O Ângelus, Angelus Domini, ou Anjo do Senhor é a oração tradicional com a qual os fiéis recordam o anúncio do anjo Gabriel a Maria. O Angelus é, portanto, uma lembrança do evento salvífico pelo qual, segundo o desígnio do Pai, o Verbo, pela obra do Espírito Santo, se fez homem nas entranhas da Virgem Maria.
A recitação do Ângelus está profundamente enraizada na piedade do povo cristão e é encorajada pelo exemplo dos Romanos Pontífices. A oração do Ângelus, por “sua estrutura simples, o seu caráter bíblico... o ritmo quase litúrgico que santifica diversos momentos do dia, a sua abertura ao mistério pascal ... conserva através dos séculos tem preservado o seu valor e a sua novidade”[1].
Texto do Ângelus em Latim e Português:
Português | Latim |
V/. O anjo do Senhor anunciou a Maria. | V/. Angelus Dómini nuntiávit Maríæ. |
Apresentamos um áudio da recitação do Angelus, com a voz de São Josemaria. A gravação é de 7 de julho de 1974 no Colégio Tabancura, em Santigo do Chile.
Quando era meio-dia, São Josemaria, unido ao Santo Padre e a milhares de cristãos em todo o mundo, punha-se de pé para recitar o Angelus. Era assim que D. Álvaro del Portillo o recordava:
“Terminada a leitura do correio, rezava o Angelus ao meio-dia. Era um momento importante do seu dia, porque, além de ser uma conversa filial com a Virgem Maria, marcava o tempo em que a sua devoção eucarística mudava de sinal: até então tinha passado a manhã a dar graças a Deus pela Missa que tinha celebrado, a partir do Angelus começava a preparar-se para a Missa que iria celebrar no dia seguinte”[2].
Orações que sempre o assombravam
D. Javier Echevarría recorda tê-lo acompanhado ao rezar “muitas orações vocais diárias: os quinze mistérios do Santo Rosário; o Angelus (…). Dizia que essas orações deviam servir-nos para alimentar a presença de Deus, porque a oração vocal não é repetição de palavras, mas diálogo de amor. E realmente praticava com piedade essas devoções e aplicava-as à sua vida interior, como reforço para manter viva a fogueira do diálogo com o Senhor.
Na recitação da Ave-Maria, ao repetir o Dominus tecum (O Senhor é convosco), percebeu um dia com maior profundidade a inabitação do Espírito Santo na alma da Santíssima Virgem. Aos que o escutávamos, impressionava-nos a ternura com que pronunciava “Mãe de Deus”, por ter descoberto a força que se desprende de que a Mãe de Deus seja também nossa Mãe: tua e minha!, reiterava. Repetia igualmente, numa entoação clara, a palavra “agora”, pedindo à Santíssima Virgem que intercedesse pelas necessidades que o ocupavam no momento; ou sublinhava a expressão “na hora da nossa morte”, pedindo o auxílio de Maria para esse momento definitivo”[3]
[1] Cfr. Diretório sobre a piedade popular a liturgia, Congregação para o culto divino e disciplina dos sacramentos, 2002.