Eu gosto de servir!

Katia Blondeau, 34 anos, é numerária auxiliar do Opus Dei. Trabalha atualmente na Escola de Hotelaria Dosnon, perto de Soissons (França).

O que significa para você ser numerária auxiliar ?

Para mim, uma numerária auxiliar é uma cristã, uma pessoa do Opus Dei que vive o celibato, e que procura fazer com que os outros (a sua família, os seus clientes, os seus amigos) sejam o centro do seu trabalho - no meu caso, a hotelaria - e dessa maneira servir a Deus, conhecê-Lo e amá-Lo.

Procuro criar um ambiente familiar no meu lugar de trabalho, e com isso espero contribuir para o equilíbrio e o bem-estar das pessoas com as quais tenho contato devido à minha profissão.

Como concretizo isso? No cuidado que procuro colocar nos detalhes: por exemplo, quando ponho a mesa para o almoço, ou estou atenta para perceber quais são as necessidades das pessoas. Ou seja, trata-se de fazer felizes as pessoas que estão ao meu redor.

Atualmente, trabalho como Monitora na Escola de Hotelaria Dosnon. Concretamente, estou encarregada da atenção e do serviço aos participantes das atividades de formação e retiros espirituais promovidos no Centro de Convivência Couvrelles, anexo à escola de hotelaria.

Como reagiu sua família perante a sua escolha de vida ?

Os meus pais não conheciam o Opus Dei quando eu comecei a frequentar um centro. Logicamente quiseram informar-se. Faziam-me perguntas, e eu as ia respondendo. Pouco a pouco, puderam conhecer o espírito de família que se vive na casa onde moro e ficaram satisfeitos e muito à vontade naquele ambiente.

Há pouco tempo, o meu pai, que é cozinheiro profissional, veio para preparar um jantar de gala que ofereceríamos por ocasião do aniversário de uma das alunas. Normalmente eles participam das atividades que organizamos em Dosnon.

Como foi a sua carreira profissional ?

Quando terminei os estudos de hotelaria, trabalhei durante um tempo num restaurante que pertencia a uma grande cadeia. Aprendi muito e num bom ritmo, já que os trabalhos de hotelaria não podem ser improvisados. Trinchar e flambar perante o cliente, a arte da mesa, enologia... tudo ia muito bem, mas eu queria trabalhar para a minha família, o Opus Dei. Por isso, comecei a cuidar das tarefas domésticas de vários centros da Obra.

Hoje, sou professora de restauração numa escola de hotelaria onde, além disso, o Opus Dei oferece uma formação cristã às alunas que desejem. Ali procuro transmitir todos os meus conhecimentos profissionais junto com a atenção aos demais, que é algo que eu considero muito interessante.

Cresceu muito , nos últimos tempos , o interesse pelas profissões relacionadas de maneira direta com o serviço aos outros , e que antigamente eram menos valorizadas. O que você acha dessa mudança de opinião ?

Acho que é totalmente válida e ao mesmo tempo lógica!

É como redescobrir o valor que tem cada pessoa e a necessidade que todos temos de sermos amados. Na minha opinião, grande parte dos problemas da sociedade nascem da indiferença com que às vezes uns tratam os outros.

Considero que essas profissões relacionadas com o serviço contribuem diretamente para criar uma sociedade mais humana e acolhedora. Esse é o motivo pelo qual penso que é lógico que sejam valorizadas: porque supõem um ganho muito grande para a sociedade.

Você não acha que , numa época na qual todas as pessoas procuram ter cada vez mais direitos e trabalhar menos , o seu ritmo de trabalho possa parecer excessivo ?

Nós, os profissionais do setor de serviços e hotelaria, sabemos que as nossas ocupações nada têm de ordinário: trabalhamos quando os outros descansam, temos férias fora de temporada, etc.

Quanto ao ritmo, é evidente que é muito exigente: basta ver o pessoal de apoio ou de cozinha de um restaurante num dia de muito público! Eu me sinto satisfeita, assim como meus colegas, pelas minhas 35 horas de trabalho.

Isso quer dizer que os feriados são sinônimo de trabalho para você ?

Mas é claro! É nesses dias de comemorações que precisamos pôr mais atenção, caprichar mais para, por exemplo, preparar o prato favorito de alguém ou imaginar um novo arranjo de mesa, alguma coisa que seja original e inesperada.

Gosto de dar essa dimensão familiar ao meu trabalho e de manifestá-lo nesses detalhes de carinho para com os meus. Para mim, esses detalhes não são uma carga de trabalho. Supõem uma alegria, pois sabemos que os outros estão desfrutando com isso.

Sempre tive essa sensação nos centros do Opus Dei: ali as pessoas tentam fazer a vida alegre aos demais, especialmente àqueles que estão passando um mau momento, por motivos de trabalho, de falta de saúde ou outros problemas. Acredito que nós, as numerárias auxiliares, temos um papel muito importante nesse campo e isso estimula-me a fazer o meu trabalho com maior zelo profissional e cuidado.

Você acha que os trabalhos de serviços estão bem pagos ?

Meu ordenado corresponde aos meus conhecimentos e ao meu trabalho. Não é excessivo, mas sim suficiente.

Sou contratada pela Escola Hoteleira Dosnon. Eu mesma arco com minhas despesas: roupas, comida, livros, lazer, etc.

Procuro gastar o dinheiro com sentido de responsabilidade, sabendo que - como qualquer outra pessoa do Opus Dei - posso ajudar economicamente, sempre que possível, um grande número de iniciativas sociais, culturais e educativas, que pessoas da Obra levam adiante em muitas partes do mundo. Gosto de contribuir - ainda que com pequenas quantias - para o desenvolvimento dessas iniciativas nos países mais necessitados.

Qual é a frase de São Josemaria de que você mais gosta ? ”Que a tua vida não seja uma vida estéril. Sê útil. Deixa rasto. Ilumina com o resplendor da tua fé e do teu amor”.