Evangelho de sexta-feira: podem fazer jejum enquanto o noivo está com eles?

Evangelho da 6ª feira da 22ª semana do Tempo Comum e comentário sobre o Evangelho.

Evangelho (Lc 5,33-39)

Os fariseus e os mestres da Lei disseram a Jesus: 'Os discípulos de João, e também os discípulos dos fariseus, jejuam com freqüência e fazem orações. Mas os teus discípulos comem e bebem.'

Jesus, porém, lhes disse: 'Os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o noivo está com eles? Mas dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, naqueles dias, eles jejuarão.'

Jesus contou-lhes ainda uma parábola: 'Ninguém tira retalho de roupa nova para fazer remendo em roupa velha; senão vai rasgar a roupa nova,
e o retalho novo não combinará com a roupa velha. Ninguém coloca vinho novo em odres velhos; porque, senão, o vinho novo arrebenta os odres velhos e se derrama; e os odres se perdem. Vinho novo deve ser colocado em odres novos. E ninguém, depois de beber vinho velho,
deseja vinho novo; porque diz: o velho é melhor.'


Comentário

O evangelho de hoje recorda-nos uma controvérsia entre alguns fariseus e Jesus. Pouco antes, Lucas falou da vocação de Mateus e do banquete que organizou na sua casa. Os fariseus haviam censurado os discípulos de Jesus por comerem com publicanos e pecadores e romper as tradições, mas Jesus havia esclarecido que quem precisava de médico eram os doentes.

Esta atitude dos fariseus, aparentemente resultado do seu zelo pela lei, revela, por um lado, falta de conhecimento do sentido da lei; e, como podemos ver nos evangelhos, falta de retidão de intenção. Para estes fariseus, o jejum tinha um valor absoluto em si mesmo. No entanto, eles também mudavam estes jejuns em ocasiões especiais. Jesus mostra-lhes que o “esposo” está presente. Ele mesmo é o “esposo”. Ele é o Messias, Ele vai desposar a Igreja. O jejum tem um sentido, um contexto de penitência. E agora, enquanto Ele está com os discípulos, é tempo de alegria.

Aqueles fariseus não reconheciam em Jesus uma pessoa importante. As nossas obras manifestam o que está em nosso coração. Se vamos à Missa e temos fé na presença real de Cristo na Eucaristia, chegamos na hora, nos vestimos com elegância, participamos ativamente, nos comportamos com respeito. As coisas grandes devem ser celebradas. Também com banquetes, que serão uma autêntica ação de graças a Deus, que fez o alimento para nós, e com os quais Ele quis nos dizer que a vida humana é sempre um presente de alguém que nos ama e é generoso.

As últimas palavras do Evangelho nos encorajam a aprofundar a novidade da presença de Cristo entre nós. O jejum, uma prática judaica tradicional, é bom, e nós cristãos o vivemos com esse bom espírito, mas aspiramos a um tempo de alegria, no qual o jejum terá perdido o seu significado porque estão viveremos com Deus para sempre.

Photo: Daria Shevtsova - Unsplash

Juan Luis Caballero