O “curso anual” ou convívio é uma atividade anual de formação dos membros do Opus Dei, de duração e conteúdo diferentes, adaptados às circunstâncias dos assistentes.

Já desde os primeiros anos do Opus Dei, São Josemaria tinha a preocupação de que os seus filhos pudessem descansar, ganhar perspectiva, recuperar as forças da alma e do corpo, e sair de novo, animados e preparados para a missão apostólica. Não foi fácil encontrar o tempo, o lugar e os meios econômicos para conseguir isso, mas, com o passar dos anos, foram se consolidando as convivências e cursos anuais de formação.

Como a finalidade da formação é a identificação com Cristo, o objetivo primordial das convivências também é o encontro pessoal com o Senhor. E pode-se dizer que esse encontro se estrutura em três aspectos: o descanso, que nos permite passar um tempo mais exclusivo e relaxado com Deus. O estudo e a assimilação da formação, profunda e de qualidade, que aquece e prepara para a missão de santificar o mundo nas próprias circunstâncias; e, por último, a convivência fraterna entre os membros da Obra, o serviço e o cuidado mútuo, compartilhar interesses.

Algumas vezes, um curso anual pode ter um tema específico da formação. Nos últimos anos, em alguns deles os participantes tiveram workshops e outras atividades sobre a santificação da vida familiar e a educação dos filhos.

Apresentamos o testemunho de dois supernumerários que contam a sua experiência.

O primeiro curso anual em Fortaleza

Meu nome é Pedro, servidor público, casado há 5 anos com a Marília e pai das pequenas Olívia e Júlia, de 4 e 2 anos de idade, respectivamente, e de outros dois filhinhos que Deus quis levar para si antes de virem à luz. Moro em Fortaleza e neste ano tivemos a oportunidade de participar do primeiro Curso Anual realizado em nossa cidade, motivo de muita alegria por todos que fazem a Obra no Ceará e nos demais estados do nordeste brasileiro.

A experiência do Curso Anual, como sempre, foi fantástica. Além da oportunidade de passar o tempo necessário para aumentar a unidade e fraternidade entre os membros da Obra, o convívio deste ano nos possibilitou refletir sobre questões fundamentais sobre o nosso papel como marido e a nossa vivência da paternidade. Vivemos dias que nos proporcionaram um ambiente alegre e sadiamente descontraído, ideal para nos sentirmos verdadeiramente em casa, à vontade, com o espírito aberto e disponível para aprender, ouvir, sorrir e meditar sobre a importância de correspondermos a todas as missões que Deus nos confia como bons filhos seus.

Durante todas as atividades fomos incentivados a formular propósitos concretos de como poderíamos ser mais presentes na nossa família, participando ativamente no desenvolvimento dos nossos filhos, conhecendo suas particularidades e influindo positivamente para que cresçam em virtudes, principalmente em desprendimento e magnanimidade. Por exemplo, percebi a importância de “deixar o celular de lado” enquanto estou com as minhas filhas, para poder ficar mais atento ao comportamento de cada uma e conhecê-las melhor.

Além disso, voltamos para as nossas casas fortalecidos e entusiasmados para sermos melhores maridos, pais, amigos e profissionais, certos de que somos chamados a fazer a diferença e buscar um ideal de santidade no meio das nossas atividades diárias. Minha esposa é arquiteta e valoriza muito a organização, por isso, como modo de trazer mais alegria à casa, procurarei ser mais proativo em relação à manutenção da ordem da casa, guardando os objetos nos seus devidos lugares.

Ricardo: A vida familiar é caminho para Deus

Todos os anos, desde que pedi admissão ao Opus Dei, separo alguns dias para participar do curso anual com outros supernumerários. Esse período é ansiosamente esperado e nos permite o aprofundamento em temas de doutrina, de espiritualidade, bem como questões práticas da vida cotidiana.

Nesse ano de 2024, fiz em setembro meu curso anual na região serrana do Rio de Janeiro e, em meio a momentos de oração, palestras excelentes e debates enriquecedores, um tema se sobressaiu: os desafios da vida de pai e marido em nossas circunstâncias pessoais.

A troca de ideias com outras pessoas que vivem situações semelhantes e enfrentam os mesmos desafios é uma experiência riquíssima. Entender e me adequar ao fato de que o Senhor nos convida à santidade e nos pede que vivamos os valores cristãos ali, naquela nossa realidade concreta, casado com aquela mulher, sendo pai daquelas crianças, exercendo aquele ofício, é o grande fruto deste curso anual.

E que grande graça é viver o matrimônio cristão! São Josemaria Escrivá costumava dizer que a realidade santa de um casamento era algo que ele, como sacerdote, abençoava “com as duas mãos” (v. É Cristo que passa, 24). De fato, a vida familiar é uma escola de santidade e de virtudes. Mesmo lidando com as dificuldades do dia-a-dia (de ordem financeira, logística, etc.) a família é o lugar da alegria e da verdadeira felicidade.

São muitos os frutos que obtive do curso anual. Um deles foi fazer o propósito, que estou lutando para cumprir, de sair do trabalho em um horário específico, de modo a contribuir mais com as tarefas noturnas relativas às crianças e à casa. Mas poder relembrar que a vida familiar, com seus desafios e consolações, é o caminho que Deus traçou para mim, é o maior deles.

Desci da Serra com ânimo renovado, “pronto pra outra”, como se diz. E, agora, com alguns propósitos concretos de melhoria na mente, peço a Deus que me conceda as graças para colocá-los em prática e obter frutos de santidade e apostolado na minha vida em família.