Na linha de frente da COVID 19

Henrique é médico infectologista e atende pacientes com Coronavírus. Ele relata sua experiência e de que maneira santifica esse trabalho.

Estamos passando por um período de muito estresse em virtude dessa enfermidade nova que assolou o mundo inteiro: COVID-19. Eu sou médico infectologista e trabalho precisamente no núcleo de dois hospitais, encarregado de coordenar as ações e diretrizes hospitalares para o manejo da doença.

A santificação do trabalho que procuramos viver no Opus Dei tem me ajudado imensamente para lidar neste momento de profunda crise. Desde o começo, a primeira frente de luta foi no manejo da ansiedade das pessoas, em especial dos profissionais da saúde. O meu papel é técnico, de orientação e coordenação. Sempre me lembro dos ensinamentos do nosso Padre que dizia ser preciso falar a verdade, mas com caridade e com carinho. Para cumprir essa meta, o primeiro cuidado que tenho tido é o de estudar a fundo o problema para estar bem capacitado tecnicamente, pois a informação precisa ser dada com competência e clareza. O carinho também deve acompanhar a transmissão da orientação, ou seja, é preciso ter em conta o que falo, para quem falo e como falo. O objetivo é trazer organização ao serviço, além de força para uns, conforto para outros, esperança e paciência para muitos.

Tenho notado que muitos profissionais estão especialmente sensíveis e receptivos ao transcendente. Um dos propósitos que comecei a pôr em prática é muito simples, que aprendi ao meditar os pontos do livro “Ele e Eu” da Gabrielle Bossis, que dizia que “as pessoas precisam ouvir a palavra Deus, pois isso lhes faz muito bem”.

Assim tenho colocado com mais frequência nos textos que escrevo ou despedidas de conversas a expressões “fique com Deus”, ou “estou rezando por você”, ou “pedi que outras pessoas rezem por você”, ou “que Deus lhe proteja”. Por fim, é claro, tenho procurado rezar com frequência e nominalmente mais vezes pelas pessoas e tê-las presentes na Eucaristia, quando posso participar do Santo Sacrifício.

Acredito que Deus reserva para este período muitos frutos de conversão e de maior aproximação Dele e será uma grande ocasião de crescimento espiritual para todos nós.