Mulheres Badjao viram o jogo

Em janeiro de 2023, um grupo de mulheres da tribo Badjao fizeram um treinamento no Centro de Desenvolvimento Profissional Banilad, uma escola técnica criada por membros do Opus Dei em Cebu, Filipinas, para melhorar a vida profissional de mulheres e apoiar suas famílias. Agora, elas esperam abrir uma padaria.

Os Badjao, ou Bajau (homens do mar), são uma das tribos indígenas das Filipinas, cuja cultura e subsistência, são ligadas ao mar. Uma tribo de ciganos do mar, (assim chamados por se mudarem muito e a maré levar seus pequenos barcos-moradia ou “vintas”), habitam as águas e costa do arquipélago de Sulu na ponta sudoeste das Filipinas.

Nos últimos anos, comunidades Badjao vieram morar em Cebu, aproximadamente a 600 quilômetros de Sulu. Muitos vivem em condições precárias e suas oportunidades de emprego são limitadas, por não terem níveis suficientes de educação e habilidades profissionais.

Em média, os Badjaos não permanecem mais de seis meses na escola. Eles crescem como nômades do mar, que ficam constantemente buscando áreas onde o alimento é abundante ou disponível. As mulheres se casam cedo, por isso deixam a escola.

(Foto: Getty Images)

Treinamento para mulheres Badjao.

Em julho de 2022, um grupo da creche Nano Nagle e do Centro de Aprendizado da cidade de Cebu, visitou o Centro de Desenvolvimento Profissional Banilad - BCPD, uma escola técnica criada por membros do Opus Dei em 1992. Administrado pelas Irmãs da Apresentação da Bem-Aventurada Virgem Maria, o Centro Nano Nagle trabalha para melhorar a vida das comunidades Badjao em Cebu.

“Convidei as Irmãs da Apresentação para virem a escola”, diz Beth Lopez diretora do BCPD, “e disse a elas que queríamos ajudar os Badjaos através da formação”. O BCPD queria ter iniciado os projetos para os povos indígenas em Mindanao, no sul das Filipinas, mais cedo, mas a pandemia do COVID-19 impediu.

As irmãs viram que o BCPD oferecia cursos na área de alimentação, e isso poderia fazer uma diferença real na vida das mulheres Badjao.

“Então, fizemos uma proposta para a AusAid-Reledev Australia para financiar o projeto”, Beth lembrou, “e eles aprovaram imediatamente”. A ONG australiana estava mais que disposta a apoiar este projeto de redução da pobreza. Tudo deu certo.

Após uma cuidadosa seleção, 25 alunas, (entre 18 e 40 anos de idade), apoiadas pela Fundação Nano Nagle tiveram aulas de produção de Pães e Massas no BCPD. Elas tiveram aulas intensivas, em laboratórios e mentorias o dia inteiro, todos os sábados, do final de setembro ao início de dezembro.

Em dezembro, todas passaram no Certificado Nacional Nível 2 (NCNII), avaliação da Autoridade de Desenvolvimento de Habilidades e Educação Técnica. Esse certificado as qualifica para trabalhar como padeiras, assistentes de confeitaria ou padaria em estabelecimentos de prestígio.

Conclusão do curso no BCPD

Na tarde de 11 de janeiro de 2023, as 25 mulheres Badjao, em coloridas vestes típicas, tiveram sua cerimônia de graduação no BCPD. Participaram as Irmãs da Apresentação, lideradas pela Irmã Victoria Embata, Diretora do Programa de Desenvolvimento Integrado Badjao; Edwina Martal Quialquial, coordenadora do Programa e Angelina Paghubasan do escritório do Departamento de Bem-estar Social e Desenvolvimento para Central Visayas.

As alunas Badjao com a gerência do BCPD, representantes das Irmãs da Apresentação da Bem-Aventurada Virgem Maria e convidados

Edwina disse que todos os sábados, as mulheres Bajao ficavam ansiosas e com medo do que poderia acontecer em suas casas enquanto estavam na escola, longe de suas comunidades. Elas tinham que pegar duas conduções do Centro Nano Nagle para chegar ao BCPD.

“Algumas diziam que, no começo, achavam os equipamentos muito complicados”, conta Edwina. “Foi a primeira vez que a maioria viu um equipamento de confeitaria de perto, e a possibilidade de manuseá-los era assustadora”. Mas, conforme o tempo foi passando, as coisas mudaram.

“A escola é geralmente um peso para os Badjaos, mas essas mulheres esperavam os sábados chegarem com muito ânimo”. Disse Edwina. “O BCPD lhes deu espaço para se expressarem. Foi uma experiência libertadora para elas, pois em suas comunidades, elas raramente tomavam decisões. Suas vozes raramente eram ouvidas”.

Aida, 25 anos, casada com um filho, foi uma das Badjao graduadas. Em seu discurso, disse que sabiam que seria uma oportunidade única para estudarem. Fazer um curso técnico foi algo novo para a maioria delas.

Aida fazendo seu discurso.

Aida agradeceu ao BCPD por lhes ajudar a descobrir que poderiam fazer mais na vida e que tinham mais potencial. Ela agradeceu a Fundação Nano Nagle e a AusAid-Reledev Australia por sua ajuda generosa e inestimável.

O destaque da atividade de conclusão de curso foi a cultural das alunas, uma expressão da sua alegria e gratidão à escola e seus benfeitores. Vestindo seus lindos trajes coloridos – feitos manualmente de tecido dastar – as graduadas alegraram a plateia com seus movimentos graciosos, e até convidaram a gerência e funcionários da escola a juntarem-se a elas.

Próximo passo: uma padaria

A Fundação Aboitiz, Inc. há anos tem uma parceria com o BCPD para treinar mulheres em Cebu. Na ocasião da assinatura de seu acordo de 2022-2023, a diretora do BCPD, Beth, conversou com eles sobre o projeto com as mulheres Badjao. “O próximo passo é ajudá-las a criar uma associação e encontrar um parceiro que possa apoiá-las para abrir uma padaria” explicou Beth.

A Fundação Aboitiz mostrou interesse no projeto e um gerente de desenvolvimento se reuniu com o BCPD para discutir a construção de uma padaria. Muito feliz, Beth falou que “nós fizemos uma inspeção do local onde a padaria será construída. Será em Mambaling, Cebu.”

Para essas mulheres Badjao e as que virão após elas, os ventos da mudança trouxeram escolhas de empoderamento que as tornaram mais capacitadas para encarar os desafios da vida. Suas jornadas inspiram e dão esperança a mais mulheres de suas tribos.

BCPD, uma escola técnica-vocacional criada por membros do Opus Dei em 1992, está preparada para receber sua segunda turma de alunas Badjao para o ano escolar de 2023-2024.

    Michelle C. Salon