos algumas referências sobre o cânon da Escritura:

Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina, Concílio Vaticano II, 1965.

Santos Evangelhos, Estudo Introdutório ao Evangelho de São Marcos, Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra, Ed. Theologica, Braga, 1985.

A Companion to Scripture Studies, Vol. I, Part II, John Steinmueller, Lumen Christi Press, New York, 1969.

The Hidden Gospels: How the Search for Jesus Lost its Way, Philip Jenkins, Oxford, 2002.

Jesus Cristo:

“O Código Da Vinci" afirma erroneamente que a divindade de Jesus Cristo seria uma invenção feita no século IV por motivos políticos. O romance diz que, antes dessa invenção, todos os seguidores de Cristo o consideravam um grande mestre de moral e um líder político, mas não Deus. Além disso, o livro apresenta o desenvolvimento dos ensinamentos da Igreja sobre Cristo como um conflito entre apresentá-lo como humano e como divino: o autor em nenhum momento revela que, na verdade, a Igreja afirma que Cristo é Deus e Homem. Apresentamos algumas referências a respeito dos ensinamentos da Igreja sobre Jesus Cristo:

The Mystery of Jesus Christ, F. Ocariz, L.F. Mateo Seco, & J.A. Riestra, Four Courts Press, Dublin, 1994.

The Hidden Gospels: How the Search for Jesus Lost its Way, Philip Jenkins, Oxford, 2002.

Declaração "Dominus Iesus" sobre a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja, Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, Cidade do Vaticano, 2000.

The Great Heresies, cf. chapter on Arianism, Hilaire Belloc, Trinity Communications, New York, 1993.

To Know Christ Jesus, Frank Sheed, Sheed and Ward, 1999.

A Igreja:

Por trás das imprecisões apontadas acima, no livro “O Código Da Vinci" encontra-se a suposição de que a hierarquia e o Magistério da igreja não foram instituídos por Cristo nem são guiados pelo Espírito Santo, sendo em vez disso órgãos de poder político, criados e ocupados por homens para satisfazer a sua própria ambição. O romance vai além, dizendo que alguns líderes da Igreja Católica foram corruptos; o que se quer afirmar é que a própria fundação da Igreja foi deliberadamente forjada. Mais informação sobre a Igreja pode ser encontrada em:

Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja, Concílio Vaticano II, 1964.

“Christ, the Early Church, Constantine, and the Council of Nicea", C.E. Olson & S. Miesel, Envoy Magazine, 2004.

Geral: Catecismo da Igreja Católica (1997).

The Truth of Catholicism: Ten Controversies Explained, George Weigel, HarperCollins, New York, 2001.