A conferência de abertura dos dois dias de estudo foi ministrada pela doutora em Direito e juíza de direito Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Geilza Diniz. Ela relacionou a busca das virtudes, apresentada por filósofos como Sócrates, Aristóteles e São Tomás de Aquino aos ensinamentos do santo do cotidiano. “São Josemaria teve esta magnanimidade de enxergar nos brasileiros esses braços abertos para o mundo, comparando nosso calor humano e a partir desta fala, podemos refletir o que cada uma tem feito para acolher os outros e suas necessidades”, ressaltou.
A programação contou com duas mesas de debate. A primeira, teve como tema “No Brasil, há muito o que fazer” e as participantes puderam conhecer iniciativas apostólicas importantes. A mestre em Direção de Centros Educativos e diretora geral da Escola Viraventos e do Colégio Altaneiro, ambos sediados em Brasília, Gisela Rojas, apresentou resultados de escolas conduzidas por famílias e para as famílias, guiados pela metodologia de Educação Personalizada desenvolvida por Victor Garcia Hoz, que tem como conceitos fundamentais a singularidade e criatividade, a autonomia com liberdade, a abertura e a comunicação. No Brasil, atualmente mais de 4700 alunos estão matriculados em alguns dos 25 colégios que usam esta metodologia no país e são credenciados à rede Solar. Há previsão de abertura de outros quatro colégios ano que vem.
Outra iniciativa ligada à educação é a Enlace, organização não-governamental que atende mais de 100 meninas em situação de vulnerabilidade. Sua história e resultados foram apresentados pela vice-presidente, a advogada e consultora em relações governamentais, Andrea Hoffman. Ela comentou que as diferentes atividades que são oferecidas às alunas na Enlace, no contraturno escolar, seja de dança, música, reforço de português e matemática e preceptoria transformam a realidade a partir do olhar personalizado para cada menina. “Focamos em que elas tenham bom caráter, para que onde estiverem na sociedade, façam a diferença e sejam uma filha diferente, uma profissional diferente”, disse ela, que é também presidente executiva do Instituto Isabel.
As participantes tiveram contato também com o Instituto Brasileiro da Família, apresentado por Priscila Malnalti Ismael, formada em odontologia pela Universidade de Brasília (UnB), especialista em implantes e estética avançada e voluntária desde 2010 no IBF. A jovem mãe de família comentou que o IBF representa o International Federation for Family Development (IFFD), presente hoje em 70 outros países, surgido no fim da década de 1960, para profissionalizar a educação dos filhos e melhorar as relações familiares, a partir do estímulo de São Josemaria à preocupação dos pais daquela época.
Santificação e liberdade
“Aí onde você está, pode e deve ser um bom filho de Deus”. Este foi o tema da segunda mesa de debates, em que a doutora em Biologia Funcional e Molecular, professora da UnB Aline Lima de Oliveira Paterno apresentou o tema da santificação no trabalho. “Estar no lugar onde Deus quer que estejamos fazendo um intenso trabalho profissional, tão humano da melhor maneira possível e oferecendo a Deus, transforma-o em algo divino”, ressaltou.
A doutora em Química e professora na Secretaria de Educação do DF Daniela Regina Bazuchi Magalhães falou às participantes sobre a santificação na família, que não pode ser buscada só nos finais de semana, mas é construída nos pequenos detalhes da rotina de todos os dias. “A felicidade não está nas viagens. Que vida pequena seria se apenas fossemos felizes em um momento de lazer”, disse.
Já a especialista em Direito Público, subprocuradora – chefe da Procuradoria Federal junto à UnB, Soraya Marciano tratou do amor à liberdade. Ela comentou como são Josemaria ensinava que não há oposição entre a liberdade e a entrega de si, pois essa entrega é fruto da liberdade, que renova o amor. “Que essa compreensão da liberdade nos ajude a ser instrumentos de Deus, compreendendo bem nosso papel no mundo”, afirmou.
A programação contou também com um talkshow intitulado “Vim para aprender” com entrevistas a duas profissionais que estiveram com São Josemaria Escrivá em sua visita ao Brasil e contaram curiosidades sobre os dias com São Josemaria bem como o contexto da viagem no mundo, na Igreja e no Brasil daquele tempo e hoje. A graduada em idiomas, literatura e filosofia da educação Margarida Nascimento, comentou que uma das coisas que chamou a sua atenção na personalidade de São Josemaria foi a humildade em dizer que tinha vindo aqui para aprender. Ela lembrou que uma das primeiras coisas que ele pediu às brasileiras foi que não fossem inconstantes como os picos e declínios de um eletrocardiograma. “Depois daquele dia, eu mudei. Foi um milagre dele na minha vida”, comentou Nascimento. Já a doutora em Microbiologia e professora aposentada da UnB, Lenise Garcia, comentou a situação no mundo pós-concílio Vaticano II, em que houve certa confusão na vida da Igreja. “São Josemaria quis passar por diversos países e falar diretamente com as pessoas para sentir a realidade como estavam captando as mudanças na Igreja, falar diretamente a doutrina da Igreja e nos afiançar na fé em cada um desses locais” diz ela, lembrando que naquela época São Paulo era a única cidade onde existiam centros do Opus Dei.
O cinema e a literatura sobre São Josemaria Escrivá também fizeram parte da programação do seminário, com exibição do documentário produzido pela Lumine TV, Um Santo entre Nós, e palestra sobre o livro do padre Francisco Faus intitulado São Josemaria Escrivá no Brasil. A palestra foi ministrada pela mestre em química e analista legislativa na Câmara dos Deputados, Junia Chaves, a partir da leitura coletiva realizada em seu clube do livro. Ela compartilhou suas impressões, animando as participantes a buscarem outras obras do autor e de São Josemaria, para crescerem em virtudes. “Que cada uma possa deixar um rastro de amor em sua vida por meio das pequenas coisas da vida cotidiana”, ressaltou.
O encerramento do Seminário 50 anos de São Josemaria Escrivá no Brasil contou com a apresentação musical do Coro Gaudete. A diretora de formação da Casa do Lago Sul, Norma Yurie Seki, considerou que o seminário superou as expectativas de formação. “Foi uma oportunidade para relembrar os dias em que ele esteve entre nós. As palestras e testemunhos compartilhados, ajudaram a conhecer mais detalhes de sua vida santa e a comprovar o impacto que provocou e continua a provocar em tantas almas”, finalizou.
O evento foi gravado na íntegra e as palestras serão editadas para posterior arrecadação de recursos para a Enlace. Clique aqui para acessar as fotos do Seminário 50 anos de São Josemaria Escrivá no Brasil, realizado dias 7 e 8 de junho, na Casa do Lago Sul, em Brasília – DF.