6 de agosto: Transfiguração do Senhor

Festa da Transfiguração do Senhor. “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” A festa de hoje relaciona a divindade com a Cruz de Cristo. Deus diviniza-nos através de um dom puramente gratuito. Ser capaz de Deus é um dom que Deus nos dá para nos fazer felizes aqui na terra e para nos reservar a felicidade eterna.

Evangelho (Mc 9, 2-15)

Naquele tempo: Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus.

Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”.

Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra.

E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!”

E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos.

Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.


Comentário

Hoje celebramos a festa da Transfiguração do Senhor. A razão pela qual esta festa foi marcada para o dia 6 de agosto é pela sua relação com a festa da Exaltação da Santa Cruz em 14 de setembro: passam 40 dias entre as duas festas. Em algumas tradições, formam uma segunda Quaresma. Assim, a Igreja Bizantina vive este período como um tempo de jejum e contemplação da Cruz. Mostra-nos que a manifestação da glória de Deus está intimamente ligada à Sua paixão e morte na Cruz.

A festa de hoje relaciona a divindade de Cristo com a Cruz de Cristo. É de grande importância pelo conteúdo que ensina a cada um dos cristãos. Mostra-nos uma das ideias mais importantes da nossa fé: a divinização do homem como um puro dom gratuito de Deus.

Está intimamente relacionado com a Eucaristia porque, como ocorre na Transfiguração, revestimo-nos de Cristo, divinizamo-nos quando recebemos o Corpo de Cristo. Jesus convida-nos a recebê-l'O na Eucaristia, como convidou Pedro, Tiago e João para a Transfiguração. E quer que Lhe digamos o mesmo que Pedro: é bom ficarmos aqui, Senhor! Espera por nós no sacrário. Ele está lá para nós.

Jesus quer mostrar-nos o céu na terra. Por meio dos sacramentos, os cristãos recebem a graça que nos impulsiona para o céu. Por pura bondade de Deus, o homem é capaz de Deus. Um dom, um privilégio para o homem, um prêmio imerecido que todo o homem pode alcançar aqui na terra.

Cada um de nós pode louvar a Deus todos os dias por meio da oração pessoal. São Josemaria escreveu “Jesus: ver-Te, falar contigo! Permanecer assim, contemplando-Te, abismados na imensidade da tua formosura, e não cessar nunca, nunca, nessa contemplação! Oh, Cristo, quem Te pudesse ver! Quem Te pudesse ver, para ficar ferido de amor por Ti”. Devemos ouvi-l'O e permitir que a Sua vida e os Seus ensinamentos divinizem a nossa vida cotidiana.

Este dom de Deus, esta graça recebida sem nenhum mérito, é um presente que Deus nos dá para nos fazer felizes. A razão pela qual Deus Se faz homem e torna o homem capaz de Deus é porque quer o melhor para nós, deseja a nossa felicidade. “O caminho de Jesus sempre nos leva à felicidade, haverá cruz ou provas pelo meio, mas no final sempre nos leva à felicidade. Jesus não nos engana. Prometeu-nos a felicidade e no-la dará se seguirmos o Seu caminho” (Papa Francisco).

Podemos, nesta festa, aumentar os nossos desejos de nos unirmos a Deus, como fizeram Pedro, Tiago e João, e como fizeram todos os santos. “Vultum tuum, Domine, requiram (Sal 26, 8), buscarei, Senhor, o teu rosto. Encanta-me fechar os olhos e pensar que chegará o momento, quando Deus quiser, em que poderei vê-lo, não como em um espelho, e sob imagens obscuras..., mas face a face (1 Cor. 13, 12). Sim, o meu coração está sedento de Deus, do Deus vivo: quando irei e contemplarei a face de Deus? (Sal. 41,3)” (São Josemaria).

Aproveitemos esta celebração para agradecer a Deus tantos dons recebidos aqui na terra. Peçamos a Jesus ser dignos de tais méritos. Que nos prepare para ‘perder a própria vida’, doando-a para que todos os homens sejam salvos e para que possamos reencontrar-nos na felicidade eterna.

Pablo Erdozáin // Foto: Thomas Kinto - Unsplash