Na Missa, Mons. Mariano Fazio, Vigário Geral da Prelazia do Opus Dei, afirmou que Joaquín Navarro-Valls "era, acima de tudo, um homem leal. Leal a Deus, que aprendeu a amar desde a infância na sua família, leal à sua vocação ao Opus Dei para santificar-se no meio do mundo, leal no serviço à Igreja, especialmente quando foi chamado por São João Paulo II para ocupar cargos de alta responsabilidade na comunicação da Santa Sé. Colocou a sua vida a serviço da sua missão, nas diversas etapas que percorreu".
Na cerimônia, além de parentes e amigos de Joaquín Navarro-Valls, participaram inúmeras pessoas que trabalham na cúria do Vaticano, bem como as autoridades políticas e dos meios de comunicação.
Cartas do Cardeal Stanislaw Dziwsz e do Prelado Opus Dei
No final da Missa, foram lidas duas cartas enviadas pelo arcebispo emérito de Cracóvia, Cardeal Stanislaw Dziwsz, e pelo prelado do Opus Dei, Mons. Fernando Ocáriz.
O primeiro disse que Navarro Valls "foi um homem de confiança e de fé, em quem o Papa confiava para partilhar e discutir tantas questões importantes para a vida da Igreja e do mundo. Não tenho dúvida de que estava unido ao Papa João Paulo II não só pela colaboração profissional, mas também por amizade. "
Cartagena, Granada, Barcelona
Joaquín Navarro-Valls nasceu em Cartagena, na Espanha em 16 de novembro de 1936. Participou da "Deutsche Schule" em sua cidade natal e estudou Medicina das universidades de Granada e Barcelona. Foi assistente na Faculdade de Medicina da Universidade de Barcelona e chefe do Serviço de Policlínica no Departamento de Patologia Médica.
Conheceu o Opus Dei quando, como estudante de Medicina em Granada, solicitou uma vaga na residência Albayzín. Naquele período universitário dedicou-se bastante ao teatro, não apenas como espectador, mas sobretudo como ator. Depois de terminar a universidade em Barcelona, voltou a Granada. Tinha pedido a admissão no Opus Dei, e ao voltar ao Sul da Espanha, foi encarregado precisamente da direção da mesma Residência onde havia conhecido o Opus Dei.
Da medicina à comunicação
Ao concluir os estudos de Medicina, especializou-se em Psiquiatria. Para não abandonar seus interesses literários, começou a estudar Jornalismo, formando-se em 1968. Alguns anos mais tarde, a sua atividade como jornalista lhe dará acesso ao trabalho pelo qual ele se tornaria mais conhecido.
Foi secretário da Delegação do Opus Dei em Barcelona e colaborou para a criação de várias iniciativas apostólicas, sociais e educativas na Catalunha e Aragão. Os promotores diretos do Colégio Xaloc, em L'Hospitalet de Llobregat (a cidade mais populosa da zona operária ao redor de Barcelona) sempre destacaram tudo o que devem ao impulso tenaz e otimista que receberam naqueles primeiros momentos de Joaquin Navarro- Valls. Também foi um dos promotores do início do trabalho de formação do Opus Dei com famílias na cidade de Tarragona.
No início da década de 1970, se transferiu a Roma e trabalhou com São Josemaria Escrivá no âmbito da comunicação do Opus Dei.
No início da década de 1970, se transferiu a Roma e trabalhou com São Josemaria Escrivá no âmbito da comunicação da Obra, quando lhe coube anunciar a morte do fundador (26 de junho de 1975) e a eleição do sucessor, Álvaro del Portillo. Anos mais tarde, dias antes da canonização do fundador do Opus Dei, escreveu estas palavras no Osservatore Romano: "Josemaria Escrivá nos mostra que o santo não se move num mundo de sombras e aparências, mas, neste nosso mundo realidades humanas e concretas, em que há ‘algo de divino’ que ‘está já aí’ esperando que o homem o saiba encontrar."
Em Roma trabalhou também como correspondente do jornal ABC, cobrindo os eventos nos países do Mediterrâneo, viajando com frequência para o Oriente Médio. Fez muitas amizades com os outros jornalistas e em 1983 foi eleito presidente da Stampa Estera, a associação dos correspondentes estrangeiros em Roma.
Com São João Paulo II e Bento XVI
Em 1984 foi nomeado por João Paulo II diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, inovando ao chamar para o cargo um leigo. Desde então, a sua figura foi associada à do Papa polonês até a sua morte em 2005. Desempenhou o mesmo cargo com Bento XVI, nos primeiros 15 meses do seu pontificado.
A sua relação com São João Paulo II foi muito próxima, seja no plano profissional, seja no pessoal: o Papa lhe confiou missões delicadas com Gorbatchov e Fidel Castro, e com ele, transcorria os períodos de repouso nas montanhas.
“Depois de tantos anos, você acha que vale a pena 'complicar a vida' no Opus Dei?” "Cento e cinquenta por cento"
Tinha por João Paulo II uma sincera veneração e dizia que prestaria contas a Deus pela sorte que teve de trabalhar com um santo. A sua comoção nas horas precedentes à morte do Papa, (ocorrida no dia 2 de abril de 2005), ficou imortalizada pelas imagens televisivas.
Em 2006, ao completar 70 anos, Joaquín Navarro-Valls foi sucedido pelo jesuíta Federico Lombardi. Depois colaborou por um tempo como colunista do jornal La Repubblica e em vários programas de televisão italiana e internacional. Nos últimos anos de sua vida, desde janeiro de 2007, foi presidente do Advisory Board da Universidade Campus Bio-Medico de Roma. Além disso, envolveu-se em outras iniciativas de interesse social e cultural.
Muitos viram na pessoa de Joaquin Navarro-Valls um testemunho de fidelidade à Igreja, à sua vocação para o Opus Dei, e a seus familiares e amigos. "Depois de tantos anos, você acha que vale a pena complicar a vida no Opus Dei?" Perguntou, por exemplo, um jornalista da RAI em 1995 numa entrevista. "Cento e cinquenta por cento", respondeu.