“Eu queria ser como essa mãe”

Aos 14 anos de idade, Ivanna, sentada embaixo de uma árvore, sentiu que Deus estava pedindo-lhe alguma coisa. Aos 22 anos, casou-se com Leandro e, hoje, são pais de 4 crianças. Neste testemunho, conta como o exemplo de uma outra mulher aproximou-a de Deus.

Ivanna Yensen tem 30 anos e está casada, há sete anos, com Leandro Abalos. Completam a família: Candela (sete anos), Marquitos (no Céu), Juan Cruz (cinco), Camila (quatro), Nicolás (dois) e a caçula Lucia.

Estudou Filosofia na Universidade do Norte São Tomás de Aquino (Argentina) e, atualmente, trabalha no colégio El Buen Ayre (Buenos Aires, Argentina) como professora de Doutrina Cristã e em outros três colégios de Muñiz e Bella Vista como professora de Filosofia e matérias de formação humana.

A busca

“Certo dia, quando tinha 14 anos de idade, estava rezando recostada em uma árvore no campo, olhando o céu através das folhinhas da árvore que me dava sombra. Não me esquecerei jamais desse momento: entendi que Deus queria tudo de mim. Desde então, não parei mais de buscar como, onde, quando ... mas os ventos sopravam confusamente.

No ano seguinte, comecei a namorar Leo, hoje meu marido. Mas insisto, os ventos eram raros: por um lado, pensava em minha entrega total ao Senhor e, por outro, Leo parecia apossar-se de toda a minha alma e de meu coração.

O Encontro

Quando estava com 20 anos, já na Faculdade,  certo dia fui estudar em casa de uma colega. Quando cruzei a porta de entrada da casa de minha amiga, senti uma emoção muito forte... O que acontecia? ... Nada, nada fora do comum e do habitual – à primeira vista, ao menos –; porque Jesus se mostrou a mim profundamente.

O que meus olhos viram  foi uma casa em ordem, limpa, igual a tantas outras casas que já conhecera, inclusive a minha. Logo à entrada, fui recebida por uma imagem da Virgem Imaculada enfeitada com flores sobre uma mesa também decorada com flores. Havia uma cozinha e uma sala de jantar normais, porém arrumadas como se fossem para um batalhão, com espaço e gavetas suficientes para uma grande família.

Resumindo, vi uma casa simples, mais modesta até que muitos outros lares que jamais me chamaram a atenção. Mas, meu coração viu mais ... Eu queria ser como essa mãe... Quem era? O que fazia?  Certamente era alguém muito especial: não é qualquer mãe que comove, que fala de Deus através de sua casa e de seu trabalho de todos os dias. Fiquei com muita vontade de conhecê-la, porque pensava que Jesus me chamava para ser igual a ela.

Quando chegou a hora de deitarmos, não pude dormir e chorei por muito tempo durante a noite – de emoção. Estava convencida de que havia encontrado meu caminho, de que meus dois amores (Jesus e Leo) eram compatíveis na vida dessa mulher, a qual somente conhecia pelo amor que se respirava através de sua casa.

Pela manhã, indiscretamente, comecei a questionar minha amiga: como é sua mãe? O que ela faz? Em quê trabalha? Pertence a alguma congregação? Minha amiga, deixando escapar um sorriso pela surpresa, começou a desmoronar todo o meu tom de curiosidade e mistério com um: “Nada...ela fica em casa, não pertence a nenhuma congregação”.

Esse nada de minha amiga, na realidade, era algo somente caracterizado por não ser algo diferente de todos os dias. Sua mãe era supernumerária do Opus Dei. No entanto, só fui descobri-lo muito tempo depois.

Retomando, depois de todo o interrogatório falho, não podia acreditar no que estava acontecendo comigo: quando parecia que havia chegado àquilo que estava esperando há tanto tempo, tudo desaparecia diante de meus olhos. Não podia deixar tudo assim; então, perguntei para minha amiga se conhecia onde poderia fazer um retiro espiritual, em silêncio. “Talvez possam ajudar-te os sacerdotes que pregam na Obra.”

A Entrega

No dia 2 de outubro, três anos depois desse retiro, pedi minha admissão no Opus Dei como supernumerária.... Não sabia o significado desta data (aniversário da Fundação da Obra), mas quando me interei pensei: “ nasceu a Obra... nasci eu.... mas claro! Sim, Deus pensou na Obra desde o início para mim...”.

Desde então, o desafio de todos os dias é converter minha casa no lar de Nazaré, assim como dizia São Josemaria. E cada vez me convenço mais de que a melhor maneira de ser instrumento fiel a Deus é deixando que Ele faça as coisas. Assim, vivo meu repouso obrigatório a cada gravidez [Ivanna sofre de uma patologia pela qual o menor esforço gera contrações, que poderão provocar o nascimento prematuro do bebê].

Durante todo esse período,  procuro oferecer ao Senhor tudo o que faço: isto é, NADA. Evidentemente, segundo as circunstâncias obrigatórias, penso que a Jesus parece-lhe melhor que eu “me apague” para que Ele possa  “escrever”