Um caminhão-ambulatório de grande porte pertencente ao Hospital Universitário Austral (HUA) se destaca em uma das ruas de terra do precário bairro de Villa Rosa Centro, rodeado de construções térreas, junto a um centro comunitário onde as mães são aconselhadas a se aproximarem da pequena escada do caminhão. Na maior parte dos casos, os seus filhos em idade escolar terão a sua primeira consulta médica.
Os pediatras, permanentemente atentos, respondem rapidamente assim que alguém bate à porta da unidade pediátrica. Aparece Mariela López, de 25 anos, e diante das cordiais boas-vindas, começa a fazer com que entrem, um por um, os seus cinco filhos que, com gestos de incredulidade, respondem ao questionário dos médicos em uma das salas do sofisticado consultório ambulante .
"Nestes dois bairros, e sobretudo na Argentina dos últimos anos, falta tudo; eu recebo um pagamento mensal de um plano assistencial que me permite comprar mantimentos e, se não fosse pela Cáritas e por este hospital, não poderia atender os meus filhos" disse López.
Atrás de Mariela López e seus cinco filhos espera Ana Suárez, de 38 anos, de mãos dadas a duas meninas, e a fila continuará crescendo ao longo da manhã: "Hoje vim para a consulta de Maira e Amelina; este sistema é uma grande ajuda para nós porque, se não tivéssemos esses médicos, não poderíamos tratar das crianças".
O caminhão-ambulatório já percorreu 13.000 km no país, num itinerário que permitiu realizar mais de 2.500 consultas pediátricas e 1.000 consultas odontológicas por ano, e também que sejam devidamente encaminhadas as crianças que precisam de atendimento especializado.
A unidade pediátrica móvel chegou ao país através de um convênio de cooperação entre a Casa Ronald McDonald's e o HUA, para atender aos bairros pobres de Pilar e dos arredores. A contribuição da fundação norte-americana permitiu que se pudesse contar com a primeira unidade pediátrica móvel do país. As outras oito unidades que a Casa Ronald McDonald's financiou prestam serviços nos Estados Unidos.
O corpo médico é formado por pessoal do HUA, e desempenha tarefas assistenciais e docentes. A equipe que recebeu La Nación é formada pelas Dras. Valeria Traynor e Belén Lozano, e por alunos do 6º ano de Pediatria do hospital, que se revezam em seus postos, Cecilia Jeanneret e Victoria Olsen, e por Roberto Olivero, motorista e coordenador de atividades.
A unidade pediátrica é um veículo com gerador de eletricidade que conta com dois consultórios, um dos quais tem uma dupla função, podendo ser utilizado para atendimento médico ou odontológico. O ambulatório também dispõe de uma recepção e de uma sala de espera, onde são feitos os registros de dados médicos, os exames complementares e a vacinação.
A unidade oferece serviços relacionados com programas de vacinação, avaliação clínica completa (estudo da visão, audição, função respiratória, dados antropométricos) e programas de educação sobre saúde (higiene, tratamento da água, prevenção de acidentes, nutrição, amamentação) voltados para comunidades com dificuldades de acesso ao sistema de saúde.
Em janeiro de 2002, o caminhão começou o seu trajeto completando uma viagem de 6.000 km até San Antonio de los Cobres, em Salta, 4.000 m acima do nível do mar, local onde foram atendidas 500 crianças nos 11 dias de permanência. Depois de visitar diferentes localidades na província, e de passar por Tucumán, o caminhão visitou Santa Fé, oferecendo assistência às vítimas da inundação.
Atualmente, a unidade dobrou o seu percurso semanal pelas imediações do HUA, com três estudantes dos cursos de Medicina e Enfermagem. Nos próximos meses, esse trajeto será estendido até o bairro Toro, onde há um refeitório comunitário.
