Evangelho (Lc 9, 43b-45)
Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia.
Então Jesus disse a seus discípulos: “Prestai bem atenção às palavras que vou dizer: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”.
Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. O sentido lhes ficava escondido, de modo que não podiam entender; e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.
Comentário
Jesus é admirado em todos os lugares aonde vai. As pessoas se aglomeram para ouvi-Lo, para receber uma palavra de ânimo, um olhar de ternura. Levam a Ele doentes para serem curados, demonizados para os liberte. A sua fama atravessa as fronteiras da Galileia e da Judéia.
Os discípulos devem ter ficado cheios de orgulho e emoção ao contemplarem o Senhor. Além disso, eles mesmos participaram de sua missão: proclamaram o Reino de Deus, curando os doentes em todos os lugares.
Por isso as suas palavras eram chocantes para eles: “o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”.
É verdade que, nos dias anteriores, Ele começou a anunciar abertamente o que lhe acontecerá em Jerusalém; como será rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, será executado e ressuscitará no terceiro dia (Lc 9,22). Mas não aceitam isso: não compreendem, é algo obscuro para eles, não são capazes de entender o significado. A tal ponto que tinham medo de perguntar-lhe.
Lucas mostra que entre Jesus e os discípulos havia certa diferença diante do que Ele diz, de modo que os ensinamentos de Jesus não são completamente compreendidos.
Eles têm em mente a restauração do Reino de Israel, poder sentar-se à direita e à esquerda do Senhor quando ele estiver em sua glória, gostam de discutir sobre qual deles será o maior.
O Senhor começa a se identificar com o servo de Deus sofredor, que padece e morre. Servir é a verdadeira forma de reinar.
A lógica de Deus é sempre diferente da nossa, como o próprio Deus revelou através de Isaías: “Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus” (Is 55,8). Por isso seguir o Senhor requer uma profunda conversão, uma mudança no modo de pensar e de viver. É preciso abrir o coração à escuta para se deixar iluminar e transformar interiormente.
Como diz o Papa Bento XVI: “Um ponto-chave em que Deus e o homem se diferenciam é o orgulho: em Deus não há orgulho, porque Ele é toda a plenitude e está totalmente propenso para amar e dar vida; em nós homens, ao contrário, o orgulho está intimamente arraigado e exige vigilância e purificação constantes. Nós, que somos pequeninos, aspiramos a parecer grandes, a ser os primeiros; enquanto Deus, que é realmente grande, não tem medo de se humilhar e de se fazer último” (Ângelus, 23 de setembro de 2012).