São Josemaria em Fátima

Novo vídeo remasterizado, em que São Josemaria fala das suas visitas a Fátima, do seu encontro com a Irmã Lúcia e da sua devoção ao Terço.

São Josemaria foi muitas vezes a Portugal e sempre passou por Fátima. Numa dessas ocasiões, ao pisar terra portuguesa, recordou o motivo da viagem: “estou rezando todo o dia, procurando falar continuamente com Deus servindo-me como Intercessora da Virgem Maria que é a Omnipotência Suplicante. Fiz estas viagens com a simplicidade e a alegria de um antigo romeiro”.

Novo vídeo remasterizado por Betafilms, em que São Josemaria fala das suas visitas a Fátima, do seu encontro com a Irmã Lúcia e da sua devoção ao Terço. Faça click no ícone CC para acionar as legendas.

Em 1917 Fátima era um pequena localidade rural com cerca de 2500 habitantes, em plena serra de Aire, concelho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Numa das casinhas vivia Lúcia de Jesus, de 10 anos, perto dos seus primos Francisco e Jacinta de 9 e 7 anos.

Por volta do meio-dia de 13 de Maio de 1917, na Cova da Iria, depois de terem rezado o Terço, como habitualmente faziam, quando brincavam a fazer uma casinha de pedras soltas, no local onde se encontra situada a basílica, de repente viram uma luz brilhante; pensando que era um relâmpago decidiram ir-se embora, mas um pouco mais abaixo outro relâmpago iluminou o espaço e viram aparecer sobre uma azinheira, onde se encontra agora a Capelinha das aparições, “uma Senhora vestida de branco, mais brilhante que o Sol” das suas mãos pendia um rosário branco.

A Senhora disse aos pastorinhos que era preciso rezar muito e pediu-lhes que voltassem ali nos cinco meses seguintes, no dia 13, à mesma hora. Disse-lhes para rezarem o Terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra. No dia 13 de Junho pediu-lhes novamente que rezassem o Terço e que aprendessem a ler. Disse-lhes que a Jacinta e o Francisco iriam em breve para o Céu. A Lúcia ficaria para estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria – e mostrou-lhes o seu Coração rodeado de espinhos. A 13 de Julho mostrou-lhes o inferno “para onde vão as almas dos pobres pecadores”.

Os três videntes de Fátima: Lúcia, Francisco e Jacinta fotografados em 1917, ano das aparições de Nossa Senhora.

A 19 de agosto a aparição deu-se no lugar dos Valinhos, a uns 500 metros de Aljustrel, porque no dia 13 as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Município para Vila Nova de Ourém.

No dia 13 de Outubro havia já uma multidão de cerca de 70 mil pessoas. Nossa Senhora disse-lhes que era a Senhora do Rosário e renovou o pedido de rezarem o Terço todos os dias. Pediu também que fizessem ali uma Capela em sua honra. Depois da aparição, durante cerca de 10 minutos, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em julho e setembro: o sol, parecendo um disco de prata que se podia fitar, girava sobre si mesmo como se fosse uma roda de fogo que fosse precipitar-se sobre a terra.

Desde então as três crianças viveram intensamente as indicações de Nossa Senhora. A Jacinta e o Francisco adoeceram e vieram a morrer pouco depois, oferecendo todos os seus sofrimentos pela conversão dos pecadores e para consolar Jesus. Lúcia ingressou mais tarde num convento de irmãs doroteias e depois no Carmelo de Coimbra, tendo morrido com fama de santidade no dia 13 de Fevereiro de 2005.

Jacinta e Francisco foram beatificados pelo Papa João Paulo II, em Fátima, no dia 13 de Maio de 2000.

João Paulo II referia-se a Fátima como “um sinal dos tempos que nos ajuda a ver a mão de Deus, guia providencial e Pai paciente e compassivo. (…) Peço-vos que, em nome de Nossa Senhora e por ela, digais”: «À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas nas necessidades; mais, livrai-nos sempre de todos os perigos, Virgem gloriosa e bendita»

São Josemaria em Fátima: maio de 1967

São Josemaria foi muitas vezes a Portugal e sempre passou por Fátima. A primeira visita a foi em 6 de Fevereiro de 1945 – dizia que “tinha sido a Virgem Santíssima que lhe tinha aberto as portas de Portugal”[1]. De facto, foi a pedido da irmã Lúcia, então a viver em Tuy, que veio a Portugal e, concretamente, a Fátima, em Fevereiro de 1945, quando não tinha planeado essa visita para tão cedo. Voltou depois por diversas vezes a este santuário mariano, impulsionado pelo seu grande amor a Nossa Senhora.

Em 9 de Maio de 1967, foi a sua oitava visita. Celebrava-se nesse ano, a 13 de Maio de 1967, o 50º aniversário das aparições de Nossa Senhora em Fátima aos três pastorinhos e o Santo Padre Paulo VI iria presidir às celebrações. A Igreja atravessava então uma fase difícil e São Josemaria rezava incessantemente para que se resolvessem os problemas que existiam, recorrendo à intercessão da Virgem Maria. Nesse ano saiu de Roma numa viagem de penitência e oração. Chegou ao santuário mariano de Lourdes a 22 de Abril. Aí invocou o auxílio e a proteção de Nossa Senhora. Rumando a Fátima, atravessou Espanha onde se encontrou com membros e amigos do Opus Dei, em reuniões de ambiente familiar, em várias cidades.

Em Fátima, 6/02/1945, com a mãe dos videntes Franciso e Jacinta Marto: Dom Álvaro del Portillo, padre Galamba, Josemaria Escrivá e Dom José López Ortiz

14 de Abril de 1970

Em 14 de Abril de 1970, ao pisar terra portuguesa, recordou o motivo da viagem: “estou rezando todo o dia, procurando falar continuamente com Deus servindo-me como Intercessora da Virgem Maria que é a Omnipotência Suplicante. Fiz estas viagens com o ânimo, com a simplicidade e com alegria de um antigo romeiro”. E referindo-se à terra portuguesa, exclamou: “Terra de Santa Maria, onde Ela quis deixar rasto do seu amor pelos homens. Venho uma vez mais a dizer-lhe que não nos abandone, que vele pela sua Igreja, que vele por nós”.

Depois rezou três Ave Marias pelo trabalho apostólico do Opus Dei em Portugal, como fazia sempre que entrava num país, e terminou invocando a Santíssima Trindade. Ao meio-dia e meia pararam no Buçaco para almoçar e depois seguiram rumo a Fátima. Rezaram nesta parte do caminho os mistérios gozosos. Numa confidência cheia de simplicidade comentou: “Antes não pedia. Vivia deste modo porque entendia que era melhor abandonarmo-nos confiadamente em Deus. Naqueles primeiros momentos era bom, porque assim se via que tudo era d’Ele. Agora penso, contudo, que devo pedir, e compreendo melhor toda a força destas palavras do Senhor: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Estou persuadido de que é preciso rezar muito, e quero pôr a minha oração nas mãos mil vezes benditas da Virgem Maria”.

Junto da estrada, antes de chegar à esplanada do santuário, esperava-o um bom grupo de fiéis do Opus Dei portugueses. Como em Torreciudad uns dias antes, descalçou-se para ir rezando, a pé, até à capelinha de Nossa Senhora. Passou um bom momento, e o Padre continuava descalço. Alguém quis evitar que fosse pelos lugares onde havia cascalho: Mas que grande coisa! – protestava -.Porque me descalcei! Isso faz o último camponês, e vem quilômetros e quilômetros, sem achar que faz muito. Eu percorri apenas uns metros, uma vergonha!

A visita a Fátima era de agradecimento. Acima de tudo, encontrava-se seguro e otimista; “hoje, aqui, com mais otimismo do que nunca”. A sua estada no santuário tornou-se-lhe curta; mas a sua oração havia sido longa, como explicava aos seus filhos quando se despediu: Procurei colocar, nos meus momentos de oração com Nossa Senhora, vivendo-os em silêncio, tudo o que tenho dentro de mim, tudo o que rezei nestes meses, e tudo o que os meus filhos terão rezado.

O fundador do Opus Dei em Fátima, no dia 2 de novembro de 1972

Chegou a Lisboa a 8 de Maio. No dia seguinte, logo de manhãzinha, seguiu para Coimbra. Aí visitou a irmã Lúcia no Carmelo dessa cidade). No início da tarde partiu para Fátima. Acompanhavam-no D. Álvaro del Portillo (seu primeiro sucessor), D. Javier Echevarría (atual Prelado do Opus Dei) e um pequeno grupo de sacerdotes e leigos[2]. O carro em que viajavam, dificilmente abria caminho por entre a multidão de peregrinos que iam a pé, pela mesma estrada, também para Fátima (não havia então rodovia até lá). De terço na mão, sob uma chuva miudinha, iam em verdadeiro espírito de penitência e oração, como ali pedira Nossa Senhora, 50 anos atrás. São Josemaria sentiu-se comovido com a Fé daquelas pessoas e ouviram-no dizer: “Deus vos abençoe pelo amor que tendes à sua Mãe”. Assim que chegaram a Fátima, dirigiu-se de imediato à capelinha e ajoelhou-se aos pés da imagem de Nossa Senhora. Com um recolhimento que nada fazia distrair, numa atitude em que transparecia o diálogo amoroso de um filho com a sua mãe, rezou – pedia-lhe pelas intenções da Igreja. Após alguns instantes dirigiu-se à Basílica para fazer a visita ao Santíssimo Sacramento. Escreveu depois alguns postais para o Papa e para os seus filhos (assim tratava os membros do Opus Dei) nos vários cantos do mundo onde já se encontravam.

Vinha abrir o caminho ao “doce Cristo na Terra” como gostava de chamar ao Santo Padre com palavras de Santa Catarina de Sena. Deixou Portugal a 12 de Maio para que os seus filhos e amigos se sentissem livres de ir também juntar-se ao Papa Paulo VI, nas celebrações do cinquentenário das aparições. Aí puderam ouvir o próprio Papa dizer, na homilia da Santa Missa celebrada no Santuário: “A nossa primeira intenção é a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. (…) O Concílio despertou muitas energias no seio da Igreja; abriu perspectivas mais amplas no seio da sua doutrina, chamou todos os seus filhos a uma consciência mais clara, a uma colaboração mais íntima, a um apostolado mais ativo. Desejamos firmemente que esses grandes benefícios e essa profunda renovação se conservem e desenvolvam. Que grande prejuízo seria, se uma interpretação arbitrária e não autorizada pelo Magistério da Igreja transformasse esse despertar numa inquietação dissolvente da sua configuração tradicional e constitucional, substituísse a teologia dos verdadeiros e grandes mestres por ideologias efémeras particulares, que querem eliminar da norma da fé tudo aquilo que mentalidades atuais muitas vezes privadas de luz verdadeiramente racional, não compreendem, não aceitam!”[3].

São Josemaria voltaria posteriormente mais vezes a pedir a intercessão de Nossa Senhora ali, no Santuário de Fátima, a última em 1972.

2 de novembro de 1972. Romaria a Fátima.

[1] Hugo de Azevedo, “Uma luz no mundo”, Lisboa, Ed. Prumo, 1988

[2] Manuel Martínez, Josemaria Escrivá, Fundador do Opus Dei: peregrino de Fátima, Lisboa, Diel, 2002

[3] Paulo VI, Homilia, Fátima, 13-V-1967