Evangelho de quarta-feira: o dom de ser filhos de Deus

Quarta-feira da 15ª semana do tempo comum “Ninguém conhece o Pai senão o Filho”. Um dos maiores dons que Jesus Cristo nos trouxe é a experiência da nossa filiação divina.

Evangelho (Mt 11,25-27)

Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.


Comentário

É bom ver como os pais, quando iniciam algo grandioso, transmitem toda a sua experiência aos filhos para que estes possam tomar conta do negócio familiar e conduzi-lo a um maior sucesso e grandeza. Jesus diz algo semelhante sobre o seu Pai-Deus: “Tudo Me foi entregue por meu Pai”.

A vida de Jesus só pode ser entendida como a vida do Filho de Deus na sua perfeita unidade com o Pai. E um dos maiores tesouros que nos deu com a sua encarnação foi precisamente mostrar-nos o Pai, o Deus que ninguém jamais contemplara: “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a conhecer” (Jo 1,18).

Quando Filipe Lhe disse na Última Ceia: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta”, Jesus respondeu-lhe: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’?” (Jo 14,8-9). Quando duvidamos da proximidade e bondade de Deus, podemos recorrer às páginas do Evangelho para contemplar a vida e o coração de Jesus: aí encontramos o consolo de um Pai que nos ama como filhos únicos.

A descoberta da nossa filiação divina é o dom de Deus em Jesus Cristo. São Josemaria contou como o experimentou no outono de 1931: “Aprendi a chamar Pai, no Pai-nosso, desde menino. Mas sentir, ver, admirar esse querer de Deus de que sejamos seus filhos..., na rua e em um bonde – uma hora, uma hora e meia, não sei – Abba Pater! tinha que gritar” (Meditação de 24 de dezembro de 1969).

Esse dom imenso é algo que cada um de nós tem de descobrir e experimentar pessoalmente na própria vida.

Giovanni Vassallo // kieferpix - Getty Images