Algumas orientações sobre a confissão, o atendimento sacerdotal e o acompanhamento espiritual que a Prelazia proporciona

No Opus Dei seguem-se as normas e recomendações do Magistério da Igreja para possibilitar este sacramento e o acompanhamento espiritual.

Jornada Mundial da Juventude, Cracóvia 2016

São Josemaria recomendava, como tantos santos e autores espirituais, a prática da confissão frequente para fortalecer a vida espiritual apoiando-se na graça de Deus. Animava também a procurar a ajuda de outras pessoas, através do acompanhamento espiritual, entendido sempre a partir de uma perspectiva de liberdade que ajude a pessoa a abrir horizontes interiores.

O Papa Francisco insistiu, através dos seus ensinamentos e gestos, na importância e atualidade destes dois meios de ajuda espiritual. Em várias ocasiões, por exemplo, recebeu o sacramento do perdão na basílica de São Pedro como um penitente a mais e destacou, por ocasião do Jubileu da Misericórdia, que “é importante que eu vá ao confessionário, que me coloque diante do sacerdote que representa a Jesus, que me ajoelhe diante da Mãe Igreja, chamada a distribuir a misericórdia de Deus. Há uma objetividade neste gesto, em ajoelhar-me diante do sacerdote que é, nesse momento, o conduto da graça que me atinge e me cura”[1].

Com relação ao acompanhamento espiritual, na Exortação apostólica Evangelii Gaudium, dedicou os números 169 a 173 a este tema, explicando o seu sentido e as suas características para que constitua uma ajuda eficaz, tanto para quem a procura como para quem oferece: “A escuta nos ajuda a encontrar o gesto e a palavra oportuna que nos removem da tranquila condição de espectadores. Só a partir desta escuta respeitosa e compassiva é que se pode encontrar os caminhos para um crescimento genuíno, despertar o desejo do ideal cristão, o anseio de corresponder plenamente ao amor de Deus e o anelo de desenvolver o melhor de quanto Deus semeou na nossa própria vida”[2].

Os sacerdotes do Opus Dei, como todos os clérigos (cfr. c. 279 CIC), recebem uma formação permanente, com orientações para melhorar o atendimento pastoral que prestam aos fiéis da Prelazia e a outras pessoas que recorrem ao seu ministério, sempre em sintonia com o Magistério e o Direito da Igreja. Nos últimos anos, se acrescentaram aos programas de formação permanente os ensinamentos do Papa Francisco por ocasião do Ano da Misericórdia e as alocuções recentes[3], bem como as recomendações de especialistas em temas de psicologia, comunicação e outras especialidades. A carta sobre a liberdade, escrita pelo Prelado em 9 de janeiro de 2018 constituiu igualmente uma fonte para aprofundar nas melhores formas de acompanhar as pessoas em seu caminho de liberdade interior e diálogo com Deus.

Nas conversas de acompanhamento espiritual, o sacerdote – ou um leigo capacitado para tal – aconselha sobre os temas que interessam à pessoa que solicita esta ajuda. De acordo com o grau de confiança ou com a sensibilidade do interessado, podem surgir temas para abrir horizontes ou facilitar o crescimento interior. Tais conselhos não são imposições e sim sugestões para que o interessado avalie e leve à prática, uma vez que as tenha tornado próprias. Quem aconselha nunca se propõe como modelo das orientações que possa dar, mas as dá em sintonia com os ensinamentos da Igreja e do espírito da Obra, no caso dos fiéis da Prelazia. Nesta linha, com a consciência de que o processo de secularização que vivemos apresenta maiores desafios para a vivência da fé na vida diária, se fortaleceu a preparação dos leigos, mulheres e homens, que se ocupam do acompanhamento espiritual. Esta formação aprofunda na importância de fomentar um clima de respeito e liberdade, no qual não têm lugar expressões ou gestos autoritários ou de poder sobre as pessoas[4].

No Brasil, as orientações gerais são complementadas com as diretrizes dadas pela Conferência Episcopal.

Como se vivem estas orientações em instituições que solicitam ajuda pastoral ao Opus Dei no Brasil

As orientações gerais antes indicadas são também as que a Prelazia do Opus Dei aplica ao colaborar através de acompanhamento espiritual a instituições educativas com as quais tem um convênio estabelecido para contribuir para a vivificação Católica dessas iniciativas.

O atendimento dos sacerdotes

O acompanhamento espiritual que os sacerdotes da Prelazia do Opus Dei oferecem nas instituições com as quais a Prelazia tem um convênio de atendimento pastoral (cfr. nn 121-123 dos Estatutos da Prelazia), segue as indicações e recomendações da Igreja, contidas em vários textos: o Ritual da Penitência, o documento “O sacerdote ministro da misericórdia divina”[5], o Catecismo da Igreja Católica, o Código de Direito Canônico.

Sobre o modo de oferecer o acompanhamento espiritual

Os capelães designados combinam com cada instituição as horas e lugares de atendimento para o acompanhamento espiritual e a administração do sacramento da Penitência.

Procuram mostrar-se disponíveis e, ao explicar a ajuda que estes meios apresentam, destacam sempre a liberdade de cada pessoa para recorrer a eles[6], evitando qualquer possível impressão de coerção pessoal ou de ambiente que leve alguma pessoa a sentir-se constrangida ou prejudicada se não conversar com o sacerdote. A iniciativa deve provir dos interessados, que podem escolher o sacerdote que quiserem e deixarem de procurá-lo quando acharem conveniente[7].

No sacramento da Penitência se outorga um grande bem: a absolvição dos pecados em nome de Cristo. Além disso, o confessor colabora com a graça de Deus mediante conselhos que animem e abram horizontes, com orientações que ajudem a considerar o amor e a misericórdia que Deus tem conosco[8]. No acompanhamento espiritual e na confissão o sacerdote se esforça para facilitar o diálogo com grande prudência e delicadeza[9], mantendo um tom de respeito para com a intimidade da pessoa. Se o penitente quiser, o sacerdote pode ajudá-lo a confessar-se recordando e explicando os mandamentos, sempre de modo positivo e evitando todo constrangimento[10].

Sobre o local

O local próprio para o sacramento da Penitência é o confessionário, que pode ter uma grade fixa entre o penitente e o confessor, exceto se houver um justo motivo[11] e que se encontra sempre numa Igreja ou Capela, em lugar visível e público. Pode-se também utilizar uma sala ampla especialmente acondicionada com vidro na porta. Normalmente o confessionário com grade é o mais conveniente e se sugere de modo especial para meninas, meninos e adolescentes. Quando se trata de mulheres, utiliza-se o confessionário com grade fixa.

Para as conversas próprias do acompanhamento espiritual utiliza-se também o confessionário ou salas amplas com porta de vidro ou lugares abertos. As conversas de acompanhamento espiritual com mulheres se realizam em confessionário com grade fixa.

Sigilo sacramental

Os sacerdotes vivem a inviolabilidade do sigilo sacramental com rigor absoluto, de acordo com o que se indica no Ritual da Penitência, no Código de Direito Canônico e na recente Nota da Penitenciaria Apostólica[12]. Vive-se também uma discrição total a respeito das conversas de acompanhamento espiritual[13].


[1] Papa Francisco, O nome de Deus é misericórdia.

[2] Papa Francisco, Exortação apostólica Evangelii Gaudium, n. 171.

[3] Site do Ano da Misericórdia: http://www.im.va/content/gdm/pt.html; Carta apostólica Misericordia et misera: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20161120_misericordia-et-misera.html; homilias e ângelus: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2019/documents/papa-francesco_20190329_omelia-penitenza.html e https://www.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2021/documents/papa-francesco_angelus_20210214.html.

[4] Um livro que traz em parte esta visão e estas orientações é “Para llegar a puerto”, de Francisco Fernández Carvajal (https://www.palabra.es/para-llegar-puerto-0568.html)

[5] Congregação para o Clero, 9 de março de 2011.

[6] Cfr Catecismo da Igreja Católica, n. 1464

[7] Como explica o Catecismo nos nn. 1425-1429 o Sacramento da Penitência se entende no contexto da conversão pessoal que leva a procurá-lo livremente.

[8] Cfr. Catecismo da Igreja Católica, nn. 1465-1466; Para Redescobrir o ritual da Penitência, Congr. para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

[9] Cfr. Ritual para a confissão, n. 18; Para redescobrir o ritual da Penitência, Congr. para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos; Código de Direito Canônico, cânon 979; Catecismo da Igreja Católica, n. 1466.

[10] No que se refere ao sexto mandamento do decálogo, os sacerdotes cuidam especialmente dos critérios de delicadeza e prudência nas perguntas necessárias para ajudar a iluminar a consciência. Seguindo a praxe habitual da Igreja nestas matérias, em caso de dúvida sobre a integridade do sacramento, é melhor ser seco do que causar constrangimento ou escândalo por excesso. Cfr. Mensagem de João Paulo I à Penitenciaria Apostólica, 20-III-1998, n. 5.

[11] Cfr. Ritual para a confissão, n. 1; Código de Direito Canônico, cânon n. 964

[12] Cfr. Ritual para confissão, n. 1; O Sacramento da Reconciliação n. 12; Código de Direito Canônico, cânones 983 e 984; Catecismo da Igreja Católica, n. 1467 e a recente Nota da Penitenciária Apostólica sobre a importância do foro interno e inviolabilidade do sigilo sacramental, 29-VI-2019, n. 1.

[13] “Na direção espiritual os fiéis abrem livremente o segredo de sua consciência ao diretor espiritual/guia, para serem guiados e apoiados para escutar e cumprir a vontade de Deus. Este âmbito particular, portanto, exige também um certo grau de segredo ad extra, inerente ao conteúdo dos discursos espirituais e que deriva do direito pessoal ao respeito de sua própria intimidade”, Nota da Penitenciária Apostólica sobre a importância do foro interno e a inviolabilidade do sigilo sacramental, 29-VI-2019, n. 2.

    Fotografía: archive.krakow2016