Educar para a laboriosidade

Artigo publicado no "Diário do Grande ABC", no dia 23/08/2021.

Foto: Freestocks

No dia 19 de março de 21, quinto aniversário da publicação da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, sobre a beleza e a alegria do amor familiar, o Papa Francisco inaugurou o Ano Família Amoris Laetitia, que encerrará no dia 26 de junho de 2022 no 10º Encontro Mundial das Famílias em Roma. É, portanto, tempo oportuno para reflexão a respeito da educação dos filhos no que se refere à virtude da laboriosidade, para que, desenvolvendo seus talentos, sejam responsáveis, comprometidos, constantes e levem a sério o trabalho profissional na vida adulta. A Constituição Federal, em seu artigo 7º, inciso XXXIII, prevê que é proibido o trabalho profissional aos menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz. No entanto, a educação para o trabalho ocorre de forma permanente no ambiente familiar, devendo começar bem cedo.

Encontramos em diversas páginas eletrônicas e também nos livros inúmeras recomendações dos serviços domésticos que os pais podem atribuir aos filhos em cada faixa etária. Isso pode ajudar a incutir o espírito de serviço e de prontidão, favorecendo o sentimento de pertença ao lar e afastando a sensação de mera hospedagem. A educação para o trabalho pressupõe a educação para o estudo, para que os filhos exercitem a concentração, a disciplina, a ordem, a paciência e tantas outras virtudes necessárias em um bom profissional. São Josemaria Escrivá, canonizado em 2002 e intitulado o santo do cotidiano, ensina que ‘para a grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu próprio trabalho, santificar-se no trabalho e santificar os outros com o trabalho, e assim encontrar a Deus no caminho da vida’.

Deste modo, o trabalho é o caminho trilhado pelos homens para o sustento de suas famílias, proporcionando um bem para a coletividade, mas também, por meio dele, ser a realidade cotidiana por meio da qual um dia chegaremos ao céu.

Os evangelhos denotam que Jesus Cristo trabalhava na carpintaria com São José e lá deviam trabalhar com capricho e cuidar dos detalhes, além de planejar a rotina e estipular os preços; prezavam pela pontualidade e o cumprimento dos prazos para as encomendas; suavam e ao fim do dia podiam descansar. Ademais, Jesus procurou seus apóstolos entre homens acostumados ao labor, alguns deles pescadores que varavam a madrugada num trabalho duro. Trabalhar bem e intensamente e ensinar aos filhos a importância de se evitar a preguiça e o desleixo são desafios de todos os pais. Aos pais, neste ano da família, entre tantos desafios que temos, o olhar para a educação para a laboriosidade é algo que contribuirá para um mundo melhor.

Carlos Roberto Pegoretti Júnior é advogado e pai de três filhos.