VIVEMOS A ALEGRIA da solenidade da Santíssima Virgem de Guadalupe, a pouca distância do local das aparições. Damos graças a Deus, do mais profundo do nosso coração, por esta imensa prova de amor.
Nossa Senhora de Guadalupe é, como sabemos, a verdadeira estrela da evangelização do nosso povo. A partir das suas aparições, a conversão ao cristianismo foi verdadeiramente massiva e total. Ela é a origem, não só do povo do México, mas também da América e das Ilhas Filipinas. Ela se torna a primeira desta nova raça, que é uma amálgama. Maria manifesta solidariedade, não apenas como membro desta raça, mas, sobretudo, como Mãe. É como se Ela estivesse dando à luz um novo continente, centenas, milhares, milhões de pessoas. Este povo constitui hoje a parte mais numerosa da Igreja, quase a metade.
A própria Mãe de Deus teve a delicadeza de se fazer solidária e uma de nós. Ela poderia repetir o que disse São Paulo: “Fiz-me grego com os gregos, judeu com os judeus, para ganhar a todos”. Eu me fiz do seu povo para manifestar minha maternal companhia e minha ajuda, para que você nunca duvide, para que nada tema, para que saiba sempre que está muito perto desta família de Deus.
Meditemos neste ponto essencial. Agradeçamos a Deus e intensifiquemos a nossa consciência de sermos filhos de Maria de Guadalupe. Concentremo-nos agora nas rosas que Maria deu a Juan Diego. As rosas têm um significado particular, inclusive na história da Obra. São Josemaria ansiava por receber de Maria a rosa, ou as rosas, como um sinal da recepção da eternidade, da entrada no Reino de Deus.
A história das aparições narra que Juan Diego, ao subir a colina para cumprir o encargo de Maria, encontrou “variadas e preciosas rosas de Castela”. Não era a estação, pois era inverno, e naquela colina só havia cactos e espinhos. As rosas eram muito perfumadas e cheias de orvalho. Ele as cortou e as colocou no seu manto, ou tilma.
As rosas são o símbolo evocador e chave da Guadalupana. Elas são um portento de Deus, a rainha das flores. A rosa, em sua construção maravilhosa, é inigualável pela sua ternura, cores, aroma e forma. A sua beleza e harmonia não têm outra utilidade senão a de manifestar a delicadeza de Deus. Elas valem por si mesmas.
Maria sai ao encontro com o punhado de rosas. O que isso significa para nós? Que podemos sempre pedir a Maria o dom essencial, especialmente neste tempo do Advento: seu Filho, Jesus Cristo.
VAMOS A MARIA para expressar a nossa consciência do Deus que vem. Dominus prope est (O Senhor está muito perto). Vamos pedir a Maria que nos dê esse dom mais intensamente.
Ele sai ao nosso encontro. Cada manhã vem a nós na Eucaristia. A preparação cuidadosa deste momento cotidiano é o melhor modo de nos dispormos para a vinda espiritual do Natal. É fácil pedir a Maria a “rosa da Eucaristia” que Ela nos dá todos os dias, pois isso será a melhor forma de nos prepararmos para o Natal e de vivermos bem o Advento.
Vamos rogar a Deus que percebamos com toda a sua profundidade aquele grito: 'Tratai bem a Jesus!'”, que Maria e José tornaram realidade. Quantas coisas boas dependem de que eu, ao receber a rosa, peça também as outras rosas da fé, da esperança e da caridade.
Rosa da Fé: para crer que Jesus é o que vem, que está na Hóstia, vivo e palpitante de amor.
Rosa da Esperança: para me encher de alegria, confiança e segurança, anelando o encontro e tendo a certeza de que O verei cara a cara.
Rosa da Caridade: para que o meu coração se acenda e se prepare para a Rosa essencial.
Jesus é Pessoa, a Pessoa do Verbo, o protótipo de Pessoa. Tratá-Lo bem, na Eucaristia, é tratá-Lo como Pessoa, com a máxima delicadeza. A Comunhão é como os nove meses em que Maria O levou no ventre. O Sacrário é como os trinta anos de doce intimidade que tiveram em Nazaré.
A nossa resistência ao seguimento de Cristo será desfeita se permitirmos que a Sua proximidade se converta em intimidade.
MARIA NOS DISPÕE para o encontro pessoal, a Comunhão pessoal, a união pessoal. O Senhor está tão perto que não pode estar mais. Ele quer morar conosco, dentro de nós.
O poeta mexicano José Luz Ojeda escreveu: “E sonho que um dia, na alva radiosa qual nenhuma, tu me porás tuas flores, uma a uma, dentro da alma minha”. E nessa “tilma” obscura de tosquedades e misérias cheia, “as mãos de teu amor e tua ternura, pintarás tua magnífica formosura com milagre imortal, Virgem Morena”. Este foi o desejo do nosso Padre.
Maria quer dar-nos a rosa fundamental: Jesus. Não há dom superior ao de Seu Filho. Peçamos as graças de que necessitamos. Que a Virgem nos ponha as Suas rosas na tilma da nossa alma. Que a cercania se torne intimidade.
Em cada momento de oração, peçamos a Rosa essencial da Pessoa de Jesus. A oração não é para resolver pendências, mas para escutar a Sua respiração e perceber a Sua presença. O essencial é que a alma esteja onde deve: no amor a Jesus Cristo.
Que Maria nos conceda a esperança, o anseio e o desejo de ver o rosto de Jesus, sabendo que já temos a substância de tudo o que esperamos.
Vamos dar todo o nosso coração a Deus por Maria. Oferecemos o nosso coração, que recebeu as rosas, que se purificou e compreendeu que Deus não pode estar mais perto.

