Evangelho (Jo 2,13-22)
Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas.
E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!”
Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: “O zelo por tua casa me consumirá”.
Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agir assim?”
Ele respondeu: “Destruí, este Templo, e em três dias o levantarei”.
Os judeus disseram: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias?”
Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo. Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele.
Comentário
Pouco antes da Páscoa, Jesus sobe a Jerusalém e faz um gesto acompanhado de palavras cujo significado só será completamente compreendido depois da sua ressurreição.
Para entender o contexto, é importante lembrar o significado profundo do Templo e o aniversário da sua Dedicação pelos judeus.
Nesta festa, os judeus comemoravam a consagração do Templo pelos Macabeus em 164 a.C., depois de ter sido profanado três anos antes por Antíoco IV Epifanes.
A festa também era chamada “de luzes” em referência ao candelabro de sete braços que, sempre aceso, simbolizava a Presença de Deus, que vê tudo e é a luz do mundo, no meio do Povo. Onde estava aquela luz, a escuridão do paganismo e da idolatria se dissipava.
Neste contexto, Nosso Senhor purificou e “re-consagrou” o Templo, a casa do seu Pai, pela qual o seu zelo O consumia.
Tanto aqueles homens como nós sofremos a tentação de fazer da vida religiosa e do templo um “mercado”, um negócio, ou seja, usar Deus para os nossos próprios interesses. E isto é, no fundo, uma profanação do Templo.
Mas na casa de Deus só pode haver um Senhor, só Deus pode ser a explicação de tudo, e nunca uma desculpa para outro fim. Portanto, com a expulsão dos mercadores e cambistas, Jesus nos convida a purificar as nossas intenções, para que a nossa busca de Deus seja a mais pura e desinteressada possível. Amor verdadeiro.
Mas o templo de Deus não é apenas uma construção de pedras, é, em última instância, o Corpo de Cristo, a Igreja. Ela é a casa de Deus em sentido estrito. É nela que Ele habita, iluminando-a e vivificando-a.
Jesus nos anima a olhar para ela com esses olhos e a mantê-la, na medida em que depender de nós, sem manchas ou rugas. Cada um de nós deve se sentir responsável por isso com a sua própria vida. Nós, os batizados, como pedras vivas, formamos o rosto visível da santidade da Igreja diante dos homens, um rosto que é chamado a atrair os que estão fora e a dar luz e conforto aos que estão dentro.