Braval

Atua no âmbito do apoio sócio-educativo com jovens do Raval, bairro da zona antiga de Barcelona

Braval, primeiro centro de atividades promovidas pela ONG Iniciatives de Solidaritat i Promoció, é financiado pela Fundación Raval Solidari ((https://www.ravalsolidari.org)) constituída por ocasião do centenário do nascimento de S. Josemaria Escrivá. Raval Solidari opera no âmbito do apoio sócio-educativo a jovens do Raval, bairro da zona antiga de Barcelona. Os seus objetivos são os de promover a coesão social, lutar contra a marginalidade e favorecer a inclusão dos imigrantes na sociedade de acolhimento, mediante, entre outras coisas, a sua inserção no mercado laboral.

O Raval de Barcelona

O Raval de Barcelona, é um dos bairros antigos do centro de Barcelona, e foi a porta de entrada de grande parte dos milhares de imigrantes que chegaram a esta cidade nos últimos anos. A sua população cifra-se em cerca de 42 000 pessoas, e entre estas uma terça parte são estrangeiros de nascimento ou de origem. Convivem aí pessoas de diversas nacionalidades que enfrentam carências de todo o gênero e que de facto geram novos guetos. Um dos muitos problemas de Raval é o desemprego que atinge nesses ambientes cifras muito elevadas facto que dá lugar à marginalidade.

Instituições públicas e privadas concentram esforços para a melhoria das condições de vida do bairro, o qual já anteriormente fora um conhecido foco de marginalidade e delinquência. A sua reabilitação começou pelo reordenamento da zona.: demoliram-se casas e quarteirões inteiros, construíram-se ruas, praças e avenidas… Mas as intervenções urbanísticas não bastam. Para regenerar o bairro tornava-se necessária uma atenção especial que fosse à raiz dos problemas dos seus habitantes.

Rafa Peró, um dos responsáveis de Braval, tem consciência do “ambiente hostil” que rodeia as crianças imigrantes do Braval. O desafio é ajudá-los a serem pessoas “com valores verdadeiros, e não com os que infelizmente se vêem pela rua”, afirma.

Rapazes de todo o mundo

Chavi, um jovem filipino, afirma que no Braval “tratam as pessoas pelo que são”. Não há lugar para diferenças entre aqueles que frequentam o centro, e por isso não será de estranhar encontrar gente muito variada a estudar junta, ou a jogar ou em qualquer tipo de atividades. Porque no Braval há entusiasmo. Vítor, um peruano de 12 anos, quer ser mecânico ou médico, por outro lado Youssef, um marroquino de 13 quer jogar na seleção de futebol do seu país, onde passa as férias no Verão.

No primeiro ano de funcionamento, participaram nos programas de Braval à roda de 200 rapazes de vinte países diferentes. O centro tem as portas abertas a qualquer rapaz do bairro, qualquer que seja a proveniência ou o seu credo, se bem que se procure ajudar, de um modo geral, os que imigraram mais recentemente, e de facto 70% dos rapazes que se inscrevem nas atividades são filhos de imigrantes.

Programa desportivo de multi-étnico

Atendendo ao papel que o desporto desempenha no favorecimento da coesão social, Braval começou as suas atividades com um programa desportivo multi-étnico. Participam em conjunto jogadores provenientes de diversos países e etnias, integrados em equipas que disputam os campeonatos escolares de futebol, futsal e basquetebol. Para desenvolver este programa constituiu uma mais valia a colaboração, desde o princípio, da Escola desportiva Brafa.

O desporto junta vontades, cria amizades e ensina a viver de uma forma sã. E também ajuda os mais novos a participarem depois nos programas sócio-educativos de Braval. Deste modo, pode influir-se positivamente nos estudos de cada um e proporcionar a sua inserção no mercado laboral.

Voluntariado

Todos os programas do Braval são dirigidos por profissionais habilitados, coadjuvados por voluntários: atualmente são mais de 60, a maioria universitários, embora os haja de todas as idades, estratos sociais, opiniões e crenças. Põem a sua experiência e aptidões ao serviço dos outros, cada um na medida das suas possibilidades e interesses. O seu exemplo convenceu-os já de fato, sendo uma referência muito positiva para os jovens do bairro.

Os voluntários sabem que o Braval nasceu muito unido à celebração do centenário do nascimento de S. Josemaria Escrivá. No seu trabalho têm presente que, como dizia o Fundador do Opus Dei, cada cristão deve ser «ser mais um entre os seus irmãos os homens, de cuja vida participa, com quem se alegra, com quem colabora, amando o mundo e todas as coisas criadas para resolver os problemas da vida humana e para estabelecer o ambiente espiritual e material que facilite o desenvolvimento das pessoas e das comunidades». (Temas actuais do cristianismo, n. 110).

Alguns voluntários beneficiaram anteriormente dos programas de Braval, como Hans Magno, filipino. Há rapazes que desejam ser voluntários no futuro, como Rashid, que afirma desejar “ir para a Universidade e, ao mesmo tempo ser voluntário no Braval”. Rashid é muçulmano. Nasceu em Damasco, embora a família seja oriunda de Islamabad (Paquistão). “Viemos para Espanha há cinco anos e agora o meu pai está à frente de uma mercearia no Raval”. Há mais de um ano começou a frequentar as atividades de Braval. “Gosto muito de Braval. Ajuda-me a sério. Tenho um sítio para fazer os trabalhos de casa e onde encontrar bons amigos”. Tanto se lhe dá a nacionalidade dos outros. É, e considera-se completamente daqui.

Diversidade e respeito

No Braval há aulas de formação, e os rapazes que mostrem interesse recebem formação cristã, sempre com grande respeito pela diversidade religiosa. “Não perguntam de que partido se é – afirma Rashid – ou qual a nossa religião, mas ajudam-nos de verdade. Não dizem aquilo em que se deve de acreditar, isso é ponto de honra».

Josep Masabeu diz que “é importante compartilhar uma concepção básica da pessoa e respeitar os deveres e direitos que tornam grata a convivência”. É isto que propomos aos jovens, através das nossas atividades e com o exemplo e a dedicação dos voluntários”.

O Braval nasceu para dar soluções concretas a problemas reais. Às cifras preocupantes do bairro contrapõem-se dados que indiciam esperança. Porque no Raval vivem pessoas com problemas e necessidades imediatas, mas também cheias de entusiasmo e esperança., e em muitos casos com vontade de contribuir para o bem da sociedade em que vivem. Demonstram o valor positivo da diversidade cultural e o desejo de superar as desigualdades e discriminação que as migrações originam. E no Braval aprendem também os que ensinam.

Texto: Eugeni Xalabader

Fotografias: Braval

Braval@braval.org

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