O Pe. Juan Luis O'Dogherty preparou-nos, dentro da coleção da editora M dedicada a retiros, o livro "Fazendo um retiro com... o Bem-aventurado Josemaría Escrivá".
Vejo nesta publicação um valor singular: mostra qual é a fonte do providencial desenvolvimento do Opus Dei, fundado por nosso Bem-aventurado. Esta fonte é a prioridade da vida interior, redescoberta em nossos tempos, que se manifesta numa total conversão a Cristo e ao Evangelho, e numa fidelidade cada vez maior a esta atitude vital.
O cristão, sendo, pela força e pelo amor de Cristo, sal da terra e luz do mundo, só cumprirá a esperança que nele deposita o Redentor se for cada vez mais fiel à sua identidade, isto é -de acordo com a imagem evangélica - se for cada vez mais sal e luz. Exposto constantemente à perda desta identidade, e a tornar-se sal insípido e luz fátua, cumprirá a sua missão e o sentido da sua vida cristã na mesma medida em que se dirija aoseu mais íntimo, que é Cristo que vive no homem, Cristo que o compromete na Sua obra, que é a salvação do mundo. Como não recordar agora as palavras que João Paulo II, no começo do século XXI e do novo Milênio, dirigiu à Igreja. "Mar adentro! Duc in altum!": confia no mistério salvador da vontade de Deus, que deseja dar os tesouros de sabedoria e amor encerrados no mais profundo do seu coração, que deseja repartir a riqueza da sua misericórdia.
Esta conversão profunda, este constante oferecimento das suas riquezas a um mundo ansioso pela salvação (ainda quando a ignore ou a negue), é um traço essencial da realidade apostólica que constitui o Opus Dei, entregue pelo Bom Deus através do Bem-aventurado Josemaría para a salvação do mundo. Os seus membros, como aqueles pescadores galileus, são pessoas que vivem no mundo como cristãos coerentes e competentes profissionais. Contribuindo com a eficácia humana do seu atuar, não caem na rotina, mas vão à frente das descobertas da ciência e da técnica, da arte e do saber. No entanto, contribuem com algo indescritivelmente maior! Pois no íntimo dos seus corações levam a Palavra de Deus, viva, sábia e poderosa, que não substitui as forças humanas, mas que dá sentido ao trabalho humano, à criatividade e à vida humanas, dirige o para Deus e para o homem, adverte dos caminhos falsos e superficiais, da simplificação e do descuido do " mais importante".
As horas trágicas da história da humanidade recordam-nos constantemente que, sem isto, a civilização humana se converteria numa civilização de ódio, morte e falsidade.
Desejo que "Fazendo um retiro com... Josemaría Escrivá" ajude a viver com profundidade a plenitude da vida de Cristo, para nossa salvação e a de todo o mundo.
Franciszek Macharski, Cracóvia 20.IX.2001