9 de junho: São José de Anchieta

Memória de São José de Anchieta. Jesus enumera os pecados contra a caridade e propõe uma postura para a atuação do cristão. São José de Anchieta, hoje comemorado, viveu essa caridade de forma visível. Seu modo de ajudar os indígenas, seu olhar bondoso e seu amor a todas as criaturas foram exemplares para os seus contemporâneos. Seu grande amor à Virgem Maria abriu seu coração plenamente ao amor.

Evangelho (Mt 5, 20-26)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus.

Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal'.

Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: 'patife!' será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de 'tolo' será condenado ao fogo do inferno.

Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta.

Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo.


Comentário

Dentro do clima do Sermão da montanha, em que Cristo mostra, segundo Santo Agostinho, “o modo perfeito da vida cristã”, essa enumeração de pecados contra a caridade deve ter tocado o coração dos ouvintes.

Certamente aqueles que estavam ali sentados, bebendo das palavras do Mestre, saíram com o vivo desejo de cuidar melhor da maneira de relacionar-se com o próximo. Talvez evitando usar expressões que eram comuns entre os seus conterrâneos, mas manifestavam desprezo, ou maldição.

Ficava claro que a caridade começa no coração, mas chega até a manifestação nas palavras e nos gestos.

A Igreja recorda hoje a figura de São José de Anchieta, apóstolo do Brasil. Os testemunhos a seu respeito são unânimes no sentido de uma profunda caridade que preenchia o seu coração e transparecia nos seus gestos, palavras e até no seu olhar.

Dentro do ambiente hostil que havia de certos indígenas com relação aos portugueses, há o relato de índios que foram em direção a ele para matá-lo, mas que ao encará-lo, foram incapazes de fazer-lhe mal. Tal era o seu olhar de bondade.

É conhecido o seu poder de fazer milagres e de que até os animais ferozes, cediam perante a figura de José de Anchieta.

Não só isso, como sua caridade transbordava em doação por todas as almas. Longas caminhadas que fazia a pé e descalço, noites mal dormidas para atender os doentes, dedicação incansável à evangelização dos indígenas. Isso explica que quando do seu falecimento, já idoso, os indígenas espalhassem a notícia por uma grande região, com o sentimento de haver perdido um pai.

O seu amor a Maria deu origem ao poema, escrito na areia da praia, sobre a vida de Nossa Senhora que ainda hoje causa assombro pela sua extensão (é o mais longo poema mariano de que se tem notícia) e pela sua profunda piedade filial.

Como São José de Anchieta podemos pedir a Ela que interceda por nós, para que seja verdadeiro o nosso amor. “Pede, portanto, ao Pai, estremecida Filha,

pois quanto quiser a Filha,
tanto fará o Pai!
Pede, portanto, ao Filho, ó Mãe bondosa,
pois quanto quiser a Mãe,
tanto fará o Filho!
Pede, portanto, ao Esposo, ó Virgem formosíssima,
pois quanto quiser a Esposa,
tanto fará o Esposo!
Pede o que quiseres, tudo alcançarás;
ele não sabe negar nada àquela que o acolheu
em seu seio e em seus braços”.
(De Beata Virgine, Paulinas, 5a. ed., S. Paulo 1996, vv.5542-5548) (Tradução do latim de Armando Cardoso)

Pe. Luiz Fernando Cintra