Um homem de paz
Falar do perdão implica referir-se ao mal como presença perturbadora no mundo e ao bem como superação do mal. Mas “hoje você fala com as pessoas sobre certo e errado e provavelmente elas vão rir de você”, diz McCarthy em seu romance Onde os Velhos Não Tem Vez[1]. A ofensa coloca a pessoa diante do bem e do mal. E a sua atitude de perdão ou ressentimento dirá muito sobre ela. Nenhuma pessoa que foi ofendida sorri diante do bem ou do mal.
Ainda não conhecemos em toda a sua profundidade a vida de Álvaro del Portillo, embora conheçamos o suficiente para iniciar algumas linhas de trabalho. Uma delas provém de concentrar a atenção na sua caridade para com o próximo e, especificamente, no seu amor aos inimigos. Sobressai então a sua caridade heroica e como assimilou a lógica do perdão, fiel a São Josemaria.
Os que conheceram dom Álvaro o definem como um homem de paz[2]. Dom Álvaro era um homem de paz e a irradiava à sua volta, porque amou heroicamente os outros incluindo os inimigos; porque, falando de modo negativo, não levava em conta o mal e não respondia às ofensas com ressentimento. A paz que ele vivia contava com uma gramática própria, longe da falsa paz que muitas vezes encontramos.
Muitos concordam também em indicar, como um dos traços da sua personalidade, que nele a fortaleza e a valentia se integravam à paz para empreender o que era difícil[3]. São Josemaria queria que os filhos de Deus fossem “semeadores de paz e de alegria”[4], sim, mas não pusilânimes. Dom Álvaro realizou em sua vida o modelo que São Josemaria propunha para todos os cristãos, que é a coerência de todas as virtudes em unidade de vida.
Temos que apreciar em sua justa medida o fato de que Dom Álvaro perdoasse como São Josemaria, evitando o risco de confundir a fidelidade com a reprodução mimética, com a mera imitação despersonalizada. O que é admirável é precisamente que viveu a caridade inspirado em São Josemaria, encarnando uma proposta nova de santidade na Igreja.
A autenticidade de Mons. del Portillo, ao viver a caridade, baseia-se em que era ele quem a vivia. Como testemunhava o Cardeal Deskur, “tudo o que Álvaro havia aprendido de Josemaria Escrivá era profundamente seu, parte de si mesmo, era a sua vida. Ele foi o melhor exemplo da virtude da fidelidade”[5]. Poder-se-ia dizer que quanto maior a fidelidade, mais autêntica ela é.
Por isso, mais do que indagar em que se distinguiu de São Josemaria, tentaremos compreender dois aspectos muito relevantes. O primeiro, a sua fidelidade ao carisma de São Josemaria no modo particular de viver a caridade com aqueles que o ofendiam, manifestada no perdão. O segundo, as suas circunstâncias vitais, que não foram idênticas às de São Josemaria.
Da mesma forma que não se entenderia a vida de São Josemaria sem aludir ao modo como viveu o amor aos inimigos, tampouco se compreenderia a figura de Dom Álvaro sem conhecer e avaliar a sua heroicidade nesse mesmo aspecto. Diante das ofensas, a estrutura da vida cristã e as forças físicas e psíquicas recebem maior pressão. Costuma ser fácil amar a quem nos ama, mas é difícil e pode parecer um absurdo amar a quem nos ofende e enfrentar serenamente os danos causados.
Convém esclarecer que o amor aos inimigos não se reduz a reprimir a reação natural da vingança, o que em muitas situações pode já ser muito. “O perdão na sua forma mais autêntica e elevada, é um ato de amor gratuito”[6], que pede querer um bem para o ofensor: “amar o inimigo”[7]. Os estudiosos de psicologia afirmaram durante longo tempo que o perdão consistia fundamentalmente numa ação negativa. Há alguns anos os autores acrescentam também a necessidade da benevolência, de uma conduta positiva do ofendido, para que se dê o verdadeiro perdão[8], e assim convergem a dimensão psicológica e a mensagem evangélica de amar os inimigos.
O perdão como lembrança transformadora
Às vezes há resistência em lembrar-se das ofensas pelo temor de que a recordação reabra o que parecia enfim esquecido. Tal temor pode ser justificado numa época como a nossa de esquecimentos dolosos e recordações vingativas. No entanto, nem o perdão deve ser identificado com o esquecimento, nem a recordação, com a vingança.
No contexto que estamos considerando, recorda-se a ofensa para medir a ação de Deus no ofendido, a sua estatura moral e a sua capacidade de transformar o conflito, do mesmo modo que para falar de um mártir é preciso referir-se ao fato histórico do martírio, não para sublinhar o mal cometido ou culpar os seus autores, e sim para examinar o potencial de superação do mal que teve o perdão que foi concedido. Do ponto de vista do perdão são as pessoas que interessam: o ofendido, o ofensor e a relação inerente entre eles.
Este é o contexto e o objetivo da lembrança. O perdão desvia a atenção da ofensa e a redireciona à decisão transformadora tomada pelo ofendido, à fonte dessa ação e também ao ofensor, descobrindo soluções inéditas de reconciliação.
Por esses motivos centraremos o nosso estudo nas respostas às ofensas, que mencionaremos concisamente sem detalhes. Em primeiro lugar, estabeleceremos uma breve cronologia da vida de Dom Álvaro. Abordaremos depois a conaturalidade do perdão, o modo prático de perdoar ensinado por São Josemaria, a integração da caridade com o próximo no governo e, finalmente, ofereceremos uma conclusão. O propósito é propor um tema e reflexões que forçosamente devem ser provisórias.
Relatos de amor e perdão
Retrocedendo à infância, um paralelismo percorre a vida de São Josemaria e a de Dom Álvaro. As duas famílias empobreceram. No caso de dom Álvaro, foi a revolução mexicana de princípios do século XX que se apropriou das propriedades e negócios da família da sua mãe e implicou a saída do país e a mudança para a Espanha. Nos dois acontecimentos vemos famílias cristãs que perdoam e que, de forma coerente com o perdão concedido, não transmitem o rancor aos filhos. Álvaro aprendeu dos seus pais a perdoar e a não guardar ressentimento dessa nação que amou durante toda a sua vida[9].
Em 1934, quando tinha 19 anos e ainda não conhecia São Josemaria, foi brutalmente atingido na cabeça com uma chave inglesa, no ambiente violento da Espanha daquela época, depois de ter dado aula de catequese numa paróquia de Vallecas[10], em Madri. Conseguiu fugir pelo metrô, que estava fechando as portas exatamente quando Álvaro entrou e os seus agressores ficaram fora. Como ele mesmo dizia, “por isso, talvez, não me mataram”[11]. A notícia da agressão foi publicada pelos principais jornais de Madri. Sua irmã Pilar conta que Álvaro suportou a longa convalescença com “santa resignação”[12].
Dois anos depois, em 1936, começou a Guerra Civil Espanhola durante a qual, junto com tantas outras pessoas, passou anos de sofrimento. Devido a suas convicções cristãs, foi fugitivo e desertor; durante meses foi de um alojamento a outro, em casas particulares ou procurando refúgio em instituições consulares da Finlândia, México e Honduras. Esteve preso no cárcere de San Antón, do qual levavam diariamente pessoas para serem executadas e onde sofreu torturas e humilhações. Não pôde sair da Legação de Honduras, na qual permaneceu refugiado durante quinze meses, para ver pela última vez seu pai agonizante, pois arriscaria a sua própria vida[13]. “A dureza da guerra civil acelerou o processo de amadurecimento espiritual do Servo de Deus, que aprendeu a perdoar de coração, e recordava aos outros o dever de perdoar ‘tudo a todos’”[14]. Raríssimas vezes referiu-se durante a sua vida aos sofrimentos daquela época. Certa vez, em uma reunião com sacerdotes, nas Filipinas em 1987, aproveitou para recordar o dever de perdoar: “Era um ódio incrível à religião. Mas é preciso saber perdoar”[15].
Depois da guerra civil, vemo-lo sempre ao lado de São Josemaria. Os anos quarenta do século passado foram os das calúnias mais intensas[16] contra a pessoa de São Josemaria e contra o Opus Dei. As calúnias continuaram praticamente durante toda a vida do fundador, ao mesmo tempo em que se dava a expansão apostólica da Obra por todo o mundo. Dom Álvaro sofria junto de São Josemaria como seu colaborador mais próximo e, a partir de 1944, também como seu confessor. Nunca saberemos até que ponto Álvaro del Portillo sustentou o fundador nesta singular travessia do deserto. “Naquela época, a situação ganhou em pouco tempo dimensões tão grandes que São Josemaria perguntava frequentemente a Álvaro: De onde nos insultarão amanhã?”[17]. Como afirmava São Josemaria, dom Álvaro havia recebido muitas vezes os golpes destinados ao fundador[18]. Permaneceu sempre ao seu lado e nunca o deixou sozinho. Como indica Medina “esta época pôs em evidência mais uma vez alguns traços de Álvaro, como o seu amor à verdade, a lealdade para com o fundador, a valentia e a fortaleza diante das adversidades, a serenidade e a paz interior, a prudência e a capacidade de perdoar”[19].
Dom Álvaro foi, portanto, testemunha das ofensas infligidas desde 1935 até 1975 e das reações do fundador diante delas: como havia perdoado na prática e como era o seu olhar para o ofensor. E também da sua crescente união com Deus através da purificação passiva. Presenciou um estilo de perdão sobrenatural, completo, discreto e sem sentir-se vítima. Os casos foram tantos e o modelo de comportamento tão nítido que dom Álvaro saberia anos depois o que tinha que fazer. Além disso, no núcleo do espírito do Opus Dei que devia transmitir às gerações seguintes, encontra-se igualmente a capacidade de conviver com todos, compreender, desculpar e perdoar[20].
Em 1975, dom Álvaro foi eleito primeiro sucessor de São Josemaria à frente do Opus Dei. Desde então, a fidelidade ao espírito da Obra e à sua conservação e defesa converteram-se em uma missão para toda a vida. É a isso que se deve recorrer para compreender e interpretar as suas decisões.
A década de 1980 foi intensa e as dificuldades foram vindo uma após a outra praticamente até a data do seu falecimento. Como prelado, enfrentou fatos ofensivos relacionados à configuração jurídica do Opus Dei antes e depois de 1982; e ainda, sobretudo entre 1979 e 1983, o grupo terrorista ETA iniciou uma série de atentados dirigidos a atividades do Opus Dei na Espanha[21]. Nos começos dos anos oitenta, surgiram episódios caluniosos de longa duração que dificultaram o trabalho apostólico em alguns países como a Alemanha (1983), Áustria (1983) e Suíça (1984), Itália (1986); Espanha e Holanda, também durante os anos oitenta. Finalmente, a campanha, de repercussões na mídia internacional, contra a beatificação do fundador antes de 1992[22].
Olhando para trás, o Cardeal Cheli dizia em 1994: “Nestes quase quarenta anos vi Mons. del Portillo enfrentar provas que teriam abalado qualquer outro; o Senhor permitiu frequentemente que o Opus Dei fosse objeto de calúnias, de suspeitas injustas e, às vezes de manobras malvadas. Ele havia aprendido de Josemaria Escrivá a perdoar, a cobrir a injustiça com a caridade. Abraçava a Cruz, perdoava, calava e continuava servindo, trabalhando. Isto, para mim, é heroísmo”[23].
Destaca-se repetidamente, nos testemunhos sobre dom Álvaro ou em suas próprias palavras, a singular simbiose de caridade e fortaleza, que chegou a configurar uma marca de sua personalidade.
A conaturalidade do perdão ou o “perdão fácil”
O filósofo Paul Ricoeur intitula um dos capítulos do seu livro A memória, a história, o esquecimento de “O perdãodifícil”[24]. O texto é uma reflexão sobre o perdão e se refere a ele dizendo que não é “nem fácil, nem impossível”[25]. Ricoeur considera o que é patente para todos: perdoar é difícil. Tanto que percebemos uma cumplicidade espontânea entre muitos cristãos: o perdão é admirável, mas não poderia ser exigido em algumas circunstâncias. A caridade tornou-se confortável e adapta o ethos evangélico do amor aos inimigos, diminuindo-o, restringindo o desenvolvimento da caridade até as consequências interpessoais e sociais. Diante da presença do mal, e mais ainda quando nos afeta pessoalmente, tendemos a deixar-nos superar por ele.
Perdoar é difícil porque, como indica também Ricoeur, “é essencialmente num sentimento que se dá a experiência da falta”[26]. A ofensa atinge primeiro a esfera emocional e esta funciona como uma caixa de ressonância no espírito que pode sentir-se incapaz de tomar a decisão de perdoar.
Por seu lado, Álvaro del Portillo escrevia em 1982, a respeito de uma campanha caluniosa na época da configuração jurídica do Opus Dei: “aprendemos a amar a aqueles que [...] não entendiam ou não queriam entender o nosso caminho. Aprendemos a ter paciência e aprendemos o perdão fácil”[27].
Era um modo paradoxal de expressar que ele tinha aprendido a tornar fácil o que é difícil. Há uma aprendizagem do “perdão fácil”. Vêm aqui à memória as conhecidas palavras de São Josemaria: “Não precisei aprender a perdoar, porque o Senhor me ensinou a amar”[28]. Ele dizia também em 1974 que “um homem que sabe perdoar tem algo de divino em seu caráter, porque só Deus nos ensinou a perdoar assim”[29]. Aprender a amar e saber perdoar são sinais de Deus nas pessoas.
Da aprendizagem do perdão emergem duas considerações: a primeira, que o motor do perdão é o amor e a segunda, que é preciso aprender a articulá-lo. Embora se possa outorgar instantaneamente, o perdão não é um ato invertebrado. A aprendizagem indica que uma coisa é perdoar e outra é que a decisão tomada envolva toda a pessoa (inteligência, vontade e esfera afetiva) e mantenha a decisão ao longo do tempo. O Evangelho traz esse significado dizendo que é preciso perdoar “de coração”[30] e a sabedoria cristã descreveu a totalidade como “perdoar de todo coração”.
No que se refere ao amor, quanto mais se ama, mais fácil é perdoar. Neste sentido, a dificuldade de perdoar não depende só da gravidade da ofensa, mas em grande medida da capacidade de amar do ofendido. Ser capaz de perdoar é um dom de Deus (“o Senhor me ensinou a amar”) e fruto da correspondência da pessoa.
Para analisar a estrutura íntima do processo que leva ao perdão, a teóloga alemã Jutta Burggraf, refere-se aos “atos eminentemente livres”[31], que seriam os que são decididos e realizados em situações de especial resistência. A mesma autora indica que “aqui se vê claramente que o perdão, embora ligado a experiências afetivas, não é um sentimento. É um ato da vontade que não corresponde ao nosso estado psíquico. Podemos perdoar chorando. Quando uma pessoa realiza o ato de perdoar com liberdade, muitas vezes, o sofrimento perde a sua amargura e pode desaparecer, com o tempo”[32].
O ato fluirá com mais facilidade se há amor; e a sua repetição outorga conaturalidade. A facilidade de perdoar revela igualmente a transformação da pessoa pela caridade e esta conforma o lugar mais profundo, onde as decisões são tomadas[33]. Como dizia Francisco Ponz, ao relatar um episódio da vida de dom Álvaro durante a Guerra Civil, “viviam as virtudes cristãs com simplicidade, sem ostentação humana, como algo que a graça divina tinha feito conatural”[34].
É o amor que pode levar uma pessoa a percorrer processo do perdão em um segundo, com pleno conhecimento e advertência do seu alcance. A conaturalidade não impede a consciência da ofensa, do dano e das suas consequências, às vezes irreparáveis. Perdoar também não é renunciar à justiça nem à verdade. Perdoar é um ato de confiança em Deus e é assumir o risco da falta de correspondência por parte do ofensor.
O perdão que a caridade outorga tem relação com aquele “perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”[35], que poderia ser traduzido por “eu sei bem o que faço ao perdoar, você não sabe o que faz ao ofender”. Como escreveu dom Álvaro em uma carta por ocasião de um atentado terrorista no santuário de Torreciudad em 1979: “Senhor, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem! Parece que sabem sim, porque atuaram com perfídia diabólica: colocaram a bomba de modo que os confessionários ficassem destruídos. Incomodam-nos as ‘pegadas de Jesus’, como diria nosso Padre. [...] Parece que sabem, mas não sabem, porque o ódio os impede de conhecer a barbárie em que caíram: e lhes perdoamos de todo coração [...]”[36]. É hora de desterrar o tópico de que quem perdoa como um cristão não sabe o que faz. É hora de separar semanticamente o perdão da fraqueza.
Que a fonte do perdão é o amor, mostra-o na atualidade o testemunho de pessoas que, muitas vezes com uma fé simples perdoam com a referência tão fácil de expressar como radical de conteúdo do “amor aos inimigos”[37]: somos cristãos, devemos perdoar[38]. A este aspecto pode-se aplicar também o que recorda o Papa Francisco na Evangeli Gaudium: “A presença do Espírito confere aos cristãos uma certa conaturalidade com as realidades divinas e uma sabedoria que lhes permite captá-las intuitivamente, embora não possuam os meios adequados para expressá-las com precisão”[39].
Em 1982, quando Álvaro del Portillo se refere ao “perdão fácil”, haviam transcorrido quase 50 anos desde aquele dia de fevereiro de 1934, quando tentaram acabar com ele em Vallecas. Esforçou-se sempre por perdoar. Para ele, o perdão tornou-se tão natural e próprio, que a paz e a serenidade diante das contradições ficava evidente em seu corpo e em seu sorriso.
O perdão vertebrado: O roteiro de São Josemaria
O fundador do Opus Dei recordou muitas vezes que é preciso “aprender a fazer o bem”[40]. Álvaro del Portillo procurou ajustar-se sempre ao perdão transmitido diretamente por São Josemaria, até interiorizá-lo. Tanto os escritos de dom Álvaro, como os testemunhos de terceiros em épocas diferentes, mostram a sua vontade invariável de perdoar seguindo o roteiro traçado por São Josemaria e formulado com algumas variantes: “rezar, perdoar e trabalhar”. Outras vezes: “rezar, perdoar, trabalhar, sorrir”. Também: “calar”. E como consequência de tais atitudes, a união com Deus, a serenidade e a paz[41].
O perdão outorgado por São Josemaria harmoniza os níveis teológico e psicológico. As pautas nasciam, sobretudo, da caridade com Deus. Depois, da sua experiência de perdão e do conhecimento da psicologia humana. Em particular, pela forma como o delito age sobre a pessoa ofendida e das medidas que devem ser adotadas, não só para minimizar os seus efeitos, mas para reverter a ofensa em uma oportunidade de amar a cruz. São Josemaria oferece um caminho para materializar a ação da caridade com o próximo que me ofendeu aqui e agora.
A primeira coisa que dom Álvaro fazia era pensar como o fundador teria atuado. Por exemplo, eis como respondia a uma carta de apoio que o Cardeal Ratzinger lhe tinha enviado em 1986 por ocasião das dificuldades padecidas na Itália: “[...] Basta-nos seguir o exemplo do nosso queridíssimo fundador diante das calúnias: embora lhe doessem por causa da ofensa a Deus e do dano causado às almas, perdoava de todo coração, rezava pelos caluniadores, sorria e continuava trabalhando infatigavelmente para cumprir a vontade de Deus. Nós também nos esforçamos para atuar deste modo [...]”[42].
Ou em uma carta ao vigário do Opus Dei na Espanha em 1980, poucos dias depois de receber a notícia de um atentado com bomba na Universidade de Navarra: “A primeira reação que me veio espontaneamente ao coração e à cabeça [...] foi pensar como teria reagido nosso queridíssimo Padre diante desse ataque [...]. Não demorei nenhum segundo para recordar o que ele viveu sempre em grau heroico: amar a todos, também aos que se consideram inimigos da Obra de Deus; perdoar, de todo o coração, lembrando-nos da paciência de que Deus Nosso Senhor tem conosco, com cada um de nós; e, imediatamente, rezar pelos que cometem estas violências, para que o Senhor ilumine as suas almas e eles retifiquem os seus descaminhos”[43].
Chama a atenção o fato de dom Álvaro sublinhar o perdão desde o primeiro momento, como lhe tinha aconselhado São Josemaria: “O Padre ensinava a perdoar a todos e logo”[44]. Devemos não dar só uns passos, mas fazê-lo logo: “imediatamente – antes de mais nada – procurei desagravar o Senhor por este gesto louco [...] e, depois destes primeiros pensamentos, ou simultaneamente, outros, bem fortes vieram-me à cabeça e ao coração: Senhor, perdoa-os [...]!”[45]
A prontidão em chegar à “atitude de perdão”[46] evita que a gama de emoções negativas ganhem terreno, enfraqueçam o autodomínio e cheguem a impossibilitar o perdão. A decisão de perdoar desde o primeiro momento, e depois mantida, atua como um muro de contenção fechando a passagem ao aluvião emocional. Perdoar desde o primeiro momento é difícil porque é imediatamente depois da ofensa que a sensibilidade mostra os seus efeitos com mais intensidade.
Inclusive perdoando assim acontece que, como o mar na ressaca, os sentimentos negativos voltam repetidas vezes. A ofensa contém um alto potencial de retorno: por exemplo, quando vemos ou ouvimos falar da pessoa que nos ofendeu, ou outro estímulo recorda a ofensa.
Por isso é preciso prestar atenção para outro aspecto ao qual Álvaro del Portilllo se refere frequentemente, que é, “perdoar de todo coração”, “perdoar e perdoar de todo coração”. O perdão circula normalmente em duas velocidades. A primeira seria a decisão de perdoar e a segunda, a reafirmação na decisão tomada, enquanto se padece a dor no transcorrer do tempo. A segunda corre mais lentamente porque nem sempre controlamos a sensibilidade que, não sem resistência, deve ceder à “tomada de posição” inicial. O que as pautas do perdão descobrem é a corrida de obstáculos que quem quiser perdoar verdadeiramente encontrará.
O perdão fundamentado na caridade, embora não evite o sofrimento, voa mais alto do que estas considerações, assumindo-as. O fim de quem perdoa é a identificação com a vontade divina, que ajuda a “perdoar, e perdoar de todo coração”. A presença do perdão como união com Deus envolve o tom sobrenatural dos escritos de Mons. del Portillo. Numa carta na qual respondia à viúva de uma pessoa recém assassinada por um grupo terrorista, que já havia perdoado; depois de dizer que “a sua carta, cheia de sentido sobrenatural, deu-me um grande consolo”, dizia-lhes: “peço além disso ao Senhor – pela intercessão de nosso Padre – que conservem a paz e a serenidade, que os ajude a amar a sua Vontade santíssima sem simplesmente conformar-se em aceitá-la, e que os encha de suas graças porque, como bons filhos seus, devem perdoar”[47].
Governo e perdão
No que se refere aos anos em que Álvaro del Portillo foi prelado do Opus Dei, deter-nos-emos em alguns momentos do seu governo que refletem as diferentes maneiras de expressar a caridade em diálogo com a prudência, a fortaleza, a justiça, a verdade ou o exercício da paternidade.
A radicalidade do mandato de amar os inimigos poderia levar ao equívoco de que o perdão implica renúncia à justiça e à verdade. Não há dúvida de que algumas vezes o perdão implica isso. No entanto, outras vezes não, e é então que muitas vezes se avalia se o perdão outorgado é verdadeiro, principalmente se dessa atuação pessoal derivam efeitos para outras pessoas ou instituições. A compenetração da caridade e da fortaleza em dom Álvaro revela-se também na ação dirigida a pedir justiça ou a esclarecer a verdade.
Procurar a verdade e a justiça por rancor não é a mesma coisa que procurá-las por caridade. O rancor oferece a possibilidade de que a justiça degenere em vingança e no surgimento de novas ofensas. A justiça estimulada pelo perdão alcança melhor o seu próprio fim. Por sua vez, a procura da verdade poderia degenerar no acúmulo de motivos que tornem válido o próprio ressentimento, em vez da lembrança já transformada pelo amor à qual agora, ao conhecer toda a verdade, acrescentam-se novas revelações. É difícil permanecer na caridade e na serenidade durante a busca da justiça e da verdade, porque se revive o passado ofensivo e seus efeitos.
Por outro lado, as medidas a adotar diante de uma ofensa não são sempre idênticas. É próprio da caridade equilibrar a intensidade da participação das outras virtudes, conformando a atuação final segundo as circunstâncias. Como indicam Burkhart e López, “a caridade com essas pessoas [os ofensores] pode exigir às vezes empregar os meios para impedir que façam o mal, mas outras vezes pode levar a não impedi-lo”[48].
Assim, no caso dos ataques pessoais, São Josemaria não respondia, mas sim o fazia quando se tratava da Obra ou de filhas ou filhos seus, e dom Álvaro procurava atuar da mesma forma[49].
Com relação à Obra, conserva-se uma boa quantidade de testemunhos que referem entrevistas de dom Álvaro cujo objetivo era explicar a Obra, desfazer mal-entendidos ou mostrar a verdade diante de falsidades. A origem desses encontros era muitas vezes uma calúnia que chegava a seus ouvidos ou aos de São Josemaria. Às vezes conseguia-se desfazer o mal-entendido ou a calúnia e outras vezes não, mas cumpria-se assim um dever de justiça. Não foi pouco o tempo e o esforço investidos por dom Álvaro nessa tarefa ao longo da sua vida. A sua caridade e simplicidade, junto da coerência ao defender a verdade[50], transformaram muitas relações em amizade para toda vida[51].
Na mesma linha de amor à verdade e de fortaleza encontra-se a interpelação no Parlamento italiano de três deputados que pretendiam aplicar ao Opus Dei a legislação das seitas. “Mesmo quando o eco da polêmica se extinguiu, o Servo de Deus insistiu diante das autoridades civis italianas para que a verdade fosse proclamada publicamente”[52]. E assim aconteceu. Quando a verdade sobre a Obra estava em jogo, ele enfrentava qualquer obstáculo e chegava até onde fosse necessário para que a verdade fosse proclamada[53].
Por outro lado, em outras circunstâncias, depois de uma campanha difamatória da cadeia de televisão alemã WDR em 1983, em que em uma série de programas “qualificou-se o Opus Dei de seita religiosa e sociedade secreta de grande periculosidade social [...], o Opus Dei foi aos tribunais civis contra os autores daquelas gravíssimas calúnias. [...] Os tribunais aceitaram a queixa declarando que as ações da WDR constituíam uma grave lesão dos direitos fundamentais da pessoa”[54].
Ao mesmo tempo que estes episódios, dom Álvaro ajudava seus filhos a manter um grande sentido sobrenatural e a perdoar. Pedia-o nas cartas que lhes enviava ou nos encontros que mantinha com eles. Exigia caridade heroica e punha-se na pele de quem sofria e de suas necessidades.
Dom Álvaro, como um bom pai, acompanhava os seus filhos e lhes transmitia paz e serenidade. Como indicação de conduta prática, viveu e ensinou o que tinha aprendido de São Josemaria: que os fiéis da Obra não falassem entre si das ofensas, para evitar até mesmo a ocasião de faltar à caridade contra os ofensores e não desperdiçar energia que deveria ser dirigida à evangelização[55].
Impulsionava a continuar com o trabalho apostólico sem se deixar abater pelas contrariedades. Por exemplo, escrevia a seus filhos da Alemanha depois da publicação de um livro calunioso: “Semeiem incansavelmente a paz e o amor de Cristo em tantos corações que estão esperando uma voz que os estimule. Sejam indomáveis. Não se deixem intimidar por essa vozes farisaicas”[56]. Procurava igualmente acompanhá-los fisicamente. “Mons. del Portillo acompanhou de perto os seus filhos alemães naqueles momentos, indo vê-los com frequência e animando-os a ter confiança em Deus e a não se deixar atemorizar [...]”[57]. “Durante aqueles anos de dificuldades fez quinze viagens a Áustria” e “entre 1987 e 1993 foi à Suíça quarenta e sete vezes”[58].
As suas chamadas à paz, apoiadas na confiança em Deus, são também abundantes. Numa tentativa de transmitir serenidade àqueles que ele pensava que podiam precisar, escrevia em 1980 a Florencio Sánchez Bella, quando recebeu a notícia do atentado terrorista à Universidade de Navarra, antes citado: “Fiquei com muita paz, e foi esta noite em que melhor dormi desde que cheguei a Londres. Portanto, filhas e filhos, muita paz!”[59].
Testemunha de perdão em um mundo conflituoso: a fraternidade criadora
Comove reler um testemunho sobre dom Álvaro do início dos anos trinta: “Tenho gravada na memória a imagem do Álvaro, com um daqueles pobres meninos no colo, pelas ruas de Madri, a caminho do Asilo”[60]. Tratava-se de vários irmãos pequenos que Álvaro e um amigo haviam encontrado abandonados nuns barracos, pois os pais tinham sido detidos pela polícia. Como dizia dom Álvaro, “o contato com a miséria humana produz um choque, o que me preparou para o momento em que me apresentaram o nosso Padre”[61].
O perdão e a misericórdia são parentes próximos. Dom Álvaro, assim como São Josemaria, outro paralelismo entre eles, tiveram como escola de misericórdia a pobreza extrema de grandes áreas de Madri. Deus preparava Álvaro para o futuro, dando-lhe um coração capaz de amar, de compreender e de perdoar. Dos numerosos testemunhos recolhidos da sua vida, pode-se ver a resposta de caridade heroica, que deu em todo momento, não sem esforço.
O Opus Dei recebeu do fundador e de Álvaro, em sua fidelidade a São Josemaria ao viver a caridade com o próximo que ofende, um legado transcendental. Trata-se de uma herança da qual sempre se pode tomar maior consciência, para conservá-la e transmiti-la tal e como foi recebida e que garante também a unidade da Prelazia.
Resumindo as suas atitudes, o caminho depois da ofensa seria: sentir dor pela ofensa a Deus, pensar em tudo que Deus perdoa a cada um, perdoar desde o primeiro instante, perdoar de todo coração, rezar pelo ofensor, calar, trabalhar, sorrir (não perder a alegria), serenidade e paz. Mesmo com essas atitudes, considerar que é preciso pedir justiça e verdade.
Este modo concreto de perdoar poderia servir para toda mulher e todo homem, especialmente para os cristãos da Igreja de hoje. “Cristo não redime somente a pessoa individual, mas também as relações sociais entre os homens”[62]. Os cristãos devem sair do solilóquio da culpa para entrar no diálogo do perdão. O cristão não é um ingênuo que pensa que por perdoar as ofensas, estas vão desaparecer do mundo, nem sequer da sua pequena galáxia de relações. Mas sabe que o perdão, como forma de amor, acrescenta sempre um registro intangível e inesperado.
O desenvolvimento da caridade chega sempre mais longe do que qualquer recurso humano idealizado para resolver conflitos, como a negociação ou os equilíbrios de força, meios que muitas vezes será preciso promover. Se não há perdão, a rota e o destino já estão marcados. O “mandamento novo” diz respeito não só à relação em si, mas também a modos novos e práticos de transformar os conflitos onde parecia não haver solução. Se permitirmos que a caridade desenvolva todo o seu potencial, então “o Espírito Santo possui uma inventiva infinita, própria de uma mente divina, que se ocupa de desatar os nós dos acontecimentos humanos, inclusive os mais impenetráveis”[63]. É a fraternidade criadora.
O Papa Francisco indica, entre as propostas para a nova evangelização “desenvolver um novo discurso da credibilidade”[64]. Parte do ”discurso” inclui a promoção de um novo circuito de valores entre as pessoas, de forma que o amor entre os cristãos continue sendo um sinal reconhecível da sua identidade.
O exemplo de perdão de Álvaro del Portillo será muito útil para recuperar o perfil hoje deformado, de um ato inspirado pelo amor, não determinado por um sentimento nem associado à debilidade nem ao temor. No perdão assim outorgado, a caridade estabelece a medida da verdade e da justiça. O perdão cobre também o trecho que a verdade e a justiça deveriam percorrer quando não são possíveis. O perdão é então o nivelador final.
- ESC – Edizioni Santa Croce
Comunicação apresentada por Jaime Cárdenas no Congresso por ocasião do Centenário de Álvaro del Portillo, na Pontifícia Universidade da Santa Cruz (12-14 de março de 2014).
[1] C. MCCARTHY, Onde os Velhos Não Tem Vez, Ed Objetivo, Rio de Janeiro, 2006.
[2] “[...] As impressões que conservo daquelas e de outras ocasiões de contato com dom Álvaro são as de uma pessoa [...] muito serena e inteiramente pacífica”, Perfil Cronológico-Espiritual do Servo de Deus Mons, Álvaro del Portillo, Bispo Prelado do Opus Dei (1914-1994), Postulação da Causa, Roma, 2002, Carta do Cardeal Cassidy a Mons. Javier Echevarría, p. 156. Cfr. também, na p. 68, a mesma ideia em relação à época das calúnias nos anos quarenta do século XX na Espanha.
[3] “A fortaleza de Mons. Álvaro del Portillo [...] era uma das características principais de sua personalidade”, Perfil Cronológico-Espiritual, p. 233. “Dom Álvaro foi, desde jovem, um homem valente”, J. ORLANDIS, Mis recuerdos, Primeros tiempos del Opus Dei en Roma, Rialp, Madri, 2005, p.44.
[4] SÃO JOSEMARIA, Sulco, n. 59, www.escrivaobras.org (consultada em 31/08/2020).
[5] Perfil Cronológico-Espiritual, testemunho do Cardeal Deskur, pp. 233-234.
[6] São João Paulo II, Mensagem para a celebração da XXX Jornada Mundial da Paz, 1/01/1997, Oferece o perdão, recebe a paz, www.vatican.va (consultada em 31/08/2020).
[7] Mt 5, 44.
[8] Cfr. M. E. MCCULLOUGH, & A.D.COHEN, Writing about the personal benefits of a transgression facilitates forgiveness, “Journal of Consulting and clinical Psychology”, 74 (2006), 2887-897, Agradeço a contribuição de Patricia Díez Deustua, Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar (Universidade Internacional de Catalunha).
[9] Cfr. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, Un hombre fiel, Rialp, Madri, 2012, pp. 33-34.
[10] Cfr. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp. 78-80.
[11] Cfr. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp. 78-80.
[12] Cfr. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp.78-80.
[13] Cfr. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp. 107-173, para uma panorâmica da vida de Álvaro del Portillo durante a Guerra Civil Espanhola.
[14] Perfil Cronológico-Espiritual, p.48. “Ao terminara a Guerra Civil, Álvaro seguiu o exemplo dado por São Josemaria: perdoar e esquecer, rezar pelos de um lado e pelos do outro, contribuir para o bem comum com o seu trabalho pessoal”, J. MEDINA, Álvaro del Portillo, p. 180.
[15] Perfil Cronológico-Espiritual, p. 48.
[16] Para um relato desta época, cfr. A. VÁZQUEZ DE PRADA, O Fundador do Opus Dei, Vol. II, Quadrante, São Paulo, 2004, pp. 485-498. No que se refere a dom Álvaro neste período, cfr. J. MEDINA Álvaro del Portillo, pp. 203-209.
[17] Perfil Cronológico-Espiritual, p. 68.
[18] “Álvaro é um modelo, e o meu filho que mais trabalhou e mais sofreu pela Obra”, Perfil Cronológico-Espiritual, p. 231. Palavras de São Josemaria.
[19] J. MEDINA, Álvaro del Portillo, p. 205.
[20] Cfr. J. CÁRDENAS, São Josemaria, mestre de perdão, em “Romana”, n. 52, Roma, 2011, p. 186-187.
[21] A organização terrorista ETA (Euskadi y LIbertad), socialista e separatista, surge em 1958 no País Basco, Espanha, e conta com uma longa história de violência.
[22] Cfr. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp. 573-579, para uma visão de conjunto das dificuldades dos anos oitenta do século passado.
[23] Perfil Cronológico-Espiritual, testemunho do Cardeal Cheli, p. 233.
[24] P. RICOEUR, A memória, a história, o esquecimento, Editora Unicamp, Campinas, 2007.
[25] P. RICOEUR, A memória, p. 465.
[26] P. RICOEUR, A memória, p. 467
[27] J. MEDINA, Álvaro del Portillo, “Carta 28/11/1982”, n. 18, p. 505.
[28] SÃO JOSEMARIA, Sulco, n. 804, www.escrivaworks.org.br/ (consultada em 31/08/2020).
[29] Palavras de São Josemaria tomadas de “Apuntes de la predicación, 18-V-1974”, citadas em E.BURKHART-J. LÓPEZ, Vida cotidiana y santidad en la enseñanza de San Josemaria, Vol. II, Rialp, Madri, 2011, p. 334.
[30] Mt 18, 35. “[...] O coração é considerado como resumo e a fonte, a expressão e o fundo último dos pensamentos, das palavras, das ações” SÃO JOSEMARIA,É Cristo que passa, n. 164, https://www.escrivaworks.org.br/ (consultada em 15-XII-2013).
[31] J. BURGGRAF, El arte de perdonar, artigo publicadoem “Diálogos Almundí”, 6-VI-2004.
[32] J. BURGGRAF, El arte de perdonar, artigo publicado em Diálogos Almudí, 6-VI-2004.
[33] “A caridade, infundida por Deus na alma, transforma a partir de dentro a inteligência e a vontade”, SÃO JOSEMARIA, Es Cristo que passa, edição crítico-histórica preparada por Antonio ARANDA, Rialp, Madri, 2013, p. 442. Cfr. também o comentário da edição crítica.
[34] J. MEDINA, Álvaro del Portillo, testemunho de Francisco Ponz, nota 118, p. 137.
[35] Lc 23, 34.
[36] A. DEL PORTILLO, Carta a Florencio Sánchez-Bella, Vigário do Opus Dei na Espanha, Roma, 1-07-1979, por ocasião do atentado de ETA ao Santuário de Torreciudad (Espanha) em 26-VI-1979, Arquivo Geral da Prelazia (AGP). Cfr. também J.MEDINA, Álvaro del Portillo, p. 448.
[37] Mt 5, 44.
[38] “Há testemunhos comoventes dos fiéis da África, testemunhos concretos de sofrimentos e reconciliação nas tragédias da história recente do continente”, BENTO XVI, Africae Munus, n. 20. Cfr. também a Message des Évêques de Centrafique aux fidèles chrétiens, aux hommes et aux femmes de bonne volonté, 08-01-2014, em www.journaldebangui.com (consultada em 15/01/2014).
[39] FRANCISCO, Evangelii Gaudium, 24-11-2013, n. 119, www.vatican.va (consultada em 1/09/2020).
[40] Is 1, 17. São Josemaria utilizou frequentemente esta citação em sua pregação, por exemplo em Amigos de Deus, n. 91, www.escrivaobras.org (consultada em 1/09/2020).
[41] Sobre o perdão em São Josemaria, cfr. J. CÁRDENAS, São Josemaria Escrivá, Mestre de Perdão.
[42] J. MEDINA, Álvaro del Portillo, p.580.
[43] A. DEL PORTILLO, Carta a Florencio Sánchez Bella, Vigário do Opus Dei na Espanha, Londres, 13-7-1980, depois de ter recebido a notícia de um atentado de ETA contra a Universidade de Navarra, AGP.
[44] J. ORLANDIS, Años de juventude en el Opus Dei, Rialp, Madri, 5ª edição, p. l84.
[45] A.DEL PORTILLO, Carta a Florencio Sánchez Bella, Vigário do Opus Dei na Espanha, Roma, 1-07-1979, depois de receber a notícia do atentado ao Santuário de Torreciudad, AGP.
[46] M. CRESPO, O perdão, uma investigação filosófica, Encontro, Madri, 2004, p.93.
[47] A. DEL PORTILLO, Carta a Maite Letamendía, Roma, 16-10-76, por ocasião do assassinato do seu marido Juan María de Araluce, junto com sua escolta, em 4/10/76, AGP. Araluce era Presidente da Diputación de Guipúzcoa (Espanha). Tanto Maite quanto Juan María era supernumerários do Opus Dei.
[48] E. BURKHART-J.LÓPEZ, Vida cotidiana, Vol. II, p. 336.
[49] Cfr. Beato Josemaria Escrivá de Balaguer: Un hombre de Dios. Testimonios sobre el Fundador del Opus Dei, Palabra, Madri, 1994, p. 104, testemunho de Mons. Laureano Castán Lacoma.
[50] Cfr. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, p. 577, nota 66, uma carta de dom Álvaro a Hans Urs Von Balthasar de 1984 na qual pedia uma retificação pública por declarações deformadas sobre a Obra.
[51] Cfr. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, p.208, em que se relata a entrevista de dom Álvaro com o Núncio na Espanha Mons. Gaetano Cicognani em 1941 e que foi o começo de uma longa amizade.
[52] Perfil Cronológico-Espiritual, p. 176, nota 11.
[53] Cfr. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, pp. 579-582, para uma relação dos fatos.
[54] Cfr. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, p574, em que se relata a campanha daWDR.
[55] Cfr. J. MEDINA, Álvaro del Portillo, p. 574.
[56] J. MEDINA, Álvaro del Portillo, Carta a César Ortiz-Echagüe, roma, 10-02-1986, nota60, p. 575.
[57] J. MEDINA, Álvaro del Portillo, p. 574.
[58] J. MEDINA, Álvaro del Portillo, p. 576.
[59] Á. DEL PORTILLO, Carta a Florencio Sánchez-Bella, Londres, 13-07-1980, AGP.
[60] J. MEDINA, Álvaro del Portillo, testemunho de Manuel Pérez, p. 78.
[61] J. MEDINA, Álvaro del Portillo, testemunho de Manuel Pérez, p. 78.
[62] FRANCISCO, Evangelii Gaudium, 178.
[63] FRANCISCO, Evangelii Gaudium, 178.
[64] FRANCISCO, Evangelii Gaudium, 132.