Natalia López Andrés e Cristina Natal Gorgojo, cientistas do Centro de Pesquisa Médica Aplicada (CIMA) da Universidade de Navarra, juntamente com outros 9 navarros, procuravam numa agência de viagem um lugar para passar as férias. Ainda não tinham considerado a hipótese de um país em desenvolvimento, mas decidiram experimentar e compraram passagens para Gâmbia. A viagem durou toda a primeira semana de dezembro.
Antes da data da partida, procuraram informações sobre o país na Internet e descobriram a ONG "Cores da África". "Esta organização pede aos turistas que levem a Gâmbia coisas que a população necessita. Aceitamos a proposta. Ao invés de encher as mala com roupas, preferimos levar material escolar e remédios", explica a bióloga Natalia López.
"Pedimos ajuda aos nossos amigos e também aproveitamos o material que nos dão em congressos e outros eventos. Além disso, a mãe de um companheiro de laboratório tem uma farmácia e deu-nos medicamentos", afirma Cristina, formada em bioquímica.
O sorriso da África
Alojaram-se em Serekunda, cidade situada no oeste do país, mas visitaram, com a ajuda de dois guias, escolas e creches em regiões com um alto índice de pobreza. Também foram a uma das zonas mais carentes: Jinek. Apesar da miséria, tanto Natalia como Cristina afirmam que Gâmbia "é um país diferente" e sublinham, sobretudo, "a vontade de viver da população". "Chamam Gâmbia o sorriso da África e pudemos comprovar que é verdade. As pessoas são fantásticas e apesar da sua pobreza são muito, muito generosas. Fizeram-nos refletir muito", comenta Cristina.

As duas pesquisadoras trabalham no laboratório de Hipertensão e Metabolismo da área de Ciências Cardiovasculares do CIMA na Universidade de Navarra. Depois dessa viagem solidária, decidiram repetir a experiência e passar a próxima Semana Santa em Gâmbia. "Voltaremos com outra mentalidade, porque conhecemos o país. Desta vez, levaremos mapas-mundi, quadro-negro e giz, coisas que as crianças não têm acesso...". Os nove amigos que acompanharam-nas na primeira viagem também estarão presentes. Atualmente, todos buscam apoio para Gâmbia: "Quando voltamos, as pessoas nos disseram: Agora, vocês são embaixadores do nosso país", recorda Natalia.
A seguir, apresentamos um texto publicado no "Diario de Navarra" que conta como vão os preparativos para a viagem:
15 toneladas para Gâmbia

Natalia López Andrés (27 anos) e Cristina Natal Gorgojo (30 anos) conheceram Gâmbia em uma viagem entre os dias 30 de novembro e 7 de dezembro. Desde então, essas duas pesquisadoras do CIMA da Universidade de Navarra só pensam em buscar recursos humanos e econômicos para ajudar os habitantes do país conhecido como o sorriso da África.
No dia 22 de janeiro, um leitor do Diario de Navarra, que vira uma reportagem publicada dois dias antes sobre a viagem das jovens a Gâmbia, chamou-lhes para fazer uma oferta irrecusável.
Solidariedade anônima
"Disse-nos que preparara um container com 15 toneladas de material cirúrgico, remédios, roupa, calçados e comida. Dava-nos para que o enviássemos a Gâmbia. Contou-nos que, todos os anos, reúne material para dá-lo a alguma ONG. Estivemos com ele e visitamos o armazém onde guarda o container, mas não quer que ninguém saiba sua identidade. Agora cabe a nós correr atrás do dinheiro para mandar o container para a África".
O transporte de barco e caminhão custará 6.000 euros. "Em Gâmbia, não há caminhões suficientemente grandes para transportar 15 toneladas. Teríamos que alugar um no Senegal e levá-lo a Gâmbia", afirma López.
Chegada em Gâmbia no dia 5 de abril
López e Natal previram que tanto elas como o container chegarão a Gâmbia no próximo dia 5 de abril. "O container será enviado 15 dias antes para que chegue junto conosco. Ainda não confirmamos quantos irão, mas seremos muitos porque, além de várias pessoas de Navarra, País Basco, Saragoça ou Madri que conhecemos em Gâmbia e com as quais mantemos contato, diversos companheiros do CIMA disseram-nos que querem ir", atesta López, cheia de entusiasmo.

Para conseguir os 6.000 euros, as duas jovens iniciaram uma campanha no dia 22 de janeiro. "Abrimos uma conta na Caja Navarra com o nome O sorriso da África para receber doações. Também imprimimos cartazes e colocamos em toda Pamplona e enviamos aos nossos conhecidos para que mostrem a mais gente".
Barça e Osasuna
Natalia López é uma fiel torcedora do Barcelona. Não pensou antes de pedir ajuda ao seu time favorito. "Em Gâmbia, havia muitíssimos garotos com a camiseta do Barça e tirei fotos com todos. Tive a idéia de mandá-las ao clube para ver se podiam enviar-nos camisetas e bolas para que os levemos a Gâmbia. Surpreendentemente, responderam-nos no mesmo dia. E como o time veio a Pamplona para jogar contra o Osasuna, encontramo-nos com representantes do clube que trouxeram o material".
Por sua vez, o clube navarro, através da Fundação Osasuna, também respondeu com um sim ao pedido das duas cientistas para que também doassem camisetas e bolas para Gâmbia.
Cursos solidários
Mas as idéias de López e Natal não terminam aí. Essas duas jovens também conseguiram envolver várias entidades desportivas no projeto. Elas organizarão cursos solidários para arrecadar os 6.000 euros. "O Spinning Club organizará em março na A. D. San Juan, no Polideportivo de Berriozar e no ginásio León de la Rochapea cursos solidários de spinning.
Também enviamos um convite a todos os monitores de spinning da Espanha animando-os a realizar o mesmo evento e, até o momento, já recebemos apoio de Saragoça", afirmou López, que acrescentou: "Estamos muito ocupadas com todos os preparativos. Quando saímos do trabalho, passamos o dia inteiro mandando e-mails, falando ao telefone e encontrando pessoas para contar-lhes sobre o projeto. Mas sabemos que todo o nosso esforço é pouco. Em Gâmbia, trataram-nos com muitíssimo carinho e amabilidade. Sabemos como vivem ali e não podemos deixar de ajudá-los".