Como a Igreja “fabrica” um santo?

O Sítio de Mira Serra recebeu, no início de maio, um grupo de cooperadoras do Opus Dei para refletir sobre a mensagem da santidade nos dias de hoje, partindo do exemplo de São José e chegando a um promotor de justiça brasileiro: Marcelo Henrique Câmara.

No dia 02 de maio passado, o Sítio de Mira Serra, em Petrópolis (RJ), recebeu um grupo de mulheres para um Convívio com o tema “Como a Igreja fabrica um santo?” de São José a Marcelo Câmara.

O primeiro passo, na fabricação de um santo, é que a pessoa chegue efetivamente à santidade, que nada mais é do que a amizade com Deus. Por isso, a atividade começou com uma reflexão sobre a importância de ter mais intimidade com Deus na vida diária.

Mais tarde, mons. Vicente Ancona Lopez expôs o tema do Convívio: “Como a Igreja fabrica um santo?” Ao iniciar sua exposição, ele colocou os dedos em aspas e nos perguntou: “A Igreja fabrica um santo?”

A Igreja, prudentemente, realiza um longo e diligente processo canônico para investigar se o candidato, ao longo de sua vida, desenvolveu as virtudes em grau heroico. Convoca testemunhas e examina as suas obras escritas, se houver, para tudo documentar mesmo que o processo leve anos ou séculos.

No momento da autorização da abertura desse processo efetuada pelo Bispo diocesano, o candidato passa a ser considerado Servo de Deus e, então, é permitida a elaboração de uma oração privada para os que desejam pedir sua intercessão para alcançar alguma graça, favor ou milagre.

É necessário um primeiro milagre para a beatificação e um segundo para canonização. Então, concluiu o Pe. Vicente: a Igreja não fabrica um santo. Ela abre ao candidato o caminho para ser beatificado, posteriormente canonizado e chegar aos altares como vida exemplar a ser imitada. O Papa Bento XVI nos fez notar que os santos mudam a história!

Mons. Ancona Lopez concluiu que a santidade é igual à felicidade. Ambas são a mesma coisa! Quando perguntaram a São Tomás de Aquino o que era preciso para ir ao céu ele respondeu: “Querer, é só querer”. (Significa tão somente determinação.) Nossa Senhora também nos ensina isso quando disse ao Arcanjo Gabriel: “Faça-se em mim segundo a sua Palavra”. E o Papa Bento XVI aponta o desejo para alcançar a santidade: “Deixar Deus agir”.

À tarde, conhecemos um possível santo brasileiro: Marcelo Henrique Câmara. Maria Zoé Spinola, amiga e biógrafa do servo de Deus, iniciou sua apresentação pela internet, afirmando ser a santidade a generosa abertura à graça de Deus. Contou que a vida de Marcelo estava assentada em dois pilares: vida interior e apostolado; constância na construção do seu caminho de santidade. Queria fazer tudo bem feito.

Apresentação de Maria Zoé Spinola para as participantes do evento.

Era filho e irmão extremamente dedicado à sua família. Amadureceu precocemente por causa da separação de seus pais e aos dez anos assumiu uma atitude de responsabilidade na atenção para com a sua mãe e seu irmão caçula. No início do curso universitário participou de um retiro espiritual do Movimento Discípulos de Emaus. Foi quando obteve a graça de uma profunda conversão ao Evangelho. Procurou, então, render ao máximo seus talentos intelectuais, empenhando-se nos estudos. Nos anos seguintes exerceu intenso apostolado com os jovens do Movimento e tornou-se Ministro da Eucaristia da sua paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Florianópolis, além de catequista de preparação para a Crisma e a Primeira Eucaristia. Em 2004 solicitou sua admissão na Prelazia como supernumerário. Encontrou a confirmação da sua vocação laical de santificar as realidades temporais, incluindo o trabalho profissional.

Na profissão foi docente de direito, trabalhando como professor na Universidade Federal de Santa Catarina e Promotor de Justiça.

Ao descobrir um linfoma que se transformou em leucemia, enfrentou com extraordinária serenidade um longo processo de luta pela vida, transformando o sofrimento em fonte de esperança e fé para aqueles que o encontravam.

Faleceu em 20 de março de 2008, numa quinta-feira santa, aos 28 anos de idade. Seu enterro foi acompanhado por mais de três mil pessoas. A fama de santidade do jovem começou a difundir-se e muitas graças foram atribuídas à sua intercessão.

A vida santa de Marcelo contribui como exemplo para os jovens, consola e traz esperança às família marcadas pela separação e inspira as autoridades públicas a servir com justiça, honestidade, zelo e caridade.