Como você se aproximou da fé?
Moro em Roma há dois anos. Estudo Ciências Políticas e voltei à prática da fé depois de entrar em contato, por acaso, com o Opus Dei.
Uma amiga frequentava uma residência universitária do Opus Dei para receber alguns cursos de formação cristã. Mais de uma vez me convidou a acompanhá-la, mas sinceramente, a idéia não me atraía muito.
Fazia algum tempo que havia deixado de ir à Missa. Não via motivos para me aproximar de uma Igreja onde, pensava eu, se praticava una fé “medieval”. Aquilo não tinha nada a ver comigo.
Portanto, respondi a esta amiga: “Não, muito obrigada. Essas coisas não me interessam”. E, se por acaso ela insistia, eu inventava qualquer desculpa.
Finalmente, mais por educação do que por outra coisa, decidi acompanhá-la até a residência universitária, que se chamava“Celimontano”. Ao satisfazê-la uma vez, pensava eu que seria suficiente, e não voltaria a insistir em futuras ocasiões.
O que você encontrou lá?
Era possível conversar com um sacerdote e, por curiosidade, comecei a falar com ele. Surpreendeu-me a sua capacidade de escutar (reconheço que gosto de falar). Falamos de São Josemaria, o Fundador do Opus Dei e achei a sua vida muito interessante.
Comecei a estudar com uma estampa do santo em frente dos livros. Não sei por que comecei aquele costume. Por outro lado, lembro-me que dizia a mim mesma: “Vejamos se é mesmo verdade que uma hora de estudo seja uma hora de oração”.
Naquela época, pensei que poderia estender o meu “gosto pela conversação” ao diálogo com Deus. Tinha um desejo verdadeiro de encontrar Alguém que desse um significado à minha vida, mas tinha medo de ficar decepcionada.
Quais foram os primeiros passos?
Li muitas vezes alguns pontos de “Caminho”. Compreendi que a porta que eu havia fechado poderia abrir-se de novo. Deste modo, comecei a frequentar um curso de doutrina cristã básica e depois os círculos de formação cristã, organizados na residência.
Durante esse tempo, pude pensar muito na minha relação pessoal com Deus. Compreendi, por exemplo, que corria o risco de baseá-la totalmente no sentimentalismo. E isto é perigoso, porque quando o sentimento muda ou diminui, o mesmo pode ocorrer com a nossa amizade com Deus.
Para discutir estes problemas com outras pessoas, minha amiga – aquela que havia tido tanta paciência comigo – e eu, solicitamos uma sala de aula à Universidade. Ali organizamos encontros com amigos e outros estudantes, uma vez por semana, e falamos de questões relativas a Deus e à existência humana.
Pensamos que há muita gente que não conhece a Deus simplesmente porque nunca falou com ninguém sobre Ele. Pela mesma razão, muitos outros vivem a sua religiosidade de forma rotineira, sem aprofundamento.
Mas, é possível falar de Deus na Universidade?
Eu mesma posso dizer que encontrei a Deus na Universidade! Fazer “apostolado” ali – falar aos outros de Deus – não só é possível, como produz uma experiência intelectualmente estimulante.
Por exemplo, na matéria de Direito Civil, é normal falar do Matrimônio, como instituição social. Este ano, a professora percebeu a necessidade de estudar também as “uniões de fato”.
Pensei que estaria diante de una oportunidade única e solicitei realizar um estudo específico e apresentá-lo em público. Meus companheiros pensavam que citaria textos da Sagrada Escritura, mas fundamentei a diferença entre a instituição matrimonial e essas outras realidades baseando-me unicamente no Direito e no senso comum.
Isto não significa que não haja outros argumentos de natureza diferente e que sejam válidos. De fato, muitos companheiros me mostraram o seu interesse em conhecer outros argumentos da minha exposição, além dos conceitos jurídicos.
Estou muito contente por haver encontrado sentido para o meu esforço, para o meu estudo e para as minhas atividades. Um sentido que não se limita simplesmente à satisfação imediata do dever cumprido, ao reconhecimento ou ao prestígio. Agora sei que trabalho para oferecer todas estas coisas a uma Pessoa.