Ser um personagem mais na vida de Jesus

São Josemaria falava muitas vezes em sua pregação de como podemos aproveitar mais a leitura do Evangelho através do exercício de se colocar como um personagem mais nas cenas da vida de Cristo.

Meditar a história de Cristo

Quando amamos uma pessoa, desejamos conhecer até os menores detalhes da sua existência, do seu caráter, para assim nos identificarmos com ela. É por isso que temos que meditar na história de Cristo, desde o seu nascimento num presépio até à sua morte e sua ressurreição. Nos meus primeiros anos de atividade sacerdotal, costumava oferecer exemplares do Evangelho ou livros em que se narrasse a vida de Jesus. Porque é preciso que a conheçamos bem, que a tenhamos toda inteira na cabeça e no coração, de modo que, em qualquer momento, sem necessidade de livro algum, fechando os olhos, possamos contemplá-la como num filme, de forma que, nas mais diversas situações da nossa existência, acudam à memória as palavras e os atos do Senhor.

Assim nos sentiremos integrados na sua vida. Porque não se trata apenas de pensar em Jesus, de imaginar as cenas que lemos. Temos que intervir plenamente nelas, ser protagonistas. Seguir Cristo tão de perto quanto Santa Maria, sua Mãe; quanto os primeiros Doze, as santas mulheres e aquelas multidões que se comprimiam ao seu redor. Se agirmos assim, se não criarmos obstáculos, as palavras de Cristo penetrarão até o fundo da alma e transformar-nos-ão.

É Cristo que passa, 107

Filho de Deus fez-se carne e é perfectus Deus, perfectus homo, perfeito Deus e perfeito homem! Há neste mistério qualquer coisa que deveria emocionar os cristãos. (...)

Iesus Christus, Deus Homo, Jesus Cristo, Deus-Homem! Eis uma das magnalia Dei, uma das maravilhas de Deus em que temos de meditar e que precisamos agradecer a este Senhor que veio trazer a paz na terra aos homens de boa vontade.

É Cristo que passa, 13

Jesus-menino

Jesus-menino, Jesus-adolescente: gosto de ver-te assim, Senhor, porque... me torno mais atrevido. Gosto de ver-te pequenino, como que desamparado, para embalar-me na ilusão de que precisas de mim.

Forja, 301

Peço a Deus que também te sirvam de modelo a adolescência e a juventude de Jesus, quer quando argumentava com os doutores do Templo, quer quando trabalhava na oficina de José.

Sulco, 484

Trinta e três anos de Jesus!... Trinta foram de silêncio e obscuridade; de submissão e trabalho...

Sulco ,485

Cristo, com a sua encarnação, com a sua vida de trabalho em Nazaré, com a sua pregação e milagres pelas terras da Judéia e da Galiléia, com a sua morte na Cruz, com a sua Ressurreição, é o centro da Criação, Primogênito e Senhor de toda a criatura.

É Cristo que passa, 105

Vida Pública

Conta-nos São Lucas que uns pescadores lavavam e remendavam as suas redes nas margens do lago de Genesaré. Jesus aproxima-se daquelas naves atracadas na ribeira e sobe a uma delas, à de Simão. Com que naturalidade o Senhor se mete na barca de cada um de nós!Para nos complicar a vida, como se repete em tom de queixa por aí. Convosco e comigo cruzou-se o Senhor no nosso caminho, para nos complicar a existência delicadamente, amorosamente.

Palazzo Ducale di Mantova, "Sala degli Arazzi", A pesca milagrosa

Depois de pregar da barca de Pedro, dirige-se aos pescadores: Duc in altum, et laxate retia vestra in capturam!, navegai mar adentro e lançai as vossas redes! Fiados na palavra de Cristo, obedecem, e obtêm aquela pesca prodigiosa. E olhando para Pedro, que, como Tiago e João, não saía do seu assombro, o Senhor explica-lhe: Não tenhas medo, de hoje em diante serás pescador de homens. E eles, trazidas as barcas para terra, deixando todas as coisas, seguiram-no.

Amigos de Deus, 21

A todos os que estão dispostos a abrir-lhe os ouvidos da alma. E, ao concluir, explica como resumo: Amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar nada em troca, e será grande a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele ébom mesmo com os ingratos e os maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.

Amigos de Deus, 232

Comentavas que há cenas da vida de Jesus que te comovem mais: quando se põe em contacto com homens em carne viva..., quando leva a paz e a saúde aos que têm a alma e o corpo despedaçados pela dor... Estusiasmas-te - insistias - ao vê-Lo curar a lepra, devolver a vista, sarar o paralítico da piscina: o pobre de quem ninguém se lembra. Tu O contemplas, nesses momentos, tão profundamente humano, tão ao seu alcance! - Pois olha..., Jesus continua a ser o mesmo de então.

Sulco, 233

Amou-os até ao fim

Por amor e para nos ensinar a amar, veio Jesus à terra e ficou entre nós na Eucaristia. Como tivesse amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Com estas palavras começa São João o relato do que sucedeu naquela véspera da Páscoa, em que Jesus - refere-nos São Paulo - tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim. E do mesmo modo, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento do meu sangue; fazei isto em memória de mim todas as vezes que o beberdes.

É Cristo que passa, 151

Situados no Calvário, onde Jesus morreu, a experiência dos nossos pecados pessoais deve conduzir-nos à dor: a uma decisão mais madura e mais funda de não ofendê-Lo de novo.

Forja, 402

Jesus morreu. É um cadáver. Aquelas mulheres santas não esperavam nada. Tinham visto como O haviam maltratado e como O haviam crucificado: como tinham elas presente a violência daquela Paixão sofrida!

Sabiam também que os soldados vigiavam o lugar, sabiam que o sepulcro estava completamente fechado: - Quem nos tirará a pedra da entrada?, perguntavam-se, porque era uma lousa enorme. No entanto, apesar de tudo, elas acorrem a estar com Ele.

Olha, as dificuldades - grandes e pequenas - enxergam-se logo... Mas, se há amor, não se repara nesses obstáculos, e procede-se com audácia, com decisão, com valentia: não tens de confessar que sentes vergonha ao contemplar o ímpeto, a intrepidez e a valentia daquelas mulheres?

Forja, 676

O dia do triunfo do Senhor, da sua Ressurreição, é definitivo. Onde estão os soldados que a autoridade tinha destacado? Onde estão os selos que tinham colocado sobre a pedra do sepulcro? Onde estão os que condenaram o Mestre? Onde estão os que crucificaram Jesus?... Perante a sua vitória, produz-se a grande fuga dos pobres miseráveis.

Enche-te de esperança: Jesus Cristo vence sempre.

Forja, 660