2 de Maio: Dedicação da Igreja Prelatícia de Santa Maria da Paz

Reflexão para o dia 2 de maio, dedicação da Igreja Prelatícia de Santa Maria da Paz. Os temas propostos são: Deus habita no meio de nós; Ser pedras vivas; Construir a Igreja.

Deus habita no meio de nós

Ser pedras vivas.

Construir a Igreja.


POR MEIO da Constituição apostólica Ut sit, pela qual o Opus Dei ficou erigido como prelazia pessoal, o Romano Pontífice erigiu também como igreja prelatícia o até então oratório de Santa Maria da Paz, em Roma. A cerimônia de dedicação foi oficiada pelo bem-aventurado Álvaro del Portillo, no dia 2 de maio de 1986.

"O Altíssimo, porém, não habita em casas construídas por mãos humanas", diz Santo Estevão em sua defesa diante do sumo sacerdote, enquanto relata toda a história da salvação. E continua, usando as palavras do profeta Oséias: "O céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificareis vós?, diz o Senhor. Qual é o lugar do meu repouso? Acaso não foi minha mão que fez tudo isto ?" (Atos 7,48-50). Apesar dessas palavras, Deus permitiu que os homens, já no tempo do rei Salomão, construíssem para Ele uma casa: o Templo de Jerusalém. Ali a Igreja sempre viu uma imagem da Santíssima Humanidade de Cristo, o verdadeiro templo onde habita corporalmente a plenitude da divindade (cf. Col 2,9). E o Templo de Jerusalém foi também uma antecipação e símbolo dos templos cristãos, que são lugares de oração e de encontro com Deus, porque no coração de cada um deles – o sacrário – a Igreja guarda precisamente Jesus na Santíssima Eucaristia.

"Um templo é a única coisa digna de representar o sentimento de um povo, já que a religião é o que existe de mais elevado no homem"[1]. Cada igreja, e entre elas a igreja prelatícia de Santa Maria da Paz, é um centro espiritual em que o Senhor, sob as espécies sacramentais guardadas em uma capela próxima, "dia e noite está em nosso meio, habita conosco cheio de graça e verdade (cf. Jo 1,14)"[2]. "Nosso Deus decidiu permanecer no Sacrário para nos alimentar, para nos fortalecer, para nos divinizar, para dar eficácia ao nosso trabalho e ao nosso esforço – diz São Josemaria. Jesus é simultaneamente o semeador, a semente e o fruto da semeadura: é o Pão da vida eterna"[3].


ALÉM DE GUARDAR o corpo de Cristo, verdadeiro templo da divindade, as igrejas visíveis, construídas por mãos humanas, são por sua vez um símbolo da Igreja invisível, composta por todos os batizados como "pedras vivas e escolhidas"[4]. O Senhor nos constituiu como pedras vivas da Igreja, "formadas na fé, fortalecidas pela esperança e unidas pela caridade"[5].

Por isso, na nossa existência quotidiana, necessitamos unir-nos a Cristo, a suprema "pedra angular" "que os homens rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus" (1 Pd 2,6.4). “Unindo-nos a esta pedra – escreve Santo Agostinho –, encontramos a paz; repousando sobre ela, conseguimos firmeza. Ela é, ao mesmo tempo, cimento, porque nos sustenta, e pedra angular, porque nos une. Ela é a pedra sobre a qual o homem prudente, ao construir sobre ela a sua casa, fica totalmente seguro contra todas as tentações deste mundo: nem as torrentes de chuva a fazem cair, nem os rios transbordantes a derrubam, nem a força dos ventos a sacodem"[6].

O templo cristão é sinal dos fiéis unidos em torno da pedra angular que é Cristo. Na igreja prelatícia de Santa Maria da Paz são os fiéis do Opus Dei e os que se aproximam dos seus apostolados que são chamados a partilhar do "desejo de procurar a plenitude da vida cristã e de fazer apostolado, procurando a santificação do trabalho profissional; o fato de vivermos imersos nas realidades seculares, respeitando sua própria autonomia, mas tratando-as com espírito e amor de almas contemplativas”[7]. "Fomos escolhidos por Deus – destacou o bem -aventurado Álvaro na homilia daquele dia- sem nenhum mérito da nossa parte, para ser uma linhagem eleita, um sacerdócio real, um povo santo, para anunciar as maravilhas de Deus, que nos chamou das trevas para a sua admirável luz"[8].


A IGREJA É CATÓLICA porque foi enviada por Jesus a todas as pessoas da terra. O Concílio Vaticano II descreve o mandamento do Senhor com estas palavras: "Ao novo Povo de Deus todos os homens são chamados. Por isso, este Povo, permanecendo uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os séculos"[9].

O Bem-aventurado Álvaro, naquela homilia durante a dedicação da igreja prelatícia de Santa Maria da Paz, concluiu dizendo: "Nosso Senhor se servirá de nós, como pedras vivas, para construir sua Igreja dia após dia no meio da sociedade dos homens (...). Apesar da nossa pequenez, pela bondade de Deus, seremos fortaleza para os outros, sempre apoiados na pedra angular, que é Cristo Jesus, e também na pedra forte - fundamento da Igreja -, que é Pedro, o Romano Pontífice"[10]. Para um cristão, ser fiel ao Senhor é ser fiel à Igreja e, portanto, um bom filho do Papa. São Josemaria, desde 1928, queria que o Opus Dei fosse muito romano e intimamente ligado à Sé de Pedro, com o mesmo desejo de levar o calor de Cristo a todos os cantos da terra.

Podemos colocar nossos desejos de servir a Igreja sob a intercessão de Santa Maria da Paz. E também podemos pedir-lhe o dom da paz para as nossas almas e para o mundo inteiro: "Acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica: (…). Dissipa a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tu que tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Tu que caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amén"[11].


[1] Gaudí, citado por Bento XVI, Homilia, 7-XI-2010.

[2] São Paulo VI, Mysterium fidei, n. 8. Cfr. bem-aventurado Álvaro del Portillo, Homilia, 2-V-1986.

[3] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 151.

[4] Missal Romano, Comum da dedicação de uma igreja (fora da igreja dedicada), Oração coleta.

[5] Santo Agostinho, Sermão 337.

[6] Santo Agostinho, Sermão 337.

[7] São Josemaria, Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, n. 22.

[8] Bem-aventurado Álvaro del Portillo, Homilia, 2-V-1986.

[9] Concílio Vaticano II, Lumen Gentium, n. 13.

[10] Ibid.

[11] Francisco, Ato de consagração ao Coração Imaculado de Maria, 25-III-2022.