Naquele tempo, perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena.
Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, este é o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe”. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo.
Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse: “Tenho sede”.
Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. Ele tomou o vinagre e disse: “Tudo está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz.
Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro que foram crucificados com Jesus.
Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
Comentário
Esta é uma das passagens mais comentadas do Evangelho, por isso é difícil acrescentar mais um comentário. Sem pretender ser original, poderíamos sublinhar dois aspectos:
- O verbo “estar”, uma tradução do verbo latino “stare” utilizado pela Vulgata. O seu significado é muito mais importante do que uma simples precisão material, para indicar a posição. Significa que a nossa Mãe estava ao lado da Cruz por uma decisão pessoal, totalmente voluntária. Não se limitava a suportar algo desagradável que lhe tinha sido imposto quase à força.
- São João fala da “Cruz de Jesus”, na realidade uma precisão inútil, uma vez que não era possível qualquer confusão com as cruzes dos dois ladrões. Isto significa que existe uma intenção espiritual por detrás disto. A Cruz de Jesus, o nosso Salvador, é a fonte de todas as graças. Assim, o evangelista insiste na contribuição pessoal da Virgem Maria na obra da Redenção.
Por isso, sem dúvida, a Igreja escolheu esta passagem para a memória que hoje celebramos, a Santíssima Virgem Maria, Mãe da Igreja. Como complemento para meditar o texto evangélico da Missa, pode ser útil ler novamente algumas ideias do correspondente Decreto da Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
O documento ressalta perfeitamente a conveniência da instituição desta nova memória: “O Sumo Pontífice Francisco, considerando atentamente quanto a promoção desta devoção possa favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos Pastores, nos religiosos e nos fiéis, como, também, da genuína piedade mariana, estabeleceu que esta memória da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, seja inscrita no Calendário Romano na Segunda-feira depois do Pentecostes, e que seja celebrada todos os anos.”.
Tentemos, portanto, aumentar este sentido “materno” nas nossas relações com os outros, sentindo-nos instrumentos nas mãos de Deus e da sua Mãe, que exercem também através de nós a sua paternidade e maternidade. E não hesitemos em rezar frequentemente a oração jaculatória que faz parte da Ladainha de Loreto: Mater Ecclesiæ, ora pro ea, ora pro nobis! Especialmente se certos acontecimentos ou comentários nos entristecem ou nos preocupam.