O que é um sacramento? Quais são os sete sacramentos da Igreja?

Os sacramentos são sinais sensíveis (palavras e ações), acessíveis à nossa humanidade, por meio dos quais Cristo age e nos comunica sua graça. Resolvemos as dúvidas mais frequentes sobre os sacramentos da Igreja Católica.

Los sacramentos son signos sensibles (palabras y acciones), accesibles a nuestra humanidad, a través de los cuales Cristo actúa y nos comunica su gracia
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Sumário

1. O que é um sacramento? Quantos são?

2. Sacramentos de Cristo e da Igreja

3. Sacramentos de fé e salvação


1. O que é um sacramento? Quantos são?

Os sacramentos são sinais sensíveis (palavras e ações), acessíveis à nossa humanidade, por meio dos quais Cristo age e nos comunica sua graça.

Os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, pela qual nos é dispensada a vida divina. Os ritos visíveis sob os quais se celebram os sacramentos significam e realizam as graças próprias de cada sacramento. Na Igreja há sete sacramentos:

1. Batismo

2. Confirmação ou Crisma

3. Eucaristia

4. Penitência

5. Unção dos Enfermos

6. Ordem sacerdotal

7. Matrimônio

Cf. Catecismo da Igreja nn. 1131, 1084, 1113

Meditar com São Josemaria

Que bondade a de Cristo ao deixar à sua Igreja os Sacramentos! - São remédio para cada necessidade.
- Venera-os e fica muito agradecido ao Senhor e à sua Igreja. Caminho, 521

Quem deseja lutar serve-se dos meios adequados. E os meios não mudaram nestes vinte séculos de cristianismo: oração, mortificação e frequência de Sacramentos. Como a mortificação é também oração - oração dos sentidos -, bastam-nos duas palavras para descrever esses meios: oração e Sacramentos.
Gostaria que considerássemos agora esse manancial de graça divina que são os Sacramentos, maravilhosa manifestação da misericórdia de Deus. Meditemos devagar na definição do Catecismo de São Pio V: determinados sinais sensíveis que causam a graça, e ao mesmo tempo a declaram, como que pondo-a diante dos olhos. Deus Nosso Senhor é infinito, seu amor é inesgotável, sua clemência e sua piedade para conosco não admitem limites. E, embora nos conceda a sua graça de muitas outras maneiras, instituiu expressa e livremente - só Ele o podia fazer - esses sete sinais eficazes, para que de um modo estável, simples e acessível a todos, os homens pudessem participar dos méritos da Redenção. É Cristo que passa, 78

2. Sacramentos de Cristo e da Igreja

O Concílio de Trento, seguindo a doutrina das Sagradas Escrituras e a tradição apostólica, professou que todos os sacramentos foram instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pouco a pouco, a Igreja reconheceu este tesouro recebido de Cristo e especificou a sua “dispensação”, tal como fez com o cânon das Sagradas Escrituras e com a doutrina da fé, como fiel dispensadora dos mistérios de Deus. Assim, a Igreja especificou ao longo dos séculos que, entre as suas celebrações litúrgicas, há sete que são, no sentido próprio do termo, sacramentos instituídos pelo Senhor.

Os sacramentos são “da Igreja” no duplo sentido de que existem “por ela” e “para ela”. Eles existem “para a Igreja” porque ela é o sacramento da ação de Cristo que age nela graças à missão do Espírito Santo. E existem “para a Igreja”, porque são “sacramentos [...] que constituem a Igreja” (Santo Agostinho, De civitate Dei 22, 17; São Tomás de Aquino, Summa theologiae 3, q. 64, a. 2 ad 3), pois manifestam e comunicam aos homens, sobretudo na Eucaristia, o mistério da Comunhão do Deus Amor, um em três Pessoas.

Os três sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Ordem conferem, além da graça, um caráter sacramental ou "selo" pelo qual o cristão participa do sacerdócio de Cristo e faz parte da Igreja segundo vários estados e funções. Esta configuração com Cristo e com a Igreja, realizada pelo Espírito, é indelével, permanece para sempre no cristão como disposição positiva para a graça, como promessa e garantia da proteção divina e como vocação ao culto divino e ao serviço da Igreja. Portanto, esses sacramentos não podem ser repetidos.

Cf.Catecismo da Igreja nn. 1114-1121

Meditar com São Josemaria

A Igreja, unida a Cristo, nasce de um coração ferido. É desse Coração, aberto de par em par, que nos é transmitida a vida. Embora de passagem, como não recordar aqui os Sacramentos, através dos quais Deus opera em nós e nos faz participar da força redentora de Cristo? Como não recordar com particular agradecimento o Santíssimo Sacramento da Eucaristia, o Santo Sacrifício do Calvário (...) na nossa Missa? Jesus entrega-se a nós em alimento; Jesus Cristo vem até nós. E por isso tudo mudou, e no nosso ser se manifestam forças - a ajuda do Espírito Santo - que se apossam da nossa alma, que informam as nossas ações, o nosso modo de pensar e de sentir. O Coração de Cristo é paz para o cristão.

É Cristo que passa, 169.

A ascética do cristão exige fortaleza, e essa fortaleza procede do Criador. Nós somos a escuridão, e Ele é claríssimo resplendor; somos a enfermidade, e Ele a saúde vigorosa; somos a escassez, e Ele a infinita riqueza; somos a fraqueza, e Ele, quem nos sustenta, quia tu es, Deus, fortitudo mea , porque tu és sempre, ó meu Deus, a nossa fortaleza. Nada há nesta terra capaz de se opor ao jorrar impaciente do Sangue redentor de Cristo. Mas a pequenez humana pode toldar os olhos e ocultar-nos a grandeza divina. Daí que todos os fiéis, especialmente os que têm por ofício dirigir - servir - espiritualmente o Povo de Deus, tenham a responsabilidade de não cegar as fontes da graça, de não se envergonharem da Cruz de Cristo. É Cristo que passa,80.

3. Sacramentos de fé e salvação

Cristo enviou os seus Apóstolos para que, “em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações” (Lc 24,47). “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). A missão de batizar, portanto, a missão sacramental, está implicada na missão de evangelizar, porque o sacramento é preparado pela Palavra de Deus e pela fé que é consentimento a esta Palavra.

Os sacramentos são ordenados para a santificação dos homens, para a edificação do Corpo de Cristo e, em última análise, para dar culto a Deus, mas, como sinais, têm também uma finalidade instrutiva. Eles não apenas supõem a fé, mas também a fortalecem, a alimentam e a expressam com palavras e ações; por isso são chamados de “sacramentos da fé”.

A fé da Igreja é anterior à fé do fiel, que é convidado a aderir a ela. Quando a Igreja celebra os sacramentos, ela confessa a fé recebida dos apóstolos.

Celebrados dignamente na fé, os sacramentos conferem a graça que significam. São eficazes porque o próprio Cristo atua neles. Ele é quem batiza, Ele que age em seus sacramentos para comunicar a graça que o sacramento significa.

Os sacramentos operam ex opere operato (segundo as próprias palavras do Concílio de Trento: “pelo próprio fato de que a ação é realizada”), isto é, em virtude da obra salvífica de Cristo, realizada de uma vez por todas. Disto se segue que “o sacramento não age em virtude da justiça de quem o ministra ou de quem o recebe, mas pelo poder de Deus" (S. Tomás de Aquino, S. Th., 3, q. 68, a .8, c). Consequentemente, sempre que um sacramento é celebrado segundo a intenção da Igreja, o poder de Cristo e do seu Espírito atua nele e por meio dele, independentemente da santidade pessoal do ministro. No entanto, os frutos dos sacramentos dependem também das disposições de quem os recebe.

A Igreja afirma que para os que creem os sacramentos da Nova Aliança são necessários para a salvação. A “graça sacramental” é a graça do Espírito Santo dada por Cristo e própria de cada sacramento. O Espírito cura e transforma aqueles que o recebem, conformando-os ao Filho de Deus. O fruto da vida sacramental é que o Espírito de adoção diviniza os fiéis, unindo-os vitalmente ao Filho único, o Salvador.

O fruto da vida sacramental é tanto pessoal como eclesial. Por um lado, este fruto é vida para Deus em Cristo Jesus para todos os fiéis; por outro, é crescimento para a Igreja na caridade e na sua missão de testemunho.

Cf.Catecismo da Igreja nn. 1122-1134.

Meditar com São Josemaria

Ausência, isolamento - provas para a perseverança. - Santa Missa, oração, sacramentos, sacrifícios, comunhão dos santos! - Armas para vencer na prova. Caminho, 997.

Queres ser forte? - Primeiro, repara que és muito fraco; e depois, confia em Cristo, que é Pai e Irmão e Mestre, e que nos torna fortes entregando-nos os meios para vencer: os sacramentos. Vive-os! Forja, 643

O que são os sacramentos — vestígios da Encarnação do Verbo, como afirmaram os antigos — senão a mais clara manifestação deste caminho escolhido por Deus para nos santificar e levar ao Céu? Não veem que cada sacramento é o amor de Deus, com toda a sua força criadora e redentora, dando-se a nós através de meios materiais? O que é a Eucaristia — já iminente — senão o Corpo e Sangue adoráveis do nosso Redentor, que se oferece a nós através da humilde matéria deste mundo — vinho e pão — , através dos elementos da natureza, cultivados pelo homem, como o quis recordar o último Concílio Ecumênico? Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 115.

O cristão sabe-se enxertado em Cristo pelo Batismo; habilitado a lutar por Cristo, pela Confirmação; chamado a atuar no mundo pela participação na função real, profética e sacerdotal de Cristo; transformado numa só coisa com Cristo pela Eucaristia, sacramento da unidade e do amor. Por isso, como Cristo, deve viver de rosto voltado para os outros homens, olhando com amor para todos e cada um dos que o rodeiam, para a humanidade inteira. É Cristo que passa, 106