Pregação de Bento XVI na Semana Santa

“Olhar com o coração a Deus e aos demais” é o propósito com o qual Bento XVI iniciou a Semana Santa. Na Quinta-feira Santa e Sexta-feira Santa, o Papa prossegue o caminho ao Calvário convidando os cristãos a "perdoar e colocar sua liberdade ao serviço dos homens".

Queremos despertar em nós a memória viva dos sofrimentos que o Senhor padeceu por nós e preparar-nos para celebrar com alegria, no próximo domingo, 'a verdadeira Páscoa'.

SEXTA-FEIRA SANTA (PALAVRAS NO COLISEO DEPOIS DA VIA SACRA). Texto completo.

Depois da leitura da Via Sacra escrita pelo bispo de Hong-Kong e sob uma intensa chuva, o Santo Padre realizou algumas considerações sobre a Paixão:

"«Amigo», assim chama Jesus a Judas e lhe dirige o último e dramático apelo à conversão. «Amigo», chama à cada um de nós, porque é autêntico amigo de todos nós. Por desgraça, nem sempre conseguimos perceber a profundidade deste amor sem fronteiras que Deus nos tem. Para Ele não há diferença de raça e cultura. Jesus Cristo morreu para libertar à antiga humanidade da ignorância de Deus, do círculo de ódio e violência, da escravatura do pecado. A Cruz faz-nos irmãos e irmãs".

QUINTA-FEIRA SANTA (MISSA IN CENA DOMINI) Texto completo.

Na celebração eucarística que comemora especialmente a Última Ceia, Bento XVI convidou a perdoar e a nos purificar antes de assistir ao sacrifício de Cristo.

«A isto exorta na Quinta-feira Santa: a não deixar que o rancor com os demais transforme-se em veneno do alma. Nos exorta a purificar continuamente nossa memória, perdoando-nos de coração os uns aos outros, lavando-nos os pés os uns aos outros, para poder nos dirigirmos todos juntos para o banquete de Deus».

QUINTA-FEIRA SANTA (MISSA DO CRISMA) Texto completo.

O Papa falou na Missa do Crisma de serviço, especialmente do que presta o sacerdote aos homens:

"[O sacerdote] deve manter o mundo acordado para Deus. Deve ser alguém que está de pé erguido frente às correntes do tempo (...). "Servir" significa proximidade, exige familiaridade. Esta familiaridade comporta também um perigo: que o sagrado, com o que nos encontramos continuamente, se converta em rotina".

'[O sacerdote] deve manter o mundo desperto para Deus. Deve ser alguém que está de pé erguido diante das correntes do tempo'.

QUARTA-FEIRA SANTA (AUDIÊNCIA GERAL) Texto completo O Santo Padre repassou os três dias santos que a Igreja vai comemorar:

"Ao final do caminho quaresmal, dispomo-nos também nós a entrar no clima mesmo que Jesus viveu então em Jerusalém. Queremos despertar em nós a memória viva dos sofrimentos que o Senhor padeceu por nós e nos preparar para celebrar com alegria, no próximo domingo, "a verdadeira Páscoa".

(AUDIÊNCIA Ao UNIV) Texto completo Dirigindo-se aos universitários do UNIV, o Papa disse:

"Ser amigos de Cristo e dar testemunho dEle ali onde nos encontremos exige o esforço de ir contra-corrente, recordando as palavras do Senhor: estais no mundo mas não sois do mundo (cf. Jo 15,19). Não tenhais, por tanto, medo, quando for necessário, de ser inconformados na universidade, no colégio e em todas partes".

DOMINGO DE RAMOS

OPapa comentou algumas cenas do Evangelho de São Mateus: a expulsão dos mercadores do Templo, as acusações injustas no julgamento de Cristo, e o convite do Salvador para fazer-nos como crianças.

"Ali onde deveria se dar o encontro entre Deus e o homem, Ele encontra comerciantes e cambistas que ocupavam com seus negócios o lugar de oração. Efetivamente, o que ali se vendia era destinado aos sacrifícios que se imolariam no Templo (...). Mas tudo isso podia ser feito em outro lugar: o espaço onde se realizava o comércio era destinado inicialmente a ser o átrio dos pagãos. O Deus de Israel era o único Deus de todos os povos. E ainda que os pagãos não entrassem na Revelação, podiam ao menos, no átrio da Fé, se unir à oração ao Deus único. O Deus de Israel, o Deus de todos os homens, estava sempre à espera de sua oração, de sua busca, de suas invocações. E no entanto, ali estava-se comerciando".

"Tudo isto deve nos fazer pensar também a nós cristãos: É nossa fé tão pura e aberta que a raiz dela os "pagãos" -as pessoas que atualmente procuram e se fazem perguntas- podem intuir a luz do Deus único?, podem associar-se nos átrios da fé a nossa oração e com suas dúvidas converter-se por sua vez em adoradores? Somos conscientes de que a avidez e a idolatria podem também atingir nosso coração e nossa vida? Não é possível que estejamos deixando entrar de alguma maneira os ídolos em nossa vida de fé? Estamos dispostos a nos deixar purificar, uma e outra vez, pelo Senhor, permitindo-lhe arrancar de nossa alma, e da Igreja, tudo o que é contrário a Ele?".

"O Evangelista continua dizendo que "Aproximaram-se dEle os cegos e coxos que estavam no Templo e Ele os curou". Diz também que os meninos encheram o Templo com as aclamações que tinham ouvido da boca dos peregrinos na entrada da Cidade: "Hosana ao Filho de Davi!". Frente ao comércio com os animais e o negócio com o dinheiro, Jesus contrapõe sua bondade que cura. Essa é a verdadeira purificação do Templo. Ele não vem como destruidor. Não vem com a espada do revolucionário. Chega mais apropriadamente com o dom da cura. Jesus se mostra a Deus como o que ama, e seu poder é o do amor. E dessa forma sugere-nos como dar culto sempre a Deus: com a cura, com o serviço, com a caridade".

Discurso completo (em italiano).