Quem crê não está nunca só

Após o nascimento da minha filha, em 2005, tive um problema de saúde.

Embora tratável, as complicações de natureza hormonal que gera e os valores altíssimos que tinha, tomaram a minha vida muito complexa, dolorosa e só. É que ninguém entende, nem nós mesmos, o que se está acontecendo conosco. Ao mesmo tempo, sentia-me intelectualmente insatisfeita. Decidi inscrever-me no Mestrado. Casada, com uma filha e à beira de um esgotamento, aparentemente era a decisão mais errada que podia tomar. Comecei por pensar que era um desafio e fui caminhando. Em todo esse processo, solitário, bom com a ajuda de uma excelente médica, a única pessoa que sabia o que eu estava passando, só podia recorrer a Deus. Sinto que alguma mão me conduziu, recorri à intercessão de S. Josemaria. Todos os dias pedia, que me desse força e conseguisse terminar a minha tarefa. Sabia que se o não fizesse agora, já não o faria. Consegui fazer o mestrado e com êxito. Quanto à saúde, passei a fase complicada, o meu problema de saúde crônico está controlado.

Um mês depois da discussão pública da minha tese, o meu pai é internado com uma forte dor abdominal. Estamos em finais de Fevereiro de 2010. Diagnóstico uma úlcera perfurante. Foi operado. Contudo, diagnosticaram-lhe um aneurisma da aorta abdominal com um diâmetro que implicava nova cirurgia, já que se rebentasse a morte era quase inevitável. O chão fugiu-me dos pés. Não sabia o que fazer. O meu pai estava se recuperando de uma operação de estômago, violenta, de urgência, com uma infecção violenta, num hospital que não tinha cirurgia vascular. Durante um mês adormeci e acordei pensando que perderia o meu pai, não estava preparada. Dirigi-me de novo para São Josemaria Escrivá. Não sabia a quem me dirigir, não é uma patologia conhecida, que saibamos onde recorrer. Os hospitais têm que estar preparados. Por outro lado, não sabia se era prudente andar com o meu pai, em recuperação, à procura de médico, a ficar em salas de espera, a andar de carro. Enquanto pensava e rezava, a mão de Deus, um amigo nosso ajudou-nos e falou com um médico conhecido dele. Era especialista na área. Uma semana antes da sexta-feira santa meu pai foi operado e o aneurisma resolvido. Tudo aconteceu no tempo certo, tenho a consciência que alguma coisa de sobrenatural se passou, porque cada passo que eu dava, por mais difícil que fosse, as portas abriam-se. E eu sentia, que algo me dizia: Confia!

M. S., Portugal