Um momento mudou tudo…

A história de Suzana parece confirmar estas palavras do Papa Francisco “a vida cristã é um caminho, que precisa também de momentos fortes para nutrir e robustecer a esperança”.

Sempre estudei e pesquisei sobre espiritualidade, mas não tinha nenhuma crença específica. Acreditava em um pouco de tudo que lia sobre religião ou sabedorias milenares, mas não praticava nenhuma e nem rezava. Eu não tinha fé.

Em um certo momento, durante essas pesquisas, passou a crescer em mim uma vontade de fazer algum tipo de retiro espiritual, só não fazia ideia sobre qual tipo seria. Um dia, na internet, vi um post sobre um “retiro do silêncio” e cliquei para ver sobre o que era. No momento, naquela correria do dia, achei até que poderia ter relação a meditações da yoga ou algo nessa linha.

No perfil direcionado pelo link, me perguntaram onde eu morava e me indicaram o “Centro Cultural da Lagoa”. Entrei em contato, ainda sem saber ao certo o que era, e combinei de ir num sábado de manhã para conhecer a casa, participar do "Recolhimento", que me informaram ser uma meditação/palestra, e saber informações sobre os próximos retiros.

Dois sábados depois, consegui me programar para a visita à casa. Chegando lá, a primeira impressão que tive foi a de que era um lugar lindo e aconchegante. Uma moça muito cuidadosa, Ana Paula, me guiou a um lugar privilegiado para participar da meditação. Fiquei feliz pois poderia ver de perto o palestrante, que logo percebi ser um sacerdote.

O sacerdote, que eu saberia depois ser o Padre Vicente, falava sobre "sermos uma injeção de alegria na vida das pessoas à nossa volta". Nunca esqueço dessas palavras. Tudo que ele dizia ali na meditação daquele Recolhimento fazia todo o sentido para mim, eu procurava por aqueles dizeres há muito tempo. A maneira simples como ele falava sobre um cotidiano preenchido de sentido, de amor e serviço ao próximo, me tocou profundamente. Era como se eu começasse ali a enxergar a realidade de forma mais clara, como ela é na verdade.

Enquanto o Padre Vicente falava, olhei para o altar, mais especificamente para o que depois descobri ser o Santíssimo, e duas frases tomaram meus pensamentos: “Jesus é Deus” e “Essa é a igreja d’Ele”. Foi um curto momento, mas mudou tudo. Até esse momento eu não sabia se Deus existia, nem que Ele era de fato uma pessoa, Jesus, e muito menos que Ele havia deixado uma igreja. E eu não tive dúvidas, pois não foi algo que eu li ou ouvi, foi como uma revelação, então tive certeza!

A partir desse dia, tive vontade de ir à missa diariamente e de orar ao acordar e antes de dormir, sem ainda saber direito que isso era de fato uma prática comum da rotina espiritual. Logo depois fui ao retiro do silêncio e pude entender e organizar ainda melhor um dia a dia de oração e relação com Deus.

Lembro que meu marido Joaquim ficou até um pouco assustado no início, me achando meio louca, porque literalmente, do dia para a noite, viu alguém que nem sequer rezava antes de dormir, aparecer tão repentinamente cheia de fé e passar a ter toda essa rotina de missa diária, orações, terço…

Rezei muito pelo Joaquim, recebendo na direção espiritual de Dom Antonio Augusto a orientação de pedir a Deus que meu marido crescesse em sua fé e fôssemos cada dia mais unidos nesse caminho. “Às vezes, ao invés de falar de Deus para uma pessoa, fale pra Deus dessa pessoa”, disse Dom Antonio. Logo meu marido também começou a participar dos meios de formação da Obra, a ter direção espiritual e 4 meses depois ele teve sua conversão também.

Desde o primeiro dia, no dia da meditação na Casa da Lagoa, entendi que não poderia comungar nem confessar porque eu e Joaquim não éramos casados pela Igreja. Depois de um tempo e resolver uma série de obstáculos, pudemos receber o sacramento do matrimônio. A família cresceu e nossa filha Lis, de seis anos, ganhou um irmãozinho chamado Guido.

Hoje eu consigo ver que Deus me chamava há muito tempo, mas foi só naquele momento, na Casa da Lagoa, enquanto ouvia o Padre Vicente falar, que finalmente escutei o chamado e graças a Ele, atendi.