Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote

Estimados irmãos sacerdotes, na época em que vivemos, há grande necessidade de presbíteros que falem de Deus ao mundo e que apresentem o mundo a Deus; homens não sujeitos a modas culturais efémeras, mas capazes de viver autenticamente aquela liberdade que somente a certeza da pertença a Deus é capaz de conferir.

Estimados irmãos sacerdotes, na época em que vivemos é particularmente importante que o apelo a participar no único Sacerdócio de Cristo no Ministério ordenado floresça no "carisma da profecia": há grande necessidade de presbíteros que falem de Deus ao mundo e que apresentem o mundo a Deus; homens não sujeitos a modas culturais efémeras, mas capazes de viver autenticamente aquela liberdade que somente a certeza da pertença a Deus é capaz de conferir.

O horizonte da pertença ontológica a Deus constitui o justo enquadramento para compreender e confirmar, também nos nossos dias, o valor do celibato sagrado, que na Igreja latina é um carisma exigido para a Ordem sagrada (cf. Presbyterorum ordinis, 16) e é tido em grandíssima consideração nas Igrejas Orientais (cf. CCIO, cân. 373). Ele é autêntica profecia do reino, sinal da consagração com coração indiviso ao Senhor e às "coisas do Senhor" (1 Cor 7, 34), expressão do dom de si mesmo a Deus e aos outros (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1579).

Por conseguinte, a vocação do sacerdote é excelsa e permanece um grande Mistério também para quantos a receberam como dom. Os nossos limites e as nossas debilidades devem induzir-nos a viver e a conservar com fé profunda esta dádiva preciosa, com a qual Cristo nos configurou consigo, tornando-nos partícipes da sua Missão salvífica. Com efeito, a compreensão do sacerdócio ministerial está vinculada à fé e exige, de maneira cada vez mais forte, uma continuidade radical entre a formação seminarística e a formação permanente. A vida profética incondicional, com a qual serviremos Deus e o mundo, anunciando o Evangelho e celebrando os Sacramentos, favorecerá o advento do Reino de Deus, já presente, e o crescimento do Povo de Deus na fé.

Caríssimos sacerdotes, os homens e as mulheres do nosso tempo só nos pedem que sejamos sacerdotes até ao fundo, e nada mais. Os fiéis leigos encontrarão em muitas outras pessoas aquilo de que humanamente têm necessidade, mas só no sacerdote poderão encontrar aquela Palavra de Deus que deve estar sempre nos seus lábios (cf. Presbyterorum ordinis, 4); a Misericórdia do Pai, abundante e gratuitamente concedida no Sacramento da Reconciliação; o Pão de Vida nova, "verdadeiro alimento oferecido aos homens" (cf. Hino do Ofício da Solenidade do "Corpus Domini" do Rito Romano).

Peçamos a Deus, por intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria e de São João Maria Vianney, que possamos dar-lhe graças diariamente pelo grande dom da vocação e viver o nosso Sacerdócio com fidelidade plena e jubilosa. Obrigado a todos por este encontro! É de bom grado que concedo a cada um de vós a Bênção Apostólica.

Palavras do Discurso do Papa Bento XVI aos participantes num congresso organizado pela Congregação para o Clero, Sala das Bênçãos, Sexta-feira, 12 de Março de 2010