14. Testemunhas: Santo André Kim Taegon

O Papa Francisco continua o ciclo de catequeses sobre a paixão pela evangelização, aprofundando a figura de Santo André Kim Tae-gon, o primeiro sacerdote mártir coreano.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Nesta série de catequeses coloquemo-nos na escola de alguns Santos e Santas que, como testemunhas exemplares, nos ensinam o zelo apostólico. Recordemos que estamos falando do zelo apostólico, aquele que devemos ter para anunciar o Evangelho.

Um grande exemplo de Santo da paixão pela evangelização, vamos encontrá-lo hoje numa terra muito distante, ou seja, na Igreja coreana. Olhemos para o mártir e primeiro sacerdote coreano, Santo André Kim Tae-gon. Mas a evangelização da Coreia foi feita pelos leigos. Foram os leigos batizados que transmitiram a fé, não eram sacerdotes, pois não os tinham; vieram mais tarde, portanto a primeira evangelização foi feita pelos leigos. Seremos capazes de algo do gênero? Pensemos nisto: é interessante. E este é um dos primeiros sacerdotes, Santo André. A sua vida foi e permanece um eloquente testemunho de zelo pelo anúncio do Evangelho.

Há cerca de 200 anos, o território coreano foi teatro de uma perseguição muito severa: os cristãos eram perseguidos e aniquilados. Na Coreia daquela época, acreditar em Jesus Cristo significava estar pronto a dar testemunho até à morte. Em particular, o exemplo de Santo André Kim podemos obtê-lo de dois aspectos concretos da sua vida.

O primeiro é o modo como tinha que usar para se encontrar com os fiéis. Considerando o contexto altamente intimidatório, o Santo era obrigado a aproximar-se dos cristãos de maneira não evidente e sempre na presença de outras pessoas, como se conhecessem há tempos. Então, para identificar a identidade cristã do seu interlocutor, Santo André recorria a estes expedientes: em primeiro lugar, havia um sinal de reconhecimento previamente combinado: tu encontrar-te-ás com este cristão e ele terá este sinal na roupa ou na mão; em seguida, às escondidas, ele fazia esta pergunta, mas em voz baixa: "És discípulo de Jesus?". Dado que havia outras pessoas que assistiam à conversa, o Santo devia falar em voz baixa, pronunciando apenas algumas palavras, as mais essenciais. Portanto, para André Kim, a expressão que resumia toda a identidade do cristão era "discípulo de Cristo". "És discípulo de Cristo?", mas em voz baixa porque era perigoso. Era proibido ser cristão.

Com efeito, ser discípulo do Senhor significa segui-lo, seguir o seu caminho, e o cristão é por sua natureza alguém que prega e dá testemunho de Jesus. Cada comunidade cristã recebe esta identidade do Espírito Santo, assim como a Igreja inteira, a partir do dia de Pentecostes (cf. Conc. Vat. II, Decr. Ad gentes, 2). É deste Espírito que recebemos, nasce a paixão, a paixão pela evangelização, este zelo apostólico grande: é um dom do Espírito. E embora o contexto ao redor não seja favorável, como era o coreano de André Kim, a paixão não muda, aliás, torna-se ainda mais valiosa. Santo André Kim e os outros fiéis coreanos demonstraram que o testemunho do Evangelho oferecido em tempos de perseguição pode dar muitos frutos para a fé.

Vejamos agora um segundo exemplo concreto. Quando ainda era seminarista, Santo André devia encontrar uma maneira de acolher secretamente os missionários provenientes do estrangeiro. Não se tratava de uma tarefa fácil, pois o regime daquela época proibia rigorosamente a entrada de todos os estrangeiros no território. Por isso foi – antes disto – tão difícil encontrar um sacerdote que viesse missionar: a missão foi realizada pelos leigos. Certa vez – pensai no que fez Santo André – certa vez ele caminhou na neve, sem comer, durante tanto tempo a ponto de cair exausto no chão, correndo o risco de perder os sentidos e de permanecer ali congelado. Naquele momento, de repente, ouviu uma voz: "Levanta-te, caminha!". Ao ouvir aquela voz, André acordou, vendo uma espécie de sombra de alguém que o guiava.

Esta experiência da grande testemunha coreana faz-nos compreender um aspecto muito importante do zelo apostólico. Ou seja, a coragem de se levantar quando se cai. Mas os santos caem? Sim! Desde os primeiros tempos: pensai em São Pedro: cometeu um grande pecado, mas teve a força na misericórdia de Deus e levantou-se. E em Santo André vemos esta força: ele caiu fisicamente, mas teve a força de ir, ir, ir para levar a mensagem em frente. Por mais difícil que possa ser a situação, aliás, às vezes parece não deixar espaço à mensagem evangélica, não devemos desistir nem podemos deixar de levar em frente o que é essencial na nossa vida cristã, isto é, a evangelização. Esta é a estrada. E cada um de nós pode pensar: "Mas eu, como posso evangelizar?". Olha para estes grandes e pensa nas tuas possibilidades, pensemos nas nossas capacidades: evangelizar a família, evangelizar os amigos, falar de Jesus, mas falar de Jesus e evangelizar com o coração cheio de alegria, pleno de força. Esta é dada pelo Espírito Santo. Preparemo-nos para receber o Espírito Santo no próximo Pentecostes e peçamos-lhe aquela graça, a graça da coragem apostólica, a graça de evangelizar, de levar em frente sempre a mensagem de Jesus.