Evangelho de terça-feira: gestos para que os outros saibam que são amados

Terça-feira da 11ª semana do tempo comum. “Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem”. Uma manifestação de caridade é não classificar o mundo em “amigos” e “inimigos”. Com nosso afeto diário, podemos conquistar o coração dos outros.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Vós ouvistes o que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!” Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.


Comentário

Como é grande o horizonte moral que o Senhor nos propõe no Evangelho de hoje! “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (v. 48). Para compreender bem isso, temos de ler estes versículos à luz da nova vida que Jesus nos traz. É uma vida de graça, na qual o Pai nos dá a força espiritual para aspirarmos à perfeição.

Esta perfeição a que Jesus nos chama não é perfeccionista: não se trata de que todas as nossas ações externas sejam ótimas e sem limitações, mas de que as nossas ações estejam imbuídas do amor de Deus, apesar dos nossos defeitos. O importante é continuar a aperfeiçoar a caridade. Que o Senhor mude a nossa maneira de ver e sentir, para que o nosso coração seja mais parecido com o Seu. E assim, gradualmente, esta transformação irá refletir-se nos nossos trabalhos.

O Evangelho propõe-nos uma clara manifestação de caridade. Trata-se de viver com todos, sem classificar o mundo em “amigos” e “inimigos”. Às vezes, encontramos pessoas que se nos opõem e não conseguimos descobrir a razão. Jesus convida-nos a não desanimar e a continuar a tratá-los com benevolência. O Pai continua a considerá-los Seus filhos, e dá-lhes o sol e a chuva, toma conta deles à espera do momento da sua conversão. E talvez a nossa paciência possa ser o instrumento para eles mudarem as suas vidas.

Muitos mal-entendidos são resolvidos através de gestos de amor. Quando alguém perdeu a confiança, talvez as explicações não sejam bem recebidas. Esse é o momento de ir ao concreto, de conquistar o coração da outra pessoa com gestos diários de afeto. São Josemaria disse que os outros podem mudar a sua opinião sobre nós “quando perceberem que verdadeiramente lhes queres bem. Depende de ti”[1]. Com a ajuda de Deus, vamos tentar encontrar os gestos que fazem os outros saberem que são amados.


[1] São Josemaria, Sulco, n. 734.

Rodolfo Valdéz // Photo: Elaine Casap - Unsplash