Ajudar os outros... cuidando da arte

Jovens espanholas da associação Alcanadre (Huesca) dedicaram boa parte das férias à restauração e conservação do patrimônio artístico da igreja de Chimillas. É uma forma de preservar a história e permitir que os habitantes da localidade continuem desfrutando de sua arte religiosa.

Doze estudantes de ensino médio e universitário de Huesca e Saragoça dedicaram-se neste verão à conservação do patrimônio artístico da sacristia e da sala paroquial da igreja de São Jorge, em Chimillas, numa empreitada promovida pela associação Alcanadre (Huesca), uma iniciativa apostólica do Opus Dei. Nesse período, as voluntárias conviveram com meninas de Chimillas e conheceram paisagens naturais do reino de Mallos.

Colaboraram a prefeitura da cidade - o prefeito autorizou o uso do ginásio de esportes para alojamento -, a associação Alcubierre, de Saragoça, e a ONG Solidariedade Universitária, de Huesca.

A iniciativa, dirigida por uma diplomada da Escola Superior de Conservação e Restauração de Bens Culturais de Aragão, teve como objetivo prevenir possíveis ataques de microorganismos no interior da igreja, do século XVIII, e de insetos xilófagos que atacam especialmente a madeira. “Dado que os moradores de Chimillas já cuidam periodicamente da higiene e limpeza, é muito conveniente protegê-la de outros inimigos piores”, explica a diretora do grupo de trabalho, Asun Serrano.

À medida que corriam os dias, seis meninas de Chimillas, de 13 a 18 anos, que estudam em Huesca em centros de ensino públicos e privados, foram-se unindo ao grupo de trabalho, que foi dividido em dois: um, responsável pela eliminação do pó superficial e insetos mortos do mobiliário da igreja e sacristia - cadeiras, armários, arcos, guarda-roupas e estantes -; outro, encarregado de elaborar um inventário dos vasos sagrados, objetos de culto, panos litúrgicos, ornamentos – casulas, capas pluviais, alvas – e dos livros da casa paroquial.

À hora do balanço, Maria Eugênia, de 13 anos, residente de Saragoça, não tem dúvida de que vai repetir a experiência: “Fizemos só uma parte mínima do que precisa ser feito. Além do mais, achei genial. No ano que vem voltarei a Chimillas”.

Sua amiga Esther, que fez o inventário de livros, revela-se surpresa com a temática de alguns deles: “Limpei livros de física, geometria e álgebra de 1927; guias naturais e de meio ambiente. Nunca tinha imaginado que fosse encontrar isto em uma igreja, mas sim o típico: vidas de santos, evangelhos, catecismos, etc.”.

Esther esteve acompanhada todos os dias por Lluch, uma menina de 13 anos de Chimillas, que envernizou parte do mobiliário e lustrou as janelas, cristais e a vitrine que contém os vasos sagrados. Aliás, ela mora em frente à igreja, e sua tataravó e bisavó fizeram parte das equipes de limpeza que se formaram quando eram jovens.

A associação Alcanadre, uma iniciativa apostólica do Opus Dei, quer dar continuidade ao trabalho iniciado neste verão, contando com a colaboração não somente dos moradores de Chimillas, mas também de outras pessoas interessadas em conservar o patrimônio artístico, para contemplação e uso das próximas gerações.