Bento XVI quis visitar o Presidente da República italiana para retribuir a visita que o Presidente Ciampi fez anteriormente ao Vaticano. O Santo Padre saiu do Vaticano às 10h30 em um automóvel conversível. Logo que saiu, na Praça Pio XII, foi saudado por uma delegação do governo italiano encabeçada pelo ministro de Assuntos Exteriores, Gianfranco Fini. Bento XVI parou uma segunda vez na Praça Venezia, próximo da Prefeitura de Roma, onde foi saudado pelo prefeito, Walter Veltroni. O Papa chegou às 11 horas no Quirinale, onde o Presidente Ciampi foi recebê-lo. Uma vez dentro, saudou os presidentes anteriores Francesco Cossiga e Oscar Luigi Scalfaro, como também os presidentes da Câmara de Deputados e Senado e o Primeiro-Ministro, Silvio Berlusconi. Entre os representantes da Santa Sé, encontrava-se o Secretário de Estado, Cardeal Angelo Sodano.
A visita atual é a oitava de um Papa ao Quirinale desde a assinatura do Pacto Laterano. A primeira foi a de Pio XII em 1939. João Paulo II esteve três vezes ali: em 1984, 1986 e 1998.
Em resposta à saudação do Presidente Ciampi, o Papa pronunciou seu discurso. Bento XVI assegurou aos cidadãos romanos e a toda a nação italiana seu "compromisso de trabalhar com todas as forças pelo bem religioso e civil daqueles que o Senhor confiou ao meu cuidado pastoral".
O Santo Padre recordou que as relações entre a Igreja e o Estado italiano "baseiam-se no princípio fundamental enunciado pelo Concílio Vaticano II de que "a comunidade política e a Igreja são entre si independentes e autônomas em seu próprio campo. No entanto, ambas, ainda que por diferentes títulos, estão a serviço da vocação pessoal e social das mesmas pessoas".
"Por isso – continuou –, é legítima uma sã laicidade do Estado em virtude da qual as realidades temporais regem-se segundo suas próprias normas, sem excluir, no entanto, as referências éticas que encontram seu fundamento último na religião. A autonomia da esfera temporal não exclui uma íntima harmonia com as exigências superiores e complexas que derivam de uma visão integral do ser humano e de seu destino eterno".
Vida, família e educação
Bento XVI manifestou o desejo de que o povo italiano "não somente não renegue o patrimônio cristão que faz parte de sua história, mas sim que o conserve para que siga produzindo frutos dignos do passado. Confio em que a Itália, sob a guia sábia e exemplar daqueles que estão chamados a governá-la, continue desenvolvendo no mundo a missão civilizadora que a caracterizou ao longo dos séculos. Em virtude de sua história e de sua cultura, a Itália pode aportar uma contribuição muito válida, em particular na Europa, ajudando-a a voltar a descobrir aquelas raízes cristãs que a fizeram grande no passado e que podem favorecer ainda hoje a unidade profunda do continente".
O Papa sublinhou que, entre as numerosas preocupações do início do pontificado – que "têm que interessar também aos responsáveis da administração pública" –, incluem-se "o problema da tutela da família fundada no matrimônio, como é reconhecida pela Constituição italiana, o da defesa da vida humana (...) e o da educação".