Guadalupe Ortiz: doutora em Química e, agora, bem-aventurada

Guadalupe Ortiz, beatificada neste sábado, escolheu o caminho da ciência quando poucas mulheres o faziam.

No sábado, 18 de maio, o cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, celebrou em Madri a missa de beatificação da espanhola Guadalupe Ortiz de Landázuri, leiga pertencente ao Opus Dei. A história de vida de Guadalupe foi contada tanto no site da prelazia quando em artigo de Carlos Alberto Di Franco publicado hoje na Gazeta do Povo. Neste segundo texto, o jornalista lembra duas características singulares das escolhas profissionais de Guadalupe: a primeira é o simples fato de buscar uma formação universitária, quando as mulheres eram ainda uma minoria; a segunda foi a opção pela Química, quando em sua época a maioria das poucas universitárias buscava cursos na área de humanas. Guadalupe seguiu firme até o doutorado, concluído em 1965, pouco antes de completar 50 anos.

Guadalupe dividiu a sua vida profissional entre a Química e o trabalho na prelazia do Opus Dei, auxiliando seu fundador, São Josemaría Escrivá, na administração de residências universitárias e outros centros de ensino. Foi professora e pesquisadora, e, dentro do espírito do Opus Dei, da santificação por meio do trabalho, não há a menor dúvida de que Guadalupe também buscava e encontrava a Deus no laboratório. Isso me traz à mente a recente exortação apostólica Gaudete et exsultate, do papa Francisco, que trata da santidade. Ali, diz o papa: “És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos” (n. 14), acrescentando que Deus nos fala “de muitos e variados modos durante o nosso trabalho” (n. 171). E a ciência, como mostra a vida de Guadalupe, jamais é obstáculo para Deus.

Marcio Antonio Campos

Gazeta do Povo