2008: Paz na família

Bento XVI abre o ano com uma reflexão sobre a paz. É no amor entre um homem e uma mulher que nasce a serenidade, diz o Papa. Para as crianças, a paciência, o sorriso e o carinho dos pais são a melhor escola de paz.

No 40º aniversário da Jornada Mundial da Paz, Bento XVI quis centrar-se nas raízes da paz: a família.

Quando a pessoa vive sua infância em uma família “sadia” – na qual os membros se querem e se respeitam, com as necessidades materiais atendidas, e aberta à dimensão espiritual- tem a experiência da paz. Desta forma é mais fácil desejá-la para si mesma, e para os demais.

Estes são alguns trechos da mensagem do Santo Padre:

“A família natural, enquanto comunhão íntima de vida e de amor fundada sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher, constitui « o lugar primário da ‘‘humanização'' da pessoa e da sociedade », o « berço da vida e do amor »”.

“Numa vida familiar « sã » experimentam-se algumas componentes fundamentais da paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs, a função da autoridade manifestada pelos pais, o serviço carinhoso aos membros mais débeis porque são pequenos, doentes ou idosos, a mútua ajuda nas necessidades da vida, a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário, perdoar-lhe.”

“Onde poderá o ser humano em formação aprender melhor a apreciar o « sabor » genuíno da paz do que no « ninho » primordial que a natureza lhe prepara? A linguagem familiar usa um léxico de paz ; aqui é necessário recorrer sempre para não perder o uso do vocabulário da paz. Na inflação das linguagens, a sociedade não pode perder a referência àquela «gramática» que cada criança aprende dos gestos e olhares da mãe e do pai, antes mesmo das suas palavras.”

“Quem, mesmo inconscientemente, combate o instituto familiar, debilita a paz na comunidade inteira, nacional e internacional, porque enfraquece aquela que é efectivamente a principal «agência» de paz.”

“A família tem necessidade da casa, do emprego ou do justo reconhecimento da atividade doméstica dos pais, da escola para os filhos, de assistência sanitária básica para todos. Quando a sociedade e a política não se empenham em ajudar a família nestes campos, privam-se de um recurso essencial ao serviço da paz.”

“A família precisa de uma casa, de um ambiente à sua medida onde tecer as próprias relações. No caso da família humana, esta casa é a terra, o ambiente que Deus criador nos deu para que o habitássemos com criatividade e responsabilidade. Devemos cuidar do ambiente: este foi confiado ao homem, para que o guarde e cultive com liberdade responsável.”

“Condição essencial para a paz nas famílias é que estas assentem sobre o alicerce firme de valores espirituais e éticos compartilhados. No entanto, é preciso acrescentar que a família experimenta autenticamente a paz quando a ninguém falta o necessário, e o patrimônio familiar – fruto do trabalho de alguns, da poupança de outros e da colaboração ativa de todos – é bem gerido na solidariedade, sem excessos nem desperdício.”