Liberdade e filiação divina: A herança de Mons. Álvaro del Portillo

María Jesús Soto-Bruna reflete sobre como Dom Álvaro transmitiu a mensagem de São Josemaria, destacando dois eixos: a liberdade e a filiação divina.

Este texto procura explicar as palavras de Mons. Álvaro del Portillo sobre a missão dos leigos “perante uma sociedade que parece fugir loucamente de Deus” (1999)*. A proposta parte da herança recebida de São Josemaria; especialmente a partir do n. 26 de Amigos de Deus, onde se esclarece definitivamente a identidade da pessoa humana como criada, livre e religada a Deus Pai. A conclusão é que só o reconhecimento desta verdade a respeito da pessoa poderá devolver ao mundo contemporâneo, e fazer que o ser humano o reconheça, o olhar criador e, daí a própria presença de Deus na história da humanidade e na própria existência de cada pessoa[1].

1. Introdução: transmitir uma herança de liberdade e amor ao mundo contemporâneo

Em 1978, Mons. Álvaro del Portillo explicou, com a seguintes palavras, um aspecto essencial da doutrina de São Josemaria: “Mons. Escrivá meditou muitas vezes sobre uma passagem do Evangelho em que Jesus, dirigindo-se aos seus discípulos, lhes disse: Já não vos chamarei servos... A vós chamo-vos amigos (Jo 15, 15). Deus, que nos ama, procura amor, por isso conta com a nossa liberdade: ama-a, porque sem liberdade não pode haver amor. [...] Comovia-se ao pensar na maravilha de um Deus todo-poderoso que ama os homens até ao extremo de esquecer as nossas rebeldias e as nossas infidelidades, de perdoar os nossos pecados, de mendigar de nós uma resposta de amor. E via com clareza o valor da liberdade, a necessidade de contribuir para que os homens apreciem a fundo esse dom divino de ser livres”[2].

Anteriormente, em sua Apresentação ao livro Amigos de Deus, Mons. Álvaro del Portillo havia destacado as seguintes bases teológico-espirituais transmitidas pelo Fundador[3] do Opus Dei:
“Somos muitos os que aprendemos deste sacerdote cem por cento ‘o grande segredo da misericórdia divina: que somos filhos de Deus’ (Vida de oração, n. 247)”.
O ser filhos de Deus, a filiação divina, aparece como dom e tarefa ao mesmo tempo, e isso no sentido de que, reconhecê-la e aceitá-la, implica um modo existencial de situar-se no tempo: de tal forma que não é a mesma coisa, para a pessoa humana, viver de acordo com essa realidade ou não; “Para Mons. Escrivá – escreveu – é patente a grande alternativa que caracteriza a existência humana: ‘escravidão ou filiação divina: eis o dilema de nossa vida. Ou filhos de Deus ou escravos da soberba’ (Humildade, n. 108)”.

A partir do que já foi dito, a filiação divina deverá estar unida ao autoconhecimento da pessoa em sua verdade e, daí, ao exercício da liberdade, que sendo também dom, impele ao cumprimento da tarefa que, desde a própria criação, foi outorgada ao homem, que é simplesmente a descoberta da verdade divina que fundamenta o universo do finito. Missão aguda em nossos dias, “perante uma sociedade que parece fugir loucamente de Deus”[4]; pois em nenhum lugar – cita Mons. Álvaro del Portillo – “está escrito que o cristão deve ser um personagem estranho ao mundo” (Virtudes humanas, n. 89)”. A partir daqui, filiação e liberdade estarão unidas no modo de compreender – do ponto de vista teológico e metafísico – o ser da pessoa, bem como a elucidação do encargo recebido para revelar no universo temporal – empregando agora uma expressão de estilo agostiniano – sua dimensão de eternidade.

A partir das considerações anteriores, Álvaro del Portillo, nesta Apresentação, destaca como esta consciência da unidade da filiação e da liberdade enquanto constitutivas da pessoa criada, enchiam São Josemaria de esperança confiante; de amor, portanto, ao reconhecimento do amor criador. Nele, escreve, “o amor se fez paixão”. “O caminho para a santidade que Mons. Escrivá propõe está traçado com um profundo respeito pela liberdade. O Fundador do Opus Dei deleita-se nas palavras com que Santo Agostinho, o Bispo de Hipona, afirma que Deus considerou que seriam melhores os seus servidores se livremente o servissem (Santo Agostinho, De vera religione, 14, 27, PL, 43, 134). [...]. O Fundador do Opus Dei não fala a gente de estufa; dirige-se a pessoas que lutam ao ar livre, nas mais diversas situações da vida. É aí que, com a liberdade, se dá essa decisão de servir a Deus, de amá-lo acima de tudo. A liberdade é imprescindível, e, na liberdade, o amor se robustece, lança raízes: ‘O santo não nasce: forja-se no contínuo jogo da graça divina e da correspondência humana’ (a grandeza da vida corrente, n. 7)”.

Mons. del Portillo comenta então: “Fomentam-se, assim, duas paixões para o nosso relacionamento com Deus: a do amor e a da liberdade. Suas forças se unem quando a liberdade se decide pelo Amor de Deus”[5]. Palavras que se explicam dentro de um contexto de compreensão do ser humano como criado à semelhança e imagem divina; no qual, a união amorosa com o Absoluto não somente conduz à felicidade, mas traz consigo a expressão da máxima liberdade que o humano pode alcançar, isto é, a plena posse de si em sua verdade original: com isto, o Fundador e o primeiro Prelado do Opus Dei se inserem dentro de uma longa história da espiritualidade[6], destacando-se por tratar de um modo singular o tema da liberdade.

Com efeito, “não é frequente encontrar nas obras de Teologia espiritual um capítulo dedicado à liberdade, que se costuma considerar como um assunto próprio da Teologia moral. Salvo ilustres exceções como a de Santo Agostinho, os mestres espirituais não se detêm muito no tema. A liberdade é considerada um ponto de partida e não se presta a ela uma atenção específica para orientar a vida espiritual”. Enquanto que em Josemaria Escrivá, “longe de ser algo secundário ou colateral, é um ‘conceito chave do seu ensinamento’”[7]. Como já lemos, sua personalidade se caracterizou efetivamente, com palavras de Álvaro del Portillo, pela sua paixão pela liberdade; convencido de que “sem liberdade não se pode amar”[8]; e sem amor não seria possível essa “nova evangelização’’ que, vista a partira da sua base metafísica, não consiste senão em renovar o esforço da inteligência e da vontade humanas para descobrir a verdade, o bem e a beleza que o mundo esconde enquanto obra criada; a partir disso, abre-se todo o horizonte do exercício da atividade humana, o tempo e, por sua vez, a capacidade, própria do amor, de “ver” o fundamento divino dessas qualidades transcendentais do ser que revertem, por sua vez, no aperfeiçoamento pessoal, tanto no nível natural, como, pela graça, no nível sobrenatural[9]. A história, conclui Álvaro del Portillo, aparece aos olhos humanos como o “grande jogo divino e humano da liberdade”; ou pôr em jogo, no tempo, “a paixão do amor e da liberdade”.

Na edição crítica de É Cristo que passa, Antonio Aranda, por sua vez, analisa a Apresentação escrita por Álvaro del Portillo em 1973, afirmando que “desde que o conheceu em 1935, procurou estar sempre perto do Fundador, concentrando nele a sua atenção e procurando que todos o fizessem”[10]. Indica então que o próprio Álvaro del Portillo sublinha quatro qualidades no que se refere aos conteúdos essenciais do volume:
a) “Há um eixo central, que é a filiação divina;
b) todo o texto possui uma forte marca trinitária;
c) é ao mesmo tempo uma obra de inspiração cristocêntrica. [...]
d) suas páginas reivindicam a estreita vinculação entre santidade e vida cotidiana.
Ao lado destes aspectos, Mons. del Portillo destaca também o amor à liberdade – tão característico da personalidade de São Josemaria, assim como do perfil fundacional do Opus Dei – que se percebe ao longo do livro”[11].

Em ambas as Apresentações, Álvaro del Portillo aponta claramente que a realidade, no cristão, da filiação e da liberdade, manifestada através do amor, não são situações estáticas; mas, como dizíamos, aparecem ao mesmo tempo como dom e como tarefa; e isto tanto para o conhecimento da própria identidade, como para a missão que todos os fiéis têm na hora de transmitir no mundo contemporâneo o legado evangélico. Falava por isso da necessidade “da formação de todos os fiéis adequada à sua vocação e missão singulares”; tendo como preocupação “a unidade de vida como horizonte e meta”[12].

Tendo apreciado as reflexões anteriores, as próximas páginas esboçarão, primeiramente, alguns dos traços da fidelidade à herança que definem o caráter de Mons. Álvaro del Portillo neste aspecto; com o objetivo de destacar, a seguir, como o fato de que ele sublinhe a unidade da liberdade e do amor, fica patente como uma proposta nesse mundo contemporâneo que “foge de Deus” loucamente, para vislumbrar continuamente a presença de Deus na história e, com isso, a possibilidade de que a pessoa humana seja reconhecida em sua verdade. Pois é precisamente ao ser humano, dotado de razão e liberdade, que pertence a tarefa essencial de expressar esse “esplendor da verdade” que “brilha em todas as obras do Criador”[13]; e então “fazer da criação um lar humano: um âmbito de encontro com Deus”[14].

2. O contexto de uma herança

a) Herança e missão

Na Apresentação introdutória ao artigo Álvaro del Portillo, Filiazione e paternità. Quattro testi significativi, lê-se: “o primeiro sucessor do bem-aventurado Josemaria não tinha outra preocupação senão continuar o sulco traçado pelo Fundador, levando a seu cumprimento tudo o que lhe tinha sido indicado. Ao carisma do Fundador corresponde o carisma da fidelidade do primeiro Prelado do Opus Dei. Nos escritos e na incessante pregação de Mons. Álvaro del Portillo os temas da continuidade e da fidelidade entrelaçam-se para constituir um leitmotiv”[15]. Escreveu-se igualmente, ao descrever as características que traçam o quadro da sua pregação, das suas reflexões e da sua própria personalidade, que ele tinha “a consciência clara de atuar como executor de um projeto cujas bases tinham sido geradas e concretamente delineadas pelo bem-aventurado Josemaria Escrivá, a cujo espírito Dom Álvaro se refere continuamente”[16].

Dom Álvaro sabia-se possuidor de uma herança, às portas de um novo milênio e ante as exigências de uma “nova evangelização”, em consonância com as preocupações do Romano Pontífice pela situação da Igreja nos países escandinavos; o que, por sua vez, formava parte de um “plano pastoral mais amplo”[17]. Diante deste panorama, tinha consciência de que essa herança não devia ser guardada para si, nem para uma época histórica determinada, mas que era preciso fazê-la germinar para enriquecer e guiar o tempo em que que vivia e que continuaria depois da sua passagem por este mundo; daí se entende uma expressão dele, muito própria, e que repetia: “Com a ida de Mons. Escrivá para o Céu, terminou a etapa fundacional do Opus Dei, para dar início à etapa da continuidade, da mais plena fidelidade a toda a herança que o Padre nos transmitiu – por vontade divina – entregando por nós sua vida. [...] Coube-me suceder a um santo e ser o começo da etapa da continuidade e da fidelidade”[18].

“Herança” significa então neste contexto “continuidade e fidelidade”, expressadas à luz das “necessidades e circunstâncias dos tempos”: “Recorria por isso com frequência aos escritos de São Josemaria. Isto não significa que ele tenha se limitado apenas a propor o ensinamento de São Josemaria. Sem afastar-se um ápice do espírito do Fundador, Mons. del Portillo soube expô-lo de modo novo, plenamente de acordo com as mutáveis circunstâncias do tempo em que viveu. [...]. Os textos de Mons. del Portillo comunicam a mesma luz com uma intensidade diversa, acomodada às necessidades e circunstâncias dos tempos. Seu desenvolvimento dos conceitos é mais pausado; assemelha-se ao curso de um rio que, depois de ter brotado com força nos altos penhascos corre tranquilamente pelas planícies e pelos vales, enchendo de fecundidade o terreno à sua volta”: assim se expressa o autor da seleção de textos de Mons. del Portillo, que tem por título: Orar. Como sal y como luz; indicando por sua vez que o esquema da obra “trata de destacar o conteúdo teológico e espiritual da pregação de Mons. Álvaro del Portillo, fortemente ancorada na doutrina do Magistério e dos Santos Padre, e, ao mesmo tempo, prolongamento vivo da mensagem espiritual proclamada por São Josemaria Escrivá”[19]. “Prolongamento vivo”: não se tratava com efeito, de uma “continuidade estática, mas trazia, em sua obra e em sua pregação, um dinamismo intrínseco”[20]; comenta assim as próprias palavras de Dom Álvaro del Portillo: “Depois que nosso Padre foi para o Céu e que nós herdamos o tesouro de seu espírito, a primeira consequência é não imitar aquele homem louco que enterrou o talento recebido; devemos propor-nos, ao contrário, com todas as nossas forças, que ele frutifique; e, para tanto, devemos viver o espírito do Opus Dei em toda a sua riqueza e integridade”[21].

Este esquema já foi delineado, em seus traços fundamentais, por Antonio Aranda em sua Introduzione aggli scritti teologici da obra Rendere amabile la verità, ao indicar os dois aspectos específicos da produção teológica de Mons. Álvaro del Portillo, isto é, ser “expressão de um pensamento fundamentado e constantemente alimentado nas fontes do bem-aventurado Josemaria Escrivá”, e, por sua vez, testemunho da maturidade que alcançou através de seu trabalho nos anos do Concílio Vaticano II: duas coordenadas, sustenta, que orientam seu pensamento eclesiológico[22]. Faz então referência então a “três aspectos emblemáticos da sua espiritualidade teológica:
a) a profundo visão que Mons. del Portillo tinha da Igreja, considerada sob o ponto de vista da sua missão apostólica;
b) um agudo sentido, na mesma perspectiva, da igualdade entre os fiéis em razão batismal cristã e da diversidade de funções no seio da comunidade eclesial;
c) sua decisiva insistência sobre a íntima relação entre o exercício da específica função eclesial dos fiéis (como leigos ou como ministros) e as características da sua vida espiritual[23].

    b) Atualidade de uma herança

    A partir dos traços esboçados, dom Álvaro falava frequentemente da consideração “histórica” da figura do Padre, que, sem dúvida, havia “alcançado já uma grandiosa projeção na Igreja e no mundo”; mas sabia, por sua vez, que esse reconhecimento, “manifestado por tantos Padres que participaram no Concílio, não representou a coroação de uma tarefa”[24]; antes – continuava – “talvez estejamos ainda muito perto do momento em que vivemos, para contemplar com todo seu relevo a transcendência dessa voz e dessa conduta do Padre, numa época de fáceis conformismos. Penso que se descobrirá, com maior intensidade, esse serviço imponente que o Padre prestou às atuais e às seguintes gerações, com uma atualidade que nunca decairá”[25].

    Dom Álvaro estava então convencido de que esse legado que o Fundador havia deixado não era algo imóvel, ou algo para ser guardado nos livros arcanos do passado; compreendeu, pelo contrário, fielmente como uma mensagem viva, “velha e nova”, como o “espírito evangélico”[26]. Entendeu assim a sua própria missão de continuidade, com o objetivo de tornar inteligível a mensagem legada a um mundo novo, e, ao mesmo tempo, sua missão de fidelidade, ao referir-se continuamente, como que para apoiar suas reflexões teológicas e sua pregação pastoral, à obra do Fundador.

    Deve-se, sem dúvida, nesse sentido, entender a caracterização que faz de uma época como a nossa, que lemos no seguinte texto, ao mesmo tempo que a sua proposta – apoiada nos ensinamentos de São Josemaria – de uma melhora que se mede em termos de ‘santidade’ para o mundo e a pessoa em nossos dias: “Às portas do terceiro milênio, perante uma sociedade que parece fugir loucamente de Deus, nós, os cristãos deste século, somos chamados a realizar uma nova evangelização ‘Deus os chama a servi-Lo em e a partir das tarefas civis, materiais, seculares da vida humana. Deus nos espera cada dia: no laboratório, na sala de operações de um hospital, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no seio do lar e em todo o imenso panorama do trabalho. Não esqueçamos nunca: há algo de santo, de divino, escondido nas situações mais comuns, algo que a cada um de nós compete descobrir’ (Entrevistas, n. 114)”[27].

    Recordando as exortações da Lumen Gentium (nn. 17, 30 e 33), Álvaro del Portillo sublinha a “chamada” que o cristão recebe de Deus, ao mesmo tempo que impele ‘cada um’ a ‘descobrir’, no livre exercício das tarefas temporais, a presença real do ‘divino’ em um mundo que se esqueceu dele. Diríamos que a sua teologia sobre os fiéis e os leigos é marcada pela experiência da vocação, da chamada que Deus faz ao homem, a cada ser humano em sua peculiaridade e que é prolongamento da chamada criadora. “Fazendo-se eco do ensinamento do Fundador do Opus Dei, Mons. del Portillo sublinha que a ‘vocação profissional’ forma parte, e parte importante, da vocação divina[28]. Ou seja, a chamada a encontrar Cristo nas circunstâncias cotidianas não é uma chamada ‘universal’ em sentido lógico, mas algo que está essencialmente unido à chamada criadora, que outorga a cada pessoa humana características peculiares, inclinações e atitudes próprias, que são as que, sem anular a ‘teologia natural’, inscrevem em todo ser humano uma ‘teologia pessoal’ que é expressão da sua vocação em todos os níveis da sua existência”[29].

    Em continuidade com os ensinamentos de São Josemaria, o espírito que está nos escritos de Mons. Álvaro del Portillo impele o homem de hoje ao conhecimento do seu ser pessoal como criado e, ao mesmo tempo, chamado, através de uma vocação personalíssima, a responder em liberdade, Àquele que lhe doou o mundo para configurá-lo segundo o seu querer, também livre. Duas liberdades: liberdade criadora e que fundamenta e liberdade criada, participada, fundada, andam paralelas no acontecer histórico, com o objetivo que a segunda reconheça a liberalidade do amor divino que, em última instância, chama a pessoa a ser partícipe de sua própria vida. Só a afirmação ponderada desta realidade poderá hoje fazer ver à pessoa que o mundo, e com ele, qualquer atividade nobre, “é um reflexo do amor de Deus ao homem” e ver igualmente “a possibilidade que foi outorgada ao homem de corresponder a esta delicadeza do Criador com seu trabalho santificado”. E insiste, recordando as palavras do seu predecessor, que, “esta visão teologal da história fazia-o olhar os cristãos como homens e mulheres, como filhos de Deus, presentes por direito próprio em todas as encruzilhadas do mundo, para reconduzir este mundo ao Criador”[30].

    Mons. Álvaro del Portillo recorda esse “direito próprio” que os cristãos, como “filhos de Deus”, possuem para, no exercício próprio do domínio do homem sobre o mundo, “reconduzir esse mundo ao Criador”. Pois bem, tal consideração não é, a nosso ver, e no contexto em que queremos expor a presente comunicação, senão expressão daquela continuidade de uma herança, dentro de um binômio muito característico na obra teológica e espiritual de São Josemaria: a saber, a íntima relação entre a liberdade e a consciência que um cristão possui da sua filiação divina; chave, esta última, para o autoconhecimento, a posse de si na verdade e então, impulso para o livre exercício da própria atividade, assim como para a expansão de uma espiritualidade de um ser que, no reconhecimento da sua livre resposta, reconhece-se dentro e, ao mesmo, em caminho rumo a casa do Pai. Dom Álvaro recordava então a “necessidade unir a reflexão especulativa sobre a verdade revelada ao crescimento da própria vida espiritual, que é sempre ‘Vida segundo o Espírito’”[31].

      c) Herança e liberdade

      O binômio filiação divina-liberdade aparece então como conceito chave e fundamental para compreender a verdade e a missão do cristão no mundo contemporâneo[32]: conhecer e dar a conhecer o verdadeiro ser da pessoa, e então devolver ao mundo o seu significado de bem, de verdade e de beleza, porque procede do amor e pede amor. Não foi por casualidade que o filósofo italiano Cornelio Fabro considerou São Josemaria ”o mestre da liberdade cristã”[33].

      No contexto da herança recebida, Mons. Álvaro del Portillo ensina que a liberdade de um cristão, que é a liberdade de um filho de Deus, está a serviço da verdade. Daí que numerosos textos seus façam referência ao esforço específico que inteligência e vontade humanas devem fazer para devolver ao mundo aqueles valores dos quais acabamos de falar. A busca da verdade tem então como condição uma fiel adesão ao Magistério[34], “o que não é para Mons. Portillo uma limitação, mas uma inteligente adesão da inteligência e da vontade”[35]: Não se trata de “uma obediência inerte e impessoal. A sua aceitação do conteúdo do Magistério será sempre, como dizia o Servo de Deus Josemaria Escrivá, ‘uma adesão religiosa, humilde, interna e eficaz’’” (Bem-aventurado Josemaria Escrivá, Instrucción, maio de 1935, 14/11/1950, n.84): isto é, vocês vão acolhê-lo com plena liberdade e responsabilidade, sabendo render frutos de todos os recursos da inteligência e da vontade para servir e difundir a fé”[36].

      Neste serviço à fé, o cristão não se limita a estudá-la e pregá-la como um objeto científico, mas a assume em sua vida espiritual e, como dizíamos, descobre a verdade no amor: “O cristão que, iluminado pelo Espírito Santo, tem consciência da sua filiação divina, sabe que Deus não é um mero objeto de estudo. Entre Deus e ele existe uma relação real em virtude da qual o estudo destas ciências é realizado com o mesmo amor e o mesmo interesse de um filho que quer conhecer o que diz respeito a seu pai. Quando se trabalha não é possível deixar de lado esta realidade ou evitá-la, porque a luz da razão não basta para conhecer a riqueza da vida divina. É necessária a fé e, junto com ela, é imprescindível o amor que caracteriza propriamente a relação de paternidade e de filiação. Não é casualidade que os grandes mestres da teologia tenham sido também grandes santos: neles vemos sempre unidos o estudo e a vida de piedade. A piedade é de fato a característica que distingue os filhos e é um dos dons do Espírito Santo [...]. A unidade com o Espírito Santo ajudará a não perder nunca a unidade de vida: leva a um trabalho santificante e santificado”[37].

      Mons. del Portillo recordou-o ainda de outro modo: “Amor notitia est, diziam os antigos. Só o amor, que dá agudeza à fé, consegue que a inteligência humana penetre nos detalhes grandes e pequenos da providencial intervenção de Deus na história e na atividade dos homens”[38]; trata-se, além disso, de um amor que – como pregava São Josemaria – também não esquece “o dever, que nos incumbe, de nos prepararmos para ser melhores instrumentos nas mãos deste Deus amabilíssimo, que se dignou escolher-nos como cooperadores livres de sua obra redentora”[39]; em consonância com os autores clássicos, há aqui uma concepção do ser humano e de sua dignidade enquanto “feito” à imagem de seu Criador[40].

        3. O horizonte da liberdade cristã

        a) Caráter de doação da liberdade

          Na homilia A liberdade, dom de Deus[41], a liberdade tem, com efeito, um caráter de dom recebido[42], e que se aceita na medida em que a pessoa se reconhece em sua verdade criada – pois é uma liberdade constitutiva – proveniente do amor, e dirigindo-se ao amor criador[43]: “A liberdade está no próprio núcleo da pessoa, enquanto constitui a capacidade de amor. Se fosse vista apenas como autonomia para raciocinar e decidir, ficaríamos aquém, e se fosse reduzida só a isso, faltaria o essencial, pelo que o indivíduo se encerraria em si mesmo”[44].

          Pois bem, esta liberdade, que é sobretudo antropológica e teológica – da qual procedem a liberdade moral e as ramificações das liberdades políticas e cívicas – “perde-se quando se rejeita seu fundamento metafísico”[45]. O fundamento metafísico da liberdade cristã não é senão a criação, também livre – isto é, a partir do amor – de Deus: no que o cristianismo se destaca de toda a filosofia grega anterior e, igualmente de algumas correntes da modernidade. O mundo não é fruto da necessidade cega, nem o homem produto de uma espécie de emanação necessária. Antes, “segundo o dogma cristão a substância última do universo e da história não é a necessidade, mas a liberdade. O mundo e tudo o que o integra ou compõe não é o reflexo de uma necessidade transcendente e eterna, e sim o fruto de um livre querer de Deus. Mais ainda, de um querer ordenado pelo amor: Deus cria precisamente porque ama, porque quer tornar o homem partícipe da sua própria riqueza e felicidade, e em consequência outorga-lhe o ser e a liberdade, quer dizer, a capacidade de reconhecer o amor e de corresponder a ele. A liberdade de Deus e a liberdade do homem, o amor de Deus e o amor do homem constituem as realidades que explicam e sustentam o acontecer. Cada vida humana – e a história inteira – é o fruto do entrecruzar-se da liberdade de Deus, que ama cada ser humano concreto, dirige-se a ele e o chama, com a liberdade de cada homem e de cada mulher, que, percebendo de alguma forma o convite divino, reage diante dele, decidindo assim o seu destino. Como em toda relação entre liberdades, há nesta história uma constante – o amor que se oferece e se aceita ou se rejeita – e ao mesmo tempo iniciativa, criatividade, invenção”[46].

          b) Liberdade e vocação

          Pode-se dizer que, falando metafisicamente, a liberdade de Deus “fundamenta” a nossa[47]; posto que “a escolha de Deus se constitui existencialmente como o fundamento da própria liberdade”[48].

          Segundo Álvaro del Portillo, a escolha – chamada criadora, “vocacional – divina traz consigo, hoje, a responsabilidade de uma resposta por parte da pessoa, baseada, não já apenas na aceitação do dom, mas na continuada penetração intelectual e amorosa, na verdade revelada; e, com isto, o crescimento na união com Deus: “Para servir à Verdade [...] é suficiente basear-se no progresso cientifico e técnico? Basta deixar-se guiar só pela sabedoria humana? Sabemos bem que não, e a experiência o confirma. Em todas as épocas, mas sobretudo na atual, a ciência e a técnica, separadas de qualquer referência moral, em vez de produzir um progresso real, determinaram, como denunciou o Concílio Vaticano II (Const. Gaudium et spes nn. 5-10) situações contraditórias que levaram o homem contemporâneo a uma grande inquietação, enquanto, frente às muitas luzes que o enchem de esperança, contrapõem-se terríveis sombras que o atormentam de modo angustioso. As palavras de Jesus: ‘Dai testemunho de mim, para permanecer comigo até o fim’ (Jo 15,17), que recordam que para testemunhar a Verdade, ao lado de um sério trabalho espiritual, deve se estar com Ele e nele”[49].

          Deve emergir então uma visão cristã da liberdade, que implica o auto transcender-se do indivíduo para uma reordenação dos tempos a Deus. Entendem-se assim suas palavras: “São muitos os que por comodidade hão de querer conciliar a verdade cristã com o modo de viver mundano [...] entre o bem e o mal, entre as luzes e as sombras não há conciliação. Não é a doutrina de Jesus que deve ser mudada para adaptá-la aos tempos, mas os tempos é que devem abrir-se à luz do Salvador”[50].

          Álvaro del Portillo vê assim na fé cristã “um potencial capaz de transformar o mundo”. Tudo isso, porém, sobre a base do conhecimento de que essa livre transformação deve ter como fundamento uma antropologia com base na verdade da pessoa. Tal verdade foi expressada por São Josemaria com as seguintes palavras: “Veritas liberavit vos (Jo 8, 32); a verdade vos fará livres. Que verdade é essa, que inicia e consuma em toda a nossa vida o caminho da liberdade? Eu vo-la resumirei, com a alegria e com a certeza que procedem da relação entre Deus e as suas criaturas: saber que saímos das mãos de Deus, que somos objeto da predileção da Trindade Beatíssima, que somos filhos de tão grande Pai. Eu peço ao meu Senhor que nos decidamos a tomar consciência disso, a saboreá-lo dia a dia. Assim nos conduziremos como pessoas livres. Não o esqueçamos: aquele que não se sabe filho de Deus desconhece a sua verdade mais íntima e, na sua atuação, não possui o domínio e o senhorio próprios dos que amam o Senhor acima de todas as coisas”[51].

          Entende-se, então, que no processo e etapa da continuidade, Álvaro del Portillo animasse continuamente a ensinar, pelo estudo intelectual e através de uma vida vivida na verdade, a buscar sinceramente “uma compreensão mais profunda sobre a verdade, sobre Deus e sobre a verdade do homem”[52]. Pois apenas uma antropologia baseada na verdade metafísica e teológica da pessoa humana pode, com efeito, constituir o fundamento teórico para a etapa da “nova evangelização”.

          Essa antropologia, como fomos insinuando anteriormente, tem em sua base a visão de que a pessoa humana foi criada, através de um olhar amoroso e uma chamada ou voz que clama e lhe recorda qual é sua missão no mundo do finito e do temporal. A chamada é fruto da liberalidade onipotente do Absoluto; requer e pede, sem dúvida, resposta – é o que se denomina a vocação pessoal – e essa resposta só é possível com a consciência do conhecimento de si que dá saber-se olhado e chamado na liberdade do amor e para a liberdade de amar. Assim o expressou o estudo de Antonio Aranda relativo à teologia de Mons. Álvaro del Portillo: “Se a vocação pessoal se situa no âmbito da relação do Senhor com o cristão, por parte de Deus, a ‘espiritualidade’ é o ‘tom’ da resposta da criatura de acordo com aquela vocação e com suas exigências. A resposta não é predeterminada pela chamada”[53]. Ou seja, Deus não exige de tal modo que a resposta do homem tenha de ser forçosa ou única. Antes, o olhar divino unido à sua chamada configura a peculiaridade pessoal e única na resposta.

          No marco do cristianismo que Mons. Álvaro del Portillo explica no século XX, à luz dos ensinamentos de São Josemaria e segundo o que se alcançou até agora, Deus considera a pessoa criada como um autêntico interlocutor e espera iniciativa da nossa parte. Deus chama, expõe seu querer com clareza, olha amorosamente; mas a resposta depende do que a criatura diz neste diálogo. A criatura então “deve exercitar a sua liberdade neste diálogo de modo fiel, isto é, de tal modo que seja um diálogo filial e não uma altercação. As respostas das criaturas estão, certamente, assinaladas pela inciativa de Deus; e, em consequência o resultado será um verdadeiro diálogo entre a liberdade infinita de Deus e a liberdade finita da sua criatura”[54].

          Entendemos então que Álvaro del Portillo expresse que “a liberdade do homem não equivale a autonomia. É um dom que provém de Deus e se destina a torná-lo partícipe de seu domínio sobre a criação. Seu elemento constitutivo é então a orientação para o bem, em suma, para o próprio Deus. A liberdade foi-lhe dada para poder amar a Deus e reconduzir a Ele toda a criação”[55].

          À luz destas palavras, Antonio Aranda comentou: “É tal a visão vocacional da vida cristã que faz que os escritos de espiritualidade de Mons. Álvaro del Portillo devam ser entendidos sempre a partir desta perspectiva: é Deus que inicia o diálogo com sua criatura, e Ele lhe ‘impõe’ o tom, se o homem consente; de modo análogo, é Deus que chama, e é Ele que nesta chamada impõe o estilo que a resposta deverá ter, embora certamente corresponda à criatura ter seu próprio estilo livre e pessoal na resposta”[56]. Essa resposta não pode ser separada da consciência da própria verdade: o cristão é filho de Deus e, portanto, o exercício da liberdade consiste em viver de acordo com este sentido, como o Fundador havia destacado: “O cristão percebe com novo resplendor toda a riqueza da sua filiação divina, na medida em que se reconhece plenamente livre por trabalhar nas coisas do Pai”[57]; em consonância com isso, dom Álvaro encontrava o sentido e a esperança da pessoa em sua filiação divina: “Estamos destinados a gozar de Deus por toda a eternidade: é isto que confere valor e sentido a toda a existência humana”[58].

          Para devolver o rumo e a meta a um mundo “alheio ao misericordioso desígnio de nosso Pai Deus”[59], o exercício da livre atividade humana deve deixar de ser considerado ‘autorrealização’, e orientar-se para o conhecimento de si a partir da verdade eterna que Deus possui de cada uma de suas criaturas[60]; daí, ensina Álvaro del Portillo, que seja necessário unir liberdade e verdade. É precisamente esta renovada antropologia que, no auto transcender-se mencionado, levará o cristão de hoje à “solidariedade como empenho desinteressado a serviço do bem do próximo”[61].

          Na linha apontada, Alejandro Llano sublinhou a figura de D. Álvaro del Portillo em relação à Universidade de Navarra, instituição “que fez da liberdade sua atitude mais característica”; destacando assim seu impulso otimista perante o mundo atual: “Frente ao pessimismo histórico daqueles que creem assistir ao ocaso de uma era sem horizontes, ele vivia com alegria serena este tempo que nos coube em sorte. Ele havia aprendido do Bem-aventurado Josemaria Escrivá a amar apaixonadamente o mundo que nos cabe transformar a partir de dentro. A metafísica da Criação e a teologia da Graça unem-se sem confusões para possibilitar uma atitude radicalmente positiva diante do dom da realidade natural e da herança daqueles que nos precederam na construção de uma sociedade mais humana”[62]; e isso, “à luz de uma memória fundacional” que nos recorda que o amor eterno nos precede[63].

          Sob o foco das reflexões precedentes, deve-se afirmar que Mons. Álvaro del Portillo, através da sua teologia, e em continuidade com a espiritualidade teológica de São Josemaria, é hoje, através de seus escritos e do estudo da sua personalidade, um ponto de referência para entender as chaves da nova evangelização. Ou, como escreveu Mons. Javier Echevarría: “Sua figura pode ser – já o é – um ponto de referência para muitas almas”[64].

          4. Conclusão: Origem e fim da liberdade. Filiação divina

          Infere-se das páginas anteriores que a herança recebida por dom Álvaro del Portillo foi fortemente personalizada, pois ele mesmo faz parte dela como “o filho mais fiel” (saxum). Como vimos, transmitiu uma espiritualidade com um incremento de generosidade máxima, conforme as circunstâncias mutáveis do mundo: daí que possa e deva ser, efetivamente, um ponto de referência na atualidade[65].

          Nessa mesma direção, viveu na confiança e no otimismo – como anotava mais acima Alejandro Llano – provenientes da consciência de que a correspondência livre e pessoal ao legado recebido não era simplesmente uma atitude de confiança, como virtude moral. Sabia, sem dúvida – já o lemos – que assumir existencialmente a doutrina de São Josemaria implicava liberdade pessoal; mas sabia igualmente que a liberdade é uma propriedade da pessoa por sua natureza espiritual; e, além disso, soube transmitir que a fidelidade e a renovada continuidade da mensagem do Fundador do Opus Dei provinha de um dom mais alto: a filiação divina. Pois, com efeito, a liberdade cristã ‘provém’ da filiação divina e não ao contrário: é o conhecimento da filiação divina que permite entender e viver a liberdade, pois isso implica, com efeito, o conhecimento próprio em sua verdade mais plena e então conhecer ao mesmo tempo o fundamento de sua ação (“Aquele que não se sabe filho de Deus desconhece sua verdade mais íntima”, Amigos de Deus, n. 26).

          Só a partir desta perspectiva transcendente podemos entender esta alegria, otimismo e confiança no exercício da própria missão. Com efeito, “a filiação divina imprime de modo progressivo a marca de uma personalidade plena [...]. Com uma confiança invencível em seu Pai onipotente e com a amplitude da visão espiritual do legítimo herdeiro que possui de algum modo o mundo inteiro: na união com Deus encontra, precisamente, a maior liberdade para viver. Porque se sabe amado infinitamente pelo Pai, pode amar infinitamente”[66]. Esta sabedoria foi para Mons. Álvaro del Portillo, como para todo cristão que recebe a graça divina, a razão de ser de sua liberdade, que a partir de então é a liberdade de viver de acordo com a condição de filhos de Deus em Cristo; é, em suma, “a liberdade dos filhos de Deus”[67].

          Mons. Álvaro del Portillo teve uma profunda vivência dessa condição ontológico- existencial do cristão: ”Devemos considerar que a nossa condição de filhos adotivos não se restringe a um título exterior, e que imitar a Cristo consiste apenas em adquirir uma certa parecença externa com Ele. [...]. Estamos identificados com Ele. E, em consequência, fomos chamados a tratar a Deus com confiança de filhos. [...]. Esta imensa dignidade depende também em parte de cada um de nós”[68]. Estas convicções levavam Dom Álvaro a proclamar, no mundo atual, a nova – por ter sido esquecida – verdade da pessoa: “Causa-nos uma grande pena o panorama de milhões e milhões de pessoas [...] que andam pela vida sem rumo nem meta, ‘como pó que o vento levanta’ (Sl 1, 4) alheias ao misericordioso desígnio de nosso Pai Deus, que quer que todos os homens se salvem (cfr. 1 Tm 2, 5), mas que conta, ao mesmo tempo, com a cooperação livre de cada um”[69], pois, como argumentamos, a responsabilidade que a liberdade traz, implica o reconhecimento e a aceitação do próprio ser, fundado e participado e brota da também aceitação da graça da filiação divina[70]. Deste modo, a escolha de Deus se constitui existencialmente em fundamento da própria liberdade[71].

          Dom Álvaro escreveu, tendo tornado sua a doutrina de São Josemaria, resumindo então: “Todo seu espírito está impregnado da certeza de saber-se filho de Deus, que está tão unida a outra característica do nosso espírito: o amor à liberdade”[72]. Uma liberdade, finalmente, que deve enraizar-se, sobretudo em nossos dias – como disse o Concílio Vaticano II – no aprofundamento intelectual da doutrina cristã acerca da criação do ser humano à imagem de Deus, e que então “está chamado a ser filho no Filho e templo vivo do Espírito”[73].

            María Jesús Soto-Bruna

            Professora Ordinária de Filosofia

            Comunicação apresentada por María Jesús Soto-Bruna no Congresso por ocasião do Centenário de Álvaro del Portillo, na Pontifícia Universidade da Santa Cruz (12-14 de março de 2014).


            [1] Agradeço à Dra. Elizabeth Reinhardt, da Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra, a revisão do presente manuscrito, bem como suas sugestões. Meu reconhecimento igualmente à Pontificia Università della Santa Croce por seu convite para participar, com a leitura desta comunicação, no marco do Convegno di studio Vir fidelis multum laudabitur. Nel centenario di Mons. Álvaro del Portillo, Roma 11-14 de março de 2014

            [2] Á. Del Portillo, Entrevista concedida a La Vanguardia por ocasião do 50º aniversário da fundação do Opus Dei, 1/10/1978, em Á. Del Portillo, Orar, Como sal y como luz. Selección de textos sobre la vida cristiana, J. A. Loarte (ed.), Planeta Testimonio (Dir. J. P. Manglano), Barcelona 2021, n.331, pp. 216-217.

            [3] Neste artigo, os termos “Fundador”, “Bem-aventurado”, “São” e “Mons.” serão escritos com maiúsculas, ou então seguindo, nas citações, o modo de expressão do autor correspondente ao qual se faça menção no texto

            [4] Expressão de que faremos uso mais à frente, voltando a citá-la, e que se encontra em: Rede de revistas científica da América Latina Á, del Portillo, Sal, luz e fermento. A tarefa dos leigos na missão da Igreja.

            [5] Á. del Portillo, Apresentação de Amigos de Deus.

            [6] Cfr. M. J. Soto-Bruna, A liberdade na manifestação da imagem segundo a obra De visione Dei de Nicolás de Cusa, em D. González Ginocchio (ed.), Metafísica y libertad, Cuadernos de Anuario Filosófico, serie Universitaria, 214, Servivio de Publicaciones de la Universidad de Navarra, Pamplona 2009, pp 323-336. Cfr. Tomás de Aquino: “[...] Nam quidem ‘secundum imaginem’ intellectuale significat et arbitri liberum; quod autem ‘secundum similitudinem’, virtutis secundum quod homíni possibili est similitudinem”, De fide ortodoxa, lib. II. c. 26, M. Buytaert (ed.), p. 113, 19-26: texto comentado por C. Fabro, Riflessioni sulla libertà, Edivi, Roma 2004 (2ª ed.), p.9; veja-se igualmente em Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I-II, Prólogo.

            [7] E. Burkhart – J. López, Vida cotidiana y santidad en las enseñanzas de San Josemaria. Estudio de Teologia espiritual, Rialp, Madrid 2011 (2ªed), II, pp. 161-162; citando J.J. Sanguineti, La libertad en el centro del mensaje del bem-aventurado Josemaria Escrivá, em A. Malo (a cura di) La grandezza della vita quotidiana, Edizione Università della Santa Croce, Roma 2003, III, pp.81-99, em concreto, a expressão citada encontra-se na página 81.

            [8] Anotações da pregação, 10,04/1974, Arquivo Geral da Prelazia (AGP), PO1 V-1974, p.86; Entrevistas, n. 104; É Cristo que passa, n. 131; Amigos de Deus, nn. 24 e ss; n. 171

            [9] “A fé cristã leva-nos a ver o mundo como criação do Senhor, a apreciar, portanto, tudo o que é nobre e belo, a reconhecer a dignidade de cada pessoa, feita à imagem de Deus, e a admirar o dom especialíssimo da liberdade que nos faz donos dos nossos próprios atos e nos permite – com a graça do céu – construir o nosso destino eterno”, É Cristo que passa, n. 99.

            [10] J. Escrivá, Obras completas. É Cristo que passa. Edição critico-histórica preparada por A. Aranda, Instituto Histórico São Josemaria Escrivá de Balaguer, Rialp, Madri 2013, pp. 134-135.

            [11] Balaguer de, Obras Completas, p. 136.

            [12] À. del Portillo, Discurso de 30 de outubro de 1991, em “Romana” 5 (1989), p. 250.

            [13] João Paulo II, Saudação, Enc. Veritatis splendor.

            [14] A. Aranda. Perfiles teológicos de la espiritualidad del Opus Dei, em “Scripta Theologica” 22/1 (1990), p. 104.

            [15] Á. del Portillo, Filiazione e paternità. Quattro testi significativi, em “Studi cattolici: mensile di studi e attualità”, XXXVIII/339 (1994), pp 277-280.

            [16] Atto accademico in memoria de S.E.R. Mons. Álvaro del Portillo, Pontificio Ateneo della Santa Croce, Roma 9 de maio de 1996. II: Mons. Álvaro del Portillo. Fundatore e primo Gran Cancillieri del Ponticio Ateneo della Santa Croce, Discorso del Prof. Mons. J.L.Gutiérrez, Ordinario nella Facoltà di Diritto Canonico, p. 14.

            [17] J. Medina Bayo, Álvaro del Portillo. Un hombre fiel, Rialp, Madri 2013 (4ªed. 0, P. 559: “Em várias ocasiões João Paulo II levantou a voz urgindo uma nova evangelização das nações da Europa ocidental e de outras regiões, em cujas vidas se manifestam tantos sintomas de velhice espiritual, de mentalidade esclerótica, e inclusive de morte”. Cfr. Á del Portillo, Cartas (AGP, Biblioteca), vol. 2, nn. 373-374.

            [18] Á. del Portillo, Mons. Escrivá de Balaguer, instrumento de Deus, em Á. del Portillo – E.Ponz – G. Herranz, En memoria de Mons. Escrivá de Balaguer, Eunsa, Pamplona 1997 (2ª ed.), p. 42.

            [19] Á. del Portillo, Orar. Como sal y como luz, texto do editor, pp. 13-14.

            [20] Cfr. Medina Bayo, Álvaro del Portillo, Un hombre fiel, pp. 454-455.

            [21] Á. del Portillo, Cartas (AGP Biblioteca), vol.1, n. 7.

            [22] A. Aranda, Vocazione e missione dei cristiani, Rendere amabile la verità. Raccolta di scrittidi Mons. Álvaro del Portillo. Pastorali-Teologici-Canonistici-Vari, Ateneo Romano della Santa Croce, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano 1995, p.276.

            [23] Cfr. Aranda, Vocazione e missione dei cristiani, p. 276; Á. del Portillo, Fieles y laicos en la Iglesia. Bases de sus respectivos estatutos jurídicos, Eunsa, Pamplona 1969, Á. del Portillo, Prólogo a P. Rodríguez - F. Ocáriz – J. L. Illanes, El Opus Dei en la Iglesia, Rialp, Madri 1993, pp.11-12.

            [24] Portillo del, Mons. Escrivá de Balaguer, instrumento de Dios, pp. 43-44.

            [25] Portillo del, Mons. Escrivá de Balaguer, instrumento de Dios, p. 45.

            [26] Cfr. Portillo del, Mons. Escrivá de Balaguer, instrumento de Dios, p.46.

            [27] Portillo del, "Sal, luz e fermento". A tarefa dos leigos na missão da Igreja, p. 126.

            [28] Cfr. Portillo del, Cartas, vol. 3, n. 381: “Pensem, pois, nas possibilidades que a sua tarefa profissional oferece para informar cristãmente a sociedade, e aproveitem-nas [...]. Percebam a importância de trabalhar – no uso da sua liberdade e com a conseguinte responsabilidade profissional – em organismos nacionais e internacionais, a partir dos quais podem-se promover os valores cristãos da família, a educação, a defesa da vida humana e tantas questões que é preciso orientar segundo a doutrina da Igreja”.

            [29] Aranda, Vocazione e missione del cristiani, pp. 282-283.

            [30] Portillo del, Prólogo a El Opus Dei en la Iglesia, pp. 12-13.

            [31] Á. del Portillo, Homilia na Santa Missa, 15 de outubro de 1986, em “Romana” 2 (1986), p. 274.

            [32] “A filiação divina [...] está unida à liberdade dos filhos de Deus”, J. Stöhr, A vida do cristão segundo o espírito da filiação divina, em ”Scripta Theologica” 24/5 (1992), p. 91. Cfr. Caminho, n.659; Rm 8,29.

            [33] C. Fabro Nel secondo aniversario della morte. Un maestro de libertà cristiana; Josemaria Escrivá de Balaguer, L’Osservatore Romano, 2-7-1977.

            [34] Cfr. Gutiérrez, Mons. Álvaro del Portillo, p.23.

            [35] Gutiérrez, Mons. Álvaro del Portillo, p.23.

            [36] Á. del Portillo, Homilia na Santa Missa, 15 de outubro de 1985, em “Romana” 1 (1985), p.69, em Gutiérrez, Mons. Álvaro del Portillo, p.23.

            [37] Á. del Portillo, Homilia na Santa Missa, 21 de outubro de 1991, “Romana” 7 (1991), p.264, em Gutiérrez, Mons. Álvaro del Portillo, pp. 27-28.

            [38] Portillo del, Monseñor Escrivá de Balaguer, Instrumento de Dios, p.19.

            [39] Portillo del. Monseñor Escrivá de Balaguer, Instrumento de Dios, p.21. Como veremos a seguir, Mons. Álvaro del Portillo sublinha frequentemente a ideia de uma livre aceitação de si e de uma livre cooperação ao serviço da fé, que é expressão da repetida ideia de liberdade que jaz nos escritos de São Josemaria. Uma bibliografia extensa e bem completa a esse respeito encontra-se em E.Burkhart – J.López, Vida cotidiana y santidad en las enseñanzas de San Josemaria. Estudio de Teología espiritual, Rialp, Madri 2011 (2ª ed.), II, pp 161-285; dentre a qual poderíamos destacar os seguintes títulos: Ll.Clavell, La libertad ganada por Cristo en la Cruz. Aproximación teológica a algunas enseñanzas del bem-aventurado Josemaria sobre la libertad, en “Romana” XVII/33 (2001), pp 242-271; C.Fabro, El primado existencial de la libertad, en La grandezza della vita quotidiana, Edizione Universitàt della Santa Croce, Roma 2003, III, pp 341-356; C.Fabro, Riflessione sulla libertà, Edivi, Roma 2004 (2ª ed.); C.Fabro, El temple de un padre de la Iglesia, en C.Fabro – S.Garofalo – M.A.Raschini, Santos en el mundo. Estudio sobre los escritos del bem-aventurado Josemaria Escrivá de Balaguer, Rialp, Madri 1993 (82ª ed.), esp.pp. 100-136; F.Inciarte, Die Bedeutung der Freiheit für den seligen Josemaria Escrivá, en C.Ortiz (dir.), Josemaria Escrivá. Profile einer Gründergestalt, Adans, Köln 2002, pp. 419-432; A.Llano, La libertad radical, em Acto de Homenaje al Bem-aventurado Josemaria Escrivá de Balaguer, Fundador da Universidad de Navarra, Pamplona 1992, pp 95-104; A. Madergan, Una Libertàt da vivere. Brani scelti di Josemaria Escrivá (presentazioni di J.Echevarría) Paoline, Milano 2004; L.Polo, El concepto de vida en Mons. Escrivá dce Balaguer, “Anuario Filosófico” 18/2 (1985), pp. 9-32; J.J. Sanguineti, La libertad en el centro del mensaje del bem-aventurado Josemaria Escrivá, La grandezza della vita quotidiana, Edizione Universitàt della Santa Croce, Roma, 2003, III pp 81-99.

            [40] Cfr. E. Reinhardt, La dignidad del hombre en cuanto imagen de Dios. Tomás de Aquino ante sus fuentes, Eunsa, Pampona 2005.

            [41] Amigos de Deus, nn 23-28.

            [42] Cfr. F.Russo, Liberdade, no Diccionario de San Josemaria Escrivá de Balaguer, Instituto Histórico San Josemaria Escrivá de Balaguer, Monte Carmelo, Burgos 2013, pp 732-741.

            [43] Sanguinetti desenvolveu-o assim, A liberdade no centro da mensagem do bem-aventurado Josemaria Escrivá, esp. p. 83.

            [44] Sanguinetti, A liberdade no centro da mensagem do bem-aventurado Josemaria Escrivá, esp.p. 83.

            [45] Ll. Clavell, La libertad ganada por Cristo en la Cruz. Aproximación teológica algunas enseñanzas del Bem-aventurado Josemaria sobre la libertad, em “Romana” XVII/33 (2001), pp 242-271.

            [46] J.L.Llanes, Iglesia en el mundo: La secularidad de los miembros del Opus Dei, em P.Rodríguez – F.Ocáriz – J.L.Llanes (Prólogo de Mons. Álvaro del Portillo), El Opus Dei en la Iglesia, pp. 199-301 e pp 255-256. O autor expressa bem que a “dialética liberdade-amor” encontra-se no texto mais amplo de São Josemaria Escrivá de Balaguer, La libertad, don de Dios, homilia publicada em Amigos de Deus, nn. 23-38, e que constitui uma base capilar em nossa exposição. Cfr. C.Fabro, El primado existencial de la libertad, em Mons. Josemaria Escrivá de Balaguer y el Opus Dei, Eunsa, Pamplona 1985, pp 341-356.

            [47] P. Olivier, La filiation divine: vocation et liberté, em La grandeza della vita quotidiana, III, p.55. Cfr.A. Llano, Libertad y trabajo em Trabajo y Espíritu, IV Simpósio Internacional sobre Fé cristã e Cultura contemporrânea, (Instituto de Antropologia e Ética da Universidade de Navarra), Eunsa, Pamplona 2004, p.188.

            [48] Fabro, El primado existencial de la libertad, p.346. Cfr. J.Burggraf, La libertad vivida con la fuerza de la fe, Rialp, Madri 2010 (5ª ed.. ), esp. pp.71-109; J.Burggraf, El sentido de la filiación divina, em M.Belda Plans – J.Escudero – J.L.Illanes maestre – J.L.O’Callaghan, Santidad y mundo: Atas do Simpósio Teológico de estudo em torno dos ensinamentos do bem-aventurado Josemaria Escrivá (Roma, 12-14 de outubro de 1993), Eunsa, Pamplona 1996, pp 109-127; “Quando um homem recebe a graça divina, é gerado para a vida sobrenatural, renasce de Deus no amor de liberdade”, p.116; cfr. Sulco, n.317; É Cristo que passa, nn 131 e 139.

            [49] À. del Portillo, Homilia na Santa Missa, 23 de outubro de 1989, em “Romana” 5 (1989), pp. 244-245 em Gutiérrez, Mons. Álvaro del Portillo, pp 20-21.

            [50] Á. del Portillo, Homilia na Santa Missa, 23 de outubro de 1989, em “Romana” 5 (1989), p. 246 em Gutiérrez, Mos. Álvaro del Portillo, p. 21.

            [51] Amigos de Deus, A liberdade, dom de Deus, n. 26. Fiz um comentário a essa passagem em M. J. Soto-Bruna, Eleitos antes da criação do mundo. Verbo e imagem na doutrina do bem-aventurado J. Escrivá de Balaguer sobre a pessoa humana, A. Malo (a cura di) La grandezza della vita quotidiana, La dignità della persona humana, Università della Santa Croce, Roma 2002, I, pp 21-41.

            [52] Álvaro del Portillo, Discurso de 20 de novembro de 1985, em “Romana” 1 (1985), p. 80; em Gutiérrez, Mons. Álvaro del Portillo, p. 24.

            [53] Aranda, Vocazione e missione dei cristiani, p. 284.

            [54] Aranda, Vocazione e missione dei cristiani, p. 285.

            [55] A. del Portillo, Dottrina soziale e nuova evangelizzazione. Lettura della ‘Centessimus Annus’, em Rendere amabile la verità, p. 394 e p. 396. Cfr. Fabro, El temple de un padre de la Iglesia, p. 107.

            [56]. Aranda, Vocazione e missione dei cristiani, p. 285.

            [57] É Cristo que passa, n. 138.

            [58] Á. del Portillo, Sermón, 117, 1, em Loarte, Orar. Como sal y como luz, n. 2, p.16.

            [59] Portillo del, Orar. Como sal e como luz, pp.18-19.

            [60] Portillo del. Dottrina soziale e nuova evangelizzazione. Lettura della “Centessimus Annus”, p. 396. Cfr. Centessimus Annus”, n. 41.

            [61] Portillo del, Dottrina soziale e nuova evangelizzazione. Lettura della “Centessimus Annus”, p. 396.

            [62] Llano, Mons.Álvaro del Portillo y la Universidad, p. 103.

            [63] Carta Enciclica de S. S. Francisco,Lumen Fidei, pp.10-11.

            [64] J.Echevarría, In memoriam, Rendere amabile la veritá, p. 10

            [65] Medina Bayo, Álvaro del Portillo. Un hombre fiel, p. 323, em que cita as seguintes palavras de São Josemaria, referidas a D. Álvaro: “Ele tem a fidelidade que todos vós deveis ter em todo momento, e soube sacrificar com um sorriso tudo o que era pessoal [...]. E se me perguntais: foi heroico alguma vez? Responderei: sim, muitas vezes foi heroico, muitas com um heroísmo que parece coisa normal”, São Josemaria, Anotações de sua pregação oral, 11/01/1973: (AGP, Biblioteca), PO1, 1973, p. 49.

            [66] Burggraf, O sentido da filiação divina, pp. 125-126.

            [67] 67. Cfr. F. Ocáriz, La filiación divina, realidad central en la vida y en la enseñanza de Mons. Escrivá de Balaguer, “Scripta Theologica” XIII/2-3 ,(1981), 533-534.

            [68] Á. del Portillo, Carta pastoral, 24-I-1990n. 15 e Carta pastoral, 1-V-1988,em Loarte, Orar, nn. 92, 93 e 95 pp. 74-75.

            [69] Portillo, del, Carta pastoral,1-II-1990, em Loarte, Orar, n. 6, n. 18.

            [70] Cfr.É Cristo que passa, n.44; sobre a necessidade da graça divina, n. 99; e um amplo comentário em: Burkhart – López, Vida cotidiana y santidad, pp. 202-214.

            [71] Cfr. Fabro, El temple de un Padre de la Iglesia, pp.64-66: “A essência da existência é a realidade da liberdade, assim como a essência da liberdade é a possibilidade de elevar-se ao Absoluto”: C. Fabro La preghiera nel pensiero moderno, Edizioni di storia e letteratura, Roma 1979, p.23.

            [72] Á. del Portillo, nota 28 à Instrucción, mao 1935/14-IX-1950, em Burkhart – López, Vida cotidiana y santidad, p.164.

            [73] Portillo del, Dottrina soziale e nuova evangelizzazione. Lettura della “Centesimus Annus”, em que cita a Esort. Apost. Chistifideles laici, n.37,Rendere amabile la verità, p. 392. Anteriormente referíamo-nos Carta pastoral,19/03/1992 (AGP, P17, vol. III, n, 31), comentada no livro, já citado, de Burkhart – López, Vida cotidiana y santidad, p.481.

            * Álvaro del Portillo, "Sal, luz e fermento". A tarefa dos leigos na missão da Igreja