Papa Leão XIV no Líbano
- Terça-feira, dia 2: Cerimônia de despedida no Aeroporto Internacional de Beirute.
- Terça-feira, 2: Oração silenciosa no local da explosão do porto de Beirute.
- Terça-feira, 2: Santa Missa na "Orla de Beirute"
- Apelo do Santo Padre no final da Santa Missa em Beirute
Queridos irmãos e irmãs,
nestes dias, com minha primeira viagem apostólica neste Ano Jubilar, desejei ser um peregrino da esperança no Oriente Médio, implorando a Deus o dom da paz para esta terra amada, marcada pela instabilidade, guerras e sofrimento.
Caros cristãos do Levante, quando os resultados de seus esforços pela paz demoram a chegar, convido-os a elevar o olhar para o Senhor que está chegando. Contemplemo-Lo com esperança e coragem, convidando a todos a trilhar o caminho da convivência, da fraternidade e da paz. Sejam construtores da paz, arautos da paz, testemunhas da paz!
O Oriente Médio precisa de novas atitudes, de rejeitar a lógica da vingança e da violência, de superar as divisões políticas, sociais e religiosas, de abrir novos capítulos sob o signo da reconciliação e da paz. O caminho da hostilidade mútua e da destruição no horror da guerra foi longe demais, com resultados deploráveis que são evidentes para todos. Precisamos mudar de rumo; precisamos educar nossos corações para a paz.
Desta praça, rezo por todos os povos que sofrem por causa da guerra. Rezo também pela Guiné-Bissau, na esperança de uma resolução pacífica das disputas políticas. E não me esqueço das vítimas do incêndio em Hong Kong, bem como de suas amadas famílias.
E rezo especialmente pelo amado Líbano. Peço, mais uma vez, à comunidade internacional que não poupe esforços na promoção de processos de diálogo e reconciliação. Faço um apelo urgente a todos os investidos de autoridade política e social, aqui e em todos os países marcados pela guerra e pela violência: ouçam o clamor de seus povos que invocam a paz! Coloquemo-nos todos a serviço da vida, do bem comum e do desenvolvimento integral de todos os povos.
Finalmente, a vocês, cristãos do Levante, cidadãos destas terras por direito, repito: tenham coragem! Toda a Igreja olha para vocês com carinho e admiração. Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, Nossa Senhora de Harissa, sempre os proteja.
- Terça-feira, 2: Visita aos trabalhadores e pacientes do hospital "De La Croix" em Jal ed Dib.
- Segunda-feira, 1: Encontro com jovens
Queridos jovens, permitam-me compartilhar com vocês a simples, porém bela, oração atribuída a São Francisco de Assis:
“Senhor, fazei-me um instrumento da vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver dúvida, que eu leve a fé; onde houver desespero, que eu leve a alegria; onde houver trevas, que eu leve a luz”.
Que esta oração mantenha viva em vocês a alegria do Evangelho, o entusiasmo cristão. “Entusiasmo” significa “ter Deus na alma”. Quando o Senhor habita em nós, a esperança que Ele nos dá torna-se frutífera para o mundo. Vejam, a esperança é uma virtude pobre, porque vem de mãos vazias; mãos livres para abrir portas que parecem fechadas pelo cansaço, pela dor e pela desilusão.
O Senhor estará sempre convosco, e tenham a certeza do apoio de toda a Igreja nos desafios decisivos das vossas vidas e da história da vossa amada pátria. Confio-vos à proteção da Mãe de Deus e de Nossa Senhora, que do alto desta montanha contempla este novo florescimento. Jovens libaneses, cresçam fortes como os cedros e façam o mundo florescer com esperança!
Muito obrigado a todos! Shukran!
- Segunda-feira, 1: Encontro ecumênico e inter-religioso na Praça dos Mártires, em Beirute.
- Segunda-feira, dia 1: Encontro no Santuário de Nossa Senhora do Líbano
O padre Charbel, ao falar de sua experiência de apostolado em prisões, disse que precisamente ali, onde o mundo vê apenas muros e crimes, nos olhos dos detentos — às vezes perdidos, às vezes iluminados por uma nova esperança — vemos a ternura do Pai que nunca se cansa de perdoar. E assim é: vemos o rosto de Jesus refletido nos rostos daqueles que sofrem e daqueles que cuidam das feridas que a vida infligiu. Em breve, realizaremos o gesto simbólico de apresentar a Rosa de Ouro a este Santuário. É um gesto antigo que, entre outros significados, nos exorta a sermos o perfume de Cristo com nossas vidas (cf. 2 Cor 2,14). Essa imagem evoca o perfume que emana das mesas libanesas, conhecidas pela variedade de alimentos que oferecem e pela forte dimensão comunitária de compartilhá-los. É um perfume composto por milhares de aromas, surpreendentes em sua diversidade e, às vezes, em sua harmonia. Tal é o perfume de Cristo. Não se trata de um produto caro reservado a poucos privilegiados, mas sim do aroma que se eleva de uma mesa farta, repleta de pratos variados, dos quais todos podem se servir. Que este seja o espírito do ritual que estamos prestes a celebrar e, sobretudo, o espírito com que nos esforçamos diariamente para viver unidos no amor.
Irmãos e irmãs, hoje confiamos à intercessão de São Charbel as necessidades da Igreja, do Líbano e do mundo. Pela Igreja, pedimos comunhão e unidade, começando pelas famílias, pelas pequenas igrejas domésticas e, em seguida, pelas comunidades paroquiais e diocesanas; e também pela Igreja universal. Comunhão e unidade. E pelo mundo, pedimos paz. Imploramos especialmente por ela para o Líbano e para todo o Oriente Médio. Mas sabemos bem — e os santos nos lembram — que não há paz sem conversão dos corações. Portanto, que São Charbel nos ajude a nos voltarmos para Deus e a pedir o dom da conversão para todos nós.
Papa Leão XIV na Turquia
- Quinta-feira, 27: Reunião no Palácio Presidencial da Turquia (Ancara)
- Sexta-feira, 28: Discurso na Catedral do Espírito Santo (Istambul)
- Sexta-feira, 28: Saudação às “Irmãzinhas dos Pobres” (Istambul)
- Sexta-feira, 28: Encontro ecumênico de oração (İznik )
- Sábado, 29: Homilia na “Volkswagen Arena” (Istambul)
- Domingo, 30: Oração na Catedral Apostólica Armênia (Istambul )
- Domingo, 30: discurso ao final da Divina Liturgia (Istambul )
Discurso perante autoridades civis e religiosas (Beirute, domingo, 30 de novembro)
Durante seu encontro com as autoridades em Beirute, o Papa afirmou que o Líbano é uma terra onde a paz “é um desejo e uma vocação”. Ele enfatizou a resiliência de um povo capaz de se reerguer mesmo após profundas crises e pediu a recuperação de uma “linguagem de esperança” que permita a reconstrução da confiança e do bem comum.
Diante do sofrimento acumulado dos últimos anos, Leão XIV fez um apelo para que se examine a própria história a fim de descobrir a fonte de uma força que “nunca deixou o povo derrotado”. Ele enfatizou que a verdade progride através dos encontros entre aqueles que sofreram feridas e injustiças, e que a paz não pode ser reduzida a um frágil equilíbrio, mas sim a uma genuína vontade de viver juntos e trabalhar por um futuro compartilhado. Nesse contexto, destacou a vitalidade do país: “O Líbano pode se orgulhar de uma sociedade civil dinâmica e bem-educada, rica em jovens capazes de expressar os sonhos e as esperanças de toda uma nação”.
Ela também incentivou cristãos e muçulmanos a trabalharem juntos para garantir que nenhum jovem seja forçado a emigrar e enfatizou o papel crucial das mulheres e das novas gerações na renovação da sociedade libanesa.
Ao concluir seu discurso, Leão XIV evocou o amor do povo libanês pela música e pela dança, sinal de alegria e comunhão. Explicou que essa tradição revela que a paz não é apenas fruto do esforço humano, mas um dom de Deus que transforma o coração por dentro. " Aqueles que dançam avançam com leveza... harmonizando seus passos com os dos outros", afirmou, para ilustrar como o Espírito nos impele a ouvir e respeitar uns aos outros. Convidou, assim, a todos a deixar crescer esse desejo de paz, um desejo que já pode renovar a convivência em uma terra "que Deus ama profundamente e continua a abençoar".
Discurso ao final da Divina Liturgia na Igreja Patriarcal de São Jorge (Istambul, domingo, 30 de novembro)
Ao concluir a Divina Liturgia — nome dado à Santa Missa nas Igrejas Ortodoxas Orientais — o Papa recordou que a fé do Credo Niceno “nos une numa verdadeira comunhão”, mesmo após séculos de desentendimentos. Ele enfatizou o gesto decisivo de Paulo VI e do Patriarca Atenágoras, que há sessenta anos revogaram as excomunhões de 1054, abrindo um caminho de reconciliação que continua a sustentar o diálogo e a reaproximação entre católicos e cristãos ortodoxos até hoje.
Olhando para o presente, Leão XIV listou três desafios comuns: trabalhar juntos pela paz, enfrentar a crise ecológica e promover o uso responsável e acessível das novas tecnologias. Ele insistiu que “a paz é uma dádiva de Deus” e pediu que este encontro estimulasse novos passos na colaboração entre as Igrejas para o bem comum.
Resumo da missa realizada na arena 'Volkswagen Arena' (Istambul, sábado, 29)
Encontro ecumênico de oração (İznik, sexta-feira, 28 de novembro)
Durante a comemoração do 1700º aniversário do Concílio de Niceia, o Papa recordou que este evento afirmou a fé em Deus que “se fez semelhante a nós para nos tornar participantes da natureza divina”, uma verdade crucial ainda hoje. Ele observou que Niceia defendeu a unidade da humanidade e da divindade em Cristo, fundamento que continua a guiar a vida das Igrejas.
Ele enfatizou que a confissão compartilhada — “em um só Senhor, Jesus Cristo… da mesma natureza do Pai” — já constitui um vínculo real entre os cristãos e pediu progresso no diálogo, no amor mútuo e na escuta da Palavra para superar as divisões e oferecer “um testemunho crível do Evangelho” ao mundo.
Diante de um cenário global marcado pela violência, ele afirmou a existência de uma “fraternidade universal” que nenhuma fronteira pode apagar e rejeitou o uso da religião para justificar conflitos. Agradeceu ao Patriarca Bartolomeu e aos líderes cristãos presentes, pedindo que esta comemoração produza frutos de reconciliação, unidade e paz.
Leia o discurso completo aqui.
Saudações às “Irmãzinhas dos Pobres” (Istambul, sexta-feira, 28 de novembro)
Durante sua visita à residência das Irmãzinhas dos Pobres , o Papa expressou sua gratidão pela acolhida e destacou a fraternidade que sustenta essa missão.
Dirigindo-se aos moradores, ele alertou que, em uma sociedade dominada pela pressa e pela eficiência, “o senso de respeito pelos idosos se perdeu”. Ele reafirmou o papel insubstituível deles, lembrando-os de que “os idosos são a sabedoria de um povo, um tesouro para as famílias e para toda a sociedade”. Ele enfatizou que cuidar dos idosos exige muita paciência, proximidade e oração, e elogiou aqueles que os acompanham diariamente com dignidade e ternura.
Discurso do Santo Padre na Catedral do Espírito Santo (Istambul, sexta-feira, 28 de novembro)
Leão XIV encoraja a Igreja na Turquia a descobrir o poder fecundo da pequenez.
Em sua primeira viagem apostólica, o Papa Leão XIV visitou Istambul e dirigiu uma mensagem à pequena comunidade católica da Turquia , convidando-a a viver a "força da pequenez" e a renovar a esperança.
Na Catedral do Espírito Santo, ele recordou as profundas raízes cristãs destas terras, desde Abraão e os apóstolos até os Padres da Igreja, e destacou a importância histórica e ecumênica do Patriarcado Ecumênico.
O Papa destacou que, embora minoritária, a Igreja na Turquia é fecunda como semente e fermento do Reino, e convidou os seus membros a manterem uma atitude espiritual de confiança, criatividade pastoral e abertura ao Espírito.
Ele enfatizou três tarefas fundamentais: o diálogo ecumênico e inter-religioso em um país que serve de ponte entre culturas; a transmissão da fé em um contexto onde o cristianismo é minoritário; e o cuidado com migrantes e refugiados, um desafio humanitário crucial para a região. Ele também defendeu uma inculturação autêntica, especialmente entre os missionários, lembrando-os de que o Evangelho se comunica pela adoção da língua e dos costumes do povo.
Por ocasião do aniversário do Concílio de Niceia, ele apresentou três desafios teológicos: redescobrir a essência da fé e a centralidade do Credo; reconhecer plenamente a divindade de Cristo diante de um “novo arianismo” que o reduz a uma figura admirável, mas não ao Deus vivo; e desenvolver a doutrina expressando-a em categorias compreensíveis para o nosso tempo, seguindo a visão de Newman.
Por fim, evocou a figura de São João XXIII, antigo delegado apostólico na Turquia, como exemplo de proximidade, humildade e alegria missionária. Concluiu encorajando a comunidade a ser um pequeno e corajoso rebanho, semeado como luz e fermento em meio a uma sociedade pluralista que precisa de esperança.
Reunião com autoridades, sociedade civil e corpo diplomático (Ancara, Palácio Presidencial, quinta-feira, 27 de novembro)
Em seu primeiro encontro, o Papa Leão XIV destacou o papel da Turquia como uma "ponte" entre culturas, religiões e continentes em Ancara, enfatizando que a riqueza do país reside em sua diversidade interna e em seu compromisso com o diálogo. O Pontífice pediu a promoção de uma "cultura do encontro" diante da polarização global e da "globalização da indiferença".
O Papa recordou a figura de São João XXIII — conhecido como o “Papa Turco” — para enfatizar que os cristãos desejam contribuir para a unidade do país e alertou para os riscos do desenvolvimento tecnológico que exacerba as desigualdades se não for direcionado para o bem comum. Defendeu também o valor central da família e reconheceu a crescente contribuição das mulheres para a vida social, profissional e política do país: “É fundamental honrar a dignidade e a liberdade de todos os filhos de Deus: homens e mulheres, compatriotas e estrangeiros, pobres e ricos. Somos todos filhos de Deus, e isso tem consequências pessoais, sociais e políticas.”
Num contexto internacional marcado por tensões, o Papa apelou a que não se sucumba à lógica de uma “terceira guerra mundial fragmentada” e pediu que o país continue a ser um fator de estabilidade regional: “Hoje, mais do que nunca, precisamos de pessoas que promovam o diálogo e o pratiquem com firme vontade e tenacidade paciente”. Concluiu reafirmando que a Santa Sé deseja cooperar com todas as nações comprometidas com a paz, o desenvolvimento integral e a defesa da dignidade humana.
O Papa Leão XIV está realizando sua primeira viagem apostólica à Turquia e ao Líbano. De quinta-feira, 27 de novembro, a domingo, 30 de novembro, ele visitará a Turquia, e na segunda-feira, 1º de dezembro, e na terça-feira, 2 de dezembro, estará no Líbano . A viagem incluirá paradas em Ancara, Istambul e İznik (antiga Niceia) na Turquia, e Beirute, Annaya, Harissa e Bkerké no Líbano. O objetivo da viagem é promover o diálogo e a unidade entre os cristãos, bem como o diálogo inter-religioso em uma região marcada por uma rica história e tensões atuais.
No domingo, 23 de novembro, Solenidade de Cristo Rei, o Papa publicou a Carta Apostólica In unitate Fidei , em preparação para sua viagem à Turquia e ao Líbano. Neste texto, Leão XIV convida a uma renovação da profissão de fé centrada em Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus e verdadeiro Deus feito homem para a nossa salvação. A carta recorda a Definição Nicena — Cristo, “da mesma substância do Pai” — e sublinha o valor ecumênico do Credo, fundamento comum para o avanço da unidade cristã.
Na Turquia , o Papa se reunirá com autoridades, visitará o Mausoléu de Atatürk e a Mesquita Azul em Istambul. Um dos pontos altos será a celebração ecumênica em İznik, comemorando o 1700º aniversário do Concílio de Niceia , e a assinatura de uma Declaração Conjunta com o Patriarca Bartolomeu I.
No Líbano , o Papa rezará no porto de Beirute, danificado pela explosão de 2020 , visitará o túmulo de São Charbel Makhlof em Annaya e se encontrará com pacientes e funcionários do Hospital Jal ed Dib para Pessoas com Deficiência Mental . Ele também se reunirá com autoridades, clérigos e jovens, e presidirá uma missa na orla de Beirute.
A jornada, com os slogans "Um só Senhor, uma só fé, um só batismo" para a Turquia e "Bem-aventurados os pacificadores" para o Líbano, busca difundir uma mensagem de paz e diálogo em uma região marcada por conflitos.
Nas últimas décadas, o Líbano recebeu duas visitas papais: a de João Paulo II em 1997 e a de Bento XVI em 2012, viagens marcadas por mensagens de paz e reconciliação. Francisco, embora tenha expressado repetidamente o desejo de visitar o país, não pôde fazê-lo. Por sua vez, a Turquia recebeu Paulo VI em 1967, João Paulo II em 1979, Bento XVI em 2006 e Francisco em 2014, viagens focadas no diálogo inter-religioso e na coexistência.
Agora, ambos os países estão se preparando para receber o Papa Leão XIV, cuja visita está agendada para o período de 27 de novembro a 2 de dezembro de 2025.
